CRUZEIRO, BRASILEIRO E FUTURO

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Com quase 1/4 do Brasileiro disputado, é evidente que a campanha do Cruzeiro no Brasileiro decepciona e não dá pra dissociar o alto investimento feito no elenco (com dinheiro que o clube nem tem e que lá na frente pagaremos o preço). O foco nas Copas não pode servir de muleta pra essa 14ª posição. Ainda que nessas 8 rodadas tenhamos enfrentado, fora de casa, quatro adversários difíceis (Flamengo, Internacional, Fluminense e São Paulo) o desempenho preocupou.

É evidente que a prioridade da diretoria e comissão técnica são os mata-matas. Concordo que é preciso ter um foco e que é humanamente impossível disputar com a mesma força mental três competições ao mesmo tempo, só que pelo elenco montado e até aqui termos enfrentado apenas o Fluminense pela Copa do Brasil (onde passamos no sufoco), a muleta de “foco” não pode ser utilizada. Não tivemos nenhuma outra competição simultânea durante todo este período das 8 rodadas e sim um desempenho oscilante, uma defesa fragilizada e até um rendimento físico questionável. Ainda assim, as atuações diante de São Paulo, Fluminense (2T) e Corinthians são um alento de uma suave melhora que ainda precisa de ajustes. Antes, nem criar estávamos conseguindo e sofríamos muitos gols. Agora, pelo menos, já é possível ver um crescimento no trabalho ofensivo e no último jogo passamos sem sofrer gols. Com 33,3% de aproveitamento (menos de 39,6% já é aproveitamento de Z4) é preciso somar pontos. O último jogo contra o Fortaleza (17º colocado, 7 pontos), fora de casa, pode nos colocar na zona de rebaixamento em caso de empate ou derrota. Há um ano sem vencer fora de casa, o último triunfo justamente no Ceará, enfrentando a equipe homônima da cidade, passou da hora de encerrar esse tabu.

Durante a pausa pra Copa, Mano precisa focar na recuperação física dos atletas (maioria do time titular passou dos 30 anos, o que requer mais cuidado) e ajustes táticos. Pessoalmente, não acredito que teremos grandes novidades, mas talvez haja uma nova tentativa de encaixar Rodriguinho e Thiago Neves, já que Mano aventou essa possibilidade ressaltando utilizar Rodriguinho mais próximo do gol. Além disso, é necessário ajustar o posicionamentos dos volantes que constantemente deixam a última linha no mano a mano, principalmente quando enfrentamos equipes rápidas no ataque. Contra o Fluminense ficou evidenciado a dificuldade do time em marcar alto, pois há uma clara dessincronização entre a linha dos médios e defesa. Quando o atacante e os meias sobem junto com os volantes, a defesa não acompanha, deixando um buraco no meio que facilmente pode ser explorado pelo adversário. Henrique e Cabral, juntos, não possuem a dinâmica necessária para proteger o funil e, por isso, estamos sofrendo tantos gols.

Ainda sem clube após rescindir na China, Ramires é sempre lembrado pelo torcedor celeste. Benfica segue de olho no volante. Foto: Reprodução/Twitter

Não precisamos de grandes contratações, mas um volante é necessário. Seja indo ao mercado, onde Ramires (32 anos) é o grande favorito do torcedor, ou dando espaço pra jovens da base como Ederson, o setor carece de novas opções. Lucas Silva está com seu futuro indefinido e a chance de não permanecer é grande, Lucas Romero está quebrando o galho na lateral direita e, quando jogou junto com Henrique, o time apresentou sérios problemas de saída de bola. Jadson, o menos badalado, não parece fazer parte dos planos do técnico para atuar por ali. Sendo assim, não há outro caminho. Precisamos de um volante capaz de atacar e defender com intensidade, além de oferecer opção na saída de bola do time, atualmente muito lenta e previsível.

Outro aspecto importante a ser melhorado é a intensidade da equipe com a bola. O Cruzeiro parece confortável em especular com o empate, muitas vezes deixando de agredir o adversário e administrando o jogo conforme o tempo vai passando. Contra o Corinthians foi assim durante todo o primeiro tempo, com os jogadores partindo pra cima só na segunda metade do 2T. Esperamos que o último jogo antes da pausa seja para reencontrar o caminho das vitórias – que não aparecem há 8 jogos – e retomar a confiança. Não podemos novamente apostar tudo nas Copas, ficando tão distante do G6 (atualmente, 6 pontos nos separam do Bahia) e correndo o risco de, caso aconteça uma eliminação, não conseguir nem Libertadores no próximo ano. O investimento foi alto e a premiação do Brasileiro é valiosa.

#MeDibre

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