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Cruzeiro contesta “rescisão indireta” de Fred e solicita Wagner e Itair como réus solidários no processo

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FOTO: BRUNO HADDAD / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.

O Cruzeiro contestou na manhã desta quarta-feira (15) a decisão judicial de rescisão indireta do atacante Fred, hoje no Fluminense. A informação inicial foi dada pelo portal Esporte News Mundo e confirmado por nossa reportagem. O contrato, que veio a ser um dos mais lesivos ao clube diante da tragédia administrativa, foi assinado na gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá e determinava pagamentos na casa dos R$1 milhão por mês, além de diversas benesses como premiações por metas alcançadas, ingressos para camarote e camisas oficiais do clube.

A contestação do clube diante da decisão de “rescisão indireta”, que acabou por liberar o jogador que explicitamente desejava retornar ao Fluminense, traz questionamentos sobre a postura do atleta diante de fatores como o atraso de pagamentos como salários e FGTS – que já ocorriam desde abril de 2018 – mas que nunca tinham sido motivo para solicitar a quebra do contrato de forma litigiosa na justiça.

Na referida defesa que tivemos acesso, feita pelo escritório Ferreira & Chagas, parceiros do clube na atual gestão do presidente Sérgio Santos Rodrigues para lidar com os processos de ordem trabalhistas, é dito que a rescisão só se justificaria se “o ato faltoso praticado pelo empregador for grave ao ponto de tornar-se insuportável a manutenção do vínculo de emprego, o que certamente não ocorreu (…)” e parte daí a ideia de que o atleta poderia ser reintegrado ao quadro de funcionários do clube. A contestação traz diversas reportagens que apontam o desejo do atleta em sair do clube e vestir novamente a camisa do tricolor carioca, mesmo com contrato vigente com o Cruzeiro.

Com a alegação de que o Cruzeiro teria sido vítima de “gestão temerária”, a contestação também pede que o ex-presidente Wagner Pires de Sá e o ex-vice presidente de futebol Itair Machado respondam de forma solidária no processo. Inclusive, citando que o ex-presidente teria alterado o estatuto do clube de forma irregular para criar a figura do vice-presidente não eleito e remunerado, além de criar uma procuração de plenos poderes a Itair Machado – informação trazida na época em primeira mão pelo DMD.

A ideia de suspender o vínculo com Fred e restabelecer o contrato com o Cruzeiro é para poder negociar com o atleta um distrato que não fique extremamente oneroso ao clube, uma vez que atualmente o jogador cobra valores que podem chegar aos R$70 milhões – algo impagável nas atuais circunstâncias do clube, que apresentou em seu último balanço um deficit de quase R$400 milhões e luta para pagar dívidas que podem causar prejuízos desportivos junto à FIFA.

A própria  cláusula 9.2 do contrato, que estipula uma compensação de R$50 milhões em caso de rescisão, é vista como uma forma de “enriquecimento ilícito” pela contestação apresentada do clube, uma vez que partiu do próprio Fred o desejo de encerrar o vínculo com o clube. No total, a defesa do clube tem 90 páginas. 

Fred jogou 69 partidas em sua segunda passagem, marcando 25 gols. Uma passagem marcada pela grave lesão sofrida no início de 2018 e pelo baixo rendimento do atleta em 2019, que não conseguiu ajudar de forma efetiva o clube a se livrar do rebaixamento para a série B do campeonato brasileiro.