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Cruzeiro

De R$385 milhões para R$354: o real balanço do Cruzeiro de 2018

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FOTO: BRUNO HADDAD / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.

Nas últimas horas, tivemos acesso ao balanço auditado e refeito do Cruzeiro durante o primeiro ano do mandato do ex-presidente Wagner Pires de Sá. O “rombo” aos cofres do Cruzeiro não só aumentou significativamente, como mostrou em primeira mão o jornalista Gabriel Duarte, do portal globoesporte.com (clique aqui e veja a matéria) como apresentou surpresas nada agradáveis e que ainda podem piorar, se contabilizado e auditado também as contas de 2019.

O valor total da dívida saltou de R$385 milhões para R$534mi, gerando um déficit 170% maior do que o apresentado no último documento. A raposa terminou 2018 devendo quase R$74 milhões, um déficit absurdo e que coloca em risco a permanência do Cruzeiro no PROFUT – o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro – que garante benefícios fiscais, parcelamento de dívidas tributárias e outros incentivos, no qual o clube faz parte desde 2015. Pra se ter ideia, a título de comparação, ao final de 2017 o déficit do Cruzeiro ficou em quase R$17 milhões.

Entre os diversos valores apresentados no balanço, chama atenção a dívida que o Cruzeiro tem em relação a salários e vencimentos atrasados (tanto com atletas, quanto com funcionários) além do FGTS. Somados, chegam a quase R$33 milhões de reais num valor atualizado.

Outro ponto que contribuiu significativamente pra agravar a crise financeira do clube é o excesso de empréstimos e financiamentos com instituições financeiras realizados na gestão de Wagner Pires de Sá, além de adiantar os valores referentes à cota de televisão no período entre 2019 e 2022. Só nesse aspecto, os valores chegam aos R$97 milhões, além dos juros incorridos só em 2018 em quase R$15 milhões.

O novo balanço tem diversos aspectos ainda a serem observados e que necessitam de mais cuidado e análise. É importante ressaltar que dívidas com passivos judiciais (cíveis e trabalhistas) também aumentaram, assim como a dívida com clubes nacionais e estrangeiros – incluindo, inclusive, as dívidas que figuram na FIFA. Algumas alterações foram feitas, como a venda do meia uruguaio Arrascaeta, que constava anteriormente em 2018, mas não foi considerada pela auditoria, entrando assim apenas no balanço de 2019.

A realidade do clube é ainda pior devido ao grave ano de 2019. Apesar de algumas considerações já terem sido mostradas nesse novo balanço, como a venda de atletas e dívidas pagas através de compensação – caso de Mancuello (Flamengo) e Pisano (Independiente) – com as vendas de Arrascaeta e Lucas Romero, respectivamente, se estima que, hoje, a dívida do clube esteja na casa dos R$800 milhões – podendo chegar a R$1 bilhão num cenário menos otimista e mais caótico.

Parecer da auditoria: 

De cara a empresa Oliveira Mendes, responsável pela auditoria, mostra o panorama geral ao diagnosticar o clube em uma “Incerteza Relacionada a Continuidade Operacional” dando ênfase à possível perda do PROFUT por parte do clube, além das investigações que ocorrem tanto nas polícias quanto no Ministério Público de Minas Gerais.