Cruzeiro e Minas Arena tem versões diferentes na questão do público para a partida contra o Brusque

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FOTO: IGOR SALES / FLICKR / CRUZEIRO

Na manhã desta segunda-feira (08), em entrevista para o programa 98 Esportes (Rádio 98), o diretor comercial da Minas Arena, Samuel Lloyd, deu a versão da empresa que administra o Estádio Mineirão, sobre a polêmica venda de ingressos para a torcida cruzeirense para a partida da próxima terça-feira (09) diante do Brusque, pela 35ª rodada da série B do Campeonato Brasileiro.

O diretor começou falando sobre como foi a negociação com a diretoria do Cruzeiro para a partida:

A Minas Arena vive de eventos. A Minas Arena se remunera através de vendas de ingressos. Então quem está falando aqui com vocês é quem mais deseja casa cheia, sempre! É disso que a gente vive! Então, nosso sonho sempre foi trazer o Cruzeiro de volta, de volta para sua casa, lugar que nunca deveria ter saído. Mas, foi opção do próprio clube, que preferiu, neste ano, durante a pandemia, jogar em arenas que obviamente têm custos mais baixos, pois são espaços muito menores. Então, essa foi uma decisão do Cruzeiro, que nos entendemos.

Depois que começamos a ter alguns jogos do Cruzeiro, neste ano, no Mineirão, foi um esforço mútuo para fazer equalizar estas partidas, entendendo que o estádio é importante na vida do Cruzeiro e que o torcedor gosta dali. Porém, nós não tínhamos nenhum acordo com o Cruzeiro da volta de jogos com público. Tivemos aquele, Cruzeiro e Confiança, que foi um jogo bem polêmico em função do início da reabertura. Aquele jogo não deu um resultado positivo para o time, em termos de receita (o Mineirão recebeu cerca de 4 mil torcedores naquela data). Então eu acredito, numa visão, leitura minha mesmo, que isso tenha desencorajado a diretoria cruzeirense a assumir outros compromissos, por conta do custo do Mineirão, pois a torcida não compareceu como se esperava.

Bom, na semana passada, com início de uma movimentação nas redes sociais, uma pressão da torcida, a coisa começou a tomar corpo e perceberam que valia a pena voltar ao Mineirão, porque a torcida compareceria. Começamos uma conversa com o Cruzeiro sobre isso, mas, a expectativa de ambos os lados, tanto do Cruzeiro, quanto da Minas Arena, era que fosse um jogo inicial de 7 mil pessoas. Abriu a venda, o movimento aumentou, passamos para 22 mil pessoas. Precisamos abrir mais um setor, aumentamos para 35 mil pessoas. Só, que este evento acontece um dia antes de um outro evento que está contratado, há muito tempo, e que terá casa cheia. A Minas Arena cumpre seus contratos. Nos temos um contrato, há meses, assinado com o Atlético, que garante todos os jogos do clube, no estádio. Portanto, eu preciso estar com a operação pronta para receber, para o cumprimento do compromisso que já está assinado. Nós não temos, até o momento, um contrato assinado com o Cruzeiro. Nós começamos a negociar, na semana passada, e estamos em via de assinatura de um contrato. Mas este contrato e esta proposta, sempre foram limitadas ao que a gente dá conta de suprir como operação.

Quando questionado, então, do motivo para que a operação na partida do Cruzeiro não fosse viável para carga máxima no estádio, mas do Atlético no dia seguinte sim, Lloyd explicou:

A pandemia desestruturou o mercado de eventos. Eu não sei se isso é claro para as pessoas, mas ninguém conseguiria ficar parado, sem trabalhar, por 18 meses. Estamos falando dos seguranças, do pessoal do buffet, limpeza… essas pessoas que trabalhavam com frequência no Mineirão, com jogos e eventos, arrumaram outros trabalhos. O mercado de eventos foi o mercado mais prejudicado pela pandemia! Agora nós estamos sofrendo com as consequências disso.

Assim, nós não temos condições de voltar com o público no estádio (100% de ocupação) em dois dias seguidos. Terça-feira e quarta-feira. Se o jogo do Atlético fosse na quarta e o do Cruzeiro no domingo, sem problema nenhum, casa cheia, eu quero mais é que venda tudo. O problema que a gente tem é que, teve o jogo do domingo (ontem), tem o jogo da terça e tem o jogo na quarta.

A gente já fez isso antes? Já! Se estivéssemos em 2019, “apertaríamos um botão” e a operação estaria pronta. Hoje não é assim! Nosso banco de dados, só de “seguranças”, por exemplo, tem 600 pessoas cadastradas. Isso significa que precisamos dessas 600, em um jogo de 60 mil pessoas. Preciso de todas elas no estádio. A gente manda uma convocação, mas essas pessoas têm outros trabalhos na vida. Não é todo mundo que vai. O que estamos percebendo é que, como não temos mais a frequência, temos uma quebra de cerca de 30% deste número. Nós não temos a garantia, de que conseguiríamos manter a segurança dos dois jogos, em função do efetivo que temos hoje cadastrado, em disponibilidade! Então, a grande questão hoje, é esta: – falta de recursos humanos para a segurança, para a limpeza, para o brigadista.

Lloyd ainda afirmou que a dívida que o Cruzeiro possui com a administradora do Mineirão, não tem nenhuma relação com o problema para esta partida.

Resposta cruzeirense

Ainda, durante o programa, o Diretor de Marketing e Inovação do Cruzeiro, Rodrigo Moreira, também falou sobre o caso, mostrando as expectativas do clube:

O Cruzeiro espera, precisa e quer que a nossa torcida possa lotar o estádio. Essa é a intenção nossa! O Cruzeiro desde a última sexta-feira (05), quando a gente foi informado que não era possível fazer o aumento da liberação, e a gente fez de tudo, ligou para a empresa de segurança do Mineirão – a gente ligou para o presidente desta empresa e até quem ligou foi o nosso CEO – para que conseguíssemos com ele essa liberação do pessoal para que pudéssemos aumentar a expectativa de público. Nessa conversa, com o André, presidente da BROMO, ele assumiu a responsabilidade com o Cruzeiro de que o efetivo não seria o problema. Depois, em conversa com o pessoal do estádio e outras pessoas, não só o Samuel, nós fomos informados de que isso não seria suficiente. Mas o Cruzeiro correu atrás de todas as possibilidades, que seriam até do Mineirão, para que conseguíssemos resolver o problema. Volto a repetir: entendo que o Mineirão, por diversas vezes, tentou resolver o nosso problema, mas o Cruzeiro só existe pela sua torcida. Não existe a condição de jogar no Mineirão com pouco público, por isso fomos para o Independência. A volta para o Mineirão precisa ser adequada a uma capacidade maior de público. E essa é a intenção do Cruzeiro.

Quem também se pronunciou nesta segunda-feira, foi o presidente do clube, Sérgio Santos Rodrigues.

Foto: Gustavo Aleixo / Cruzeiro

O mandatário se mostrou completamente contrariado com o ocorrido, além de fazer cobranças por uma maior isonomia:

O Cruzeiro, toda sua diretoria e sua torcida também, conforme manifestado através das redes sociais, manifesta toda sua indignação com a situação a qual estamos sendo submetidos, em relação a capacidade de público para a partida diante do Brusque, na próxima terça-feira. Nunca foi esse o combinado, de que teríamos o jogo para 7 mil (torcedores). Iniciou-se uma carga de 7 mil, que era a média que a gente vinha colocando de público antes, mas sempre com o compromisso de aumentar, à medida que a gente conseguisse efetivar vendas.

Essa questão da segurança nos deixa completamente perplexos, pois apenas na semana passada que foi liberada o público de 100%, salve engano na terça-feira, que esse decreto foi publicado. E tanto no dia seguinte (contra o Grêmio), quanto ontem (contra o América), nosso adversário local aqui, colocou o Mineirão cheio, lotado. Então não tem sentido um argumento desse, da necessidade de 10 dias, já que para a outra parte precisou de muito menos.

Então, queremos isonomia, o Mineirão é o equipamento do povo mineiro, um estádio feito prioritariamente para ter jogos de futebol e esse é o objetivo que tem de ser cumprido. Então, vamos continuar lutando com força, para que isso aconteça e que a gente consiga colocar nosso público, nossa torcida, com mais presença lá amanhã!

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