FOTO: BRUNO HADDAD / CRUZEIRO E.C. / FLICKR OFICIAL
Caro leitor, você provavelmente já ouviu falar de uma série bem famosa criada para Netflix que retrata o dia a dia de Frank Underwood, um político ambicioso que para atingir seus objetivos é capaz de qualquer articulação para chegar ao poder. Se você ainda não viu, mas gosta desses tramas, conchavos e negociatas, recomendo assistir. O título desse texto nada mais é do que uma brincadeira fazendo alusão a série para retratar o momento que vive o Cruzeiro nos bastidores. Zezé Perrella, nosso “Frank Underwood”, protagonizou uma espécie de “Cruzeiro of Cards”, um sinal de que, no fim, o sistema sempre dá um jeito de se proteger. Como diria Capitão Nascimento: “o sistema é foda, parceiro”.
Inicialmente, haveria uma reunião no dia 21/10 no Dayrell Hotel & Centro de Convenções onde os conselheiros votariam pelo afastamento da chapa vencedora do último pleito, composta por Wagner Pires, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata. Essa decisão foi, de certa forma, revista na última sexta-feira, quando Zezé Perrella em articulação com Wagner Pires assumiu o futebol até o fim do ano, condicionando a renuncia do atual presidente e seus vices para que o Conselho Gestor fizesse a transição até dezembro, antecipando as eleições tendo Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH, como candidato favorito pra assumir o clube. Lembram-se da reunião? Então, ela seria mantida caso os vices se recusassem a assinar tal renúncia. Na última quinta-feira, o hotel relatou ameaças num bilhete junto a uma pedra que foi arremessada contra o vidro da fachada e, por esse motivo, desistiram de ceder o espaço para a assembléia.
Bilhete com “ameaça” que foi atirado junto a uma pedra na fachada do hotel. (Foto: Reprodução)
A curiosidade do bilhete com essa ameaça “contra” a reunião se dá justamente pelo fato da ampla maioria da torcida ser a favor do afastamento dessa chapa, o que causa certa estranheza. Também é muita coincidência que o Presidente do SINDHORB (Sindicado dos Hotéis, Bares, Restaurantes e similares de BH), Paulo Cesar Marcondes Pedrosa, seja membro do Conselho Fiscal que foi eleito apoiado por essa gestão. Por fim, na mesma quinta-feira o clube soltou uma nota esclarecendo que Wagner Pires será mantido até o fim do seu mandato, com o presidente do conselho Zezé Perrella assumindo o futebol até o fim de dezembro de 2020 com total poderes. Além disso, foi criado um conselho gestor formado por 6 conselheiros. Três indicados pelo Wagner (Hermínio Lemos, Célio Elias e Zezé Franelli) e três por Zezé (Giovanni Baroni, Darci Martins Fraga e Jarbas Matias dos Reis). Uma sinalização de que tudo acabou em pizza e um grande acordão foi feito para tocar o clube numa espécie de parlamentarismo.
Se havia uma esperança de mudanças profundas dentro da política do clube, creio que ficaram em segundo plano, mas algumas coisas chamam a atenção. Uma delas é que o presidente assume, publicamente, que será meramente uma figura decorativa. Todo mundo sabia que quem mandava era Itair Machado, mas de certa forma era velado. Agora fica escancarado. Essa é a parte boa. Ao menos tiraram a caneta da mão do pior dirigente que passou pelo Cruzeiro. O que me causa espécie é o porquê de um apego tão grande a um cargo num local que o próprio Wagner chamou de “bagaço da laranja”, já que será apenas um figurante daqui pra frente. O que o prende lá? Nunca saberemos. Outro ponto é a chegada de Zezé como salvador da pátria. Não se esqueçam que o mesmo estava lá desde o começo do mandato desse pessoal, seu filho chegou a trabalhar dentro do clube e ele só se manifestou quando o resultado em campo deixou de aparecer. É evidente que como gestor sua capacidade é infinitamente superior a dessa diretoria, porém essa proximidade de quem até outro dia se dizia oposição me causa estranheza.
Torcedor, siga atento ao que acontece nos bastidores do clube. Mantenha-se crítico e não acredite em salvadores da pátria. Quem colocou o Cruzeiro nessa situação continua lá, ainda que agora haja uma pequena evolução já que o futebol saiu da mão de Itair Machado (e ele, saiu mesmo do clube? onde está sua rescisão?). Bastou colocar somente duas pessoas ditas de “oposição” no conselho gestor para mudar tudo de errado que ocorre no clube? Aguardemos se os cargos muito bem remunerados de conselheiros na campestre e na Toca I serão extintos ou reajustados, pois o clube precisa ser sanado. O mais importante é tirar o Cruzeiro dessa situação o mais rápido possível. Contudo, nunca se esqueçam das pessoas que fizeram isso contra a Instituição. O clube precisa de paz, mas também de gente séria e comprometida com ele. Fiquem atentos e aguardemos os próximos capítulos.
#MeDibre