A diretoria do Cruzeiro trabalhou após o fim do Campeonato Brasileiro para encontrar um novo técnico para o projeto. Depois das tratativas com os argentinos Gabriel Milito e Fernando Gago, este último a primeira opção, mas que acabou acertando com o Chivas-MX devido a uma proposta financeira superior, a direção finalmente chegou ao nome de Nicolás Larcamon. O argentino de 39 anos é pouco conhecido em seu país e dirigiu apenas seis clubes na carreira, com passagens por Venezuela, Chile e México, onde obteve sucesso em equipes de menor orçamento.
Trajetória
Larcamón deixou seu país natal antes de se destacar nos clubes locais. Seu início como técnico ocorreu nas categorias de base de Nueva Chicago, onde depois foi promovido a auxiliar técnico de Alejandro Nanía entre 2014 e 2015. Foi somente em 2016, na Venezuela, com o Deportivo Anzoátegui, que ele teve sua primeira experiência como treinador em um clube profissional.
Aos 31 anos, assumiu o Deportivo Anzoátegui durante a temporada de 2016, quase conquistando o título. Alcançou o vice-campeonato do Torneio Apertura, ficando com o vice após empatar em 1 a 1 com o Zamora na ida e perder na volta por 3 a 1. No Clausura, terminou o campeonato em 8º lugar entre 20 clubes após 19 jogos, com nove vitórias, dois empates e oito derrotas.
Na Sul-Americana de 2017, Lacarmón viu sua equipe bater o Huracán por 3 a 0, na Venezuela, mas acabaram derrotados por 4 a 0 no jogo da volta, na Argentina, e foram eliminados na primeira fase. No Apertura, caíram para o Zamora nas quartas de final do torneio nacional. Permaneceu no clube até maio de 2017. Ao longo de 73 jogos, conquistou 33 vitórias, 21 empates e sofreu 19 derrotas, com um aproveitamento de 54,8% e o vice-campeonato do Apertura de 2016.
Passagem por equipes menores no Chile
Foi contratado pelo Antofagasta, do Chile, onde trabalhou no segundo semestre do mesmo ano. Na equipe chilena, foram 17 jogos acumulando cinco vitórias, oito empates e quatro derrotas, somando 45% dos pontos. Chegou à semifinal da Copa do Chile, sendo eliminado pela Universidad de Chile após perder por 2 a 0 na ida e vencer por 1 a 0 na volta. No “torneo trasición” daquele ano, acabou em sétimo lugar entre 16 equipes, com cinco vitórias, seis empates e quatro derrotas. Deixou a equipe para assinar com o Huachipato, em 2018.
Nos Los Acereros, Larcamón permaneceu entre 2018 e 2019. No primeiro ano, ficou em 9º na Liga Chilena entre 16 equipes. Na Copa Chilena, caiu nas quartas de final para o Audax Italiano após perder por 2 a 1 em ambos os jogos. Em 2019, deixou a equipe na 14ª rodada da liga, em 9º lugar, e caiu precocemente na segunda fase da Copa, sendo eliminado para o Desportes Temuco. No total, comandou a equipe em 53 jogos, com 19 vitórias, 15 empates e 19 derrotas, totalizando um aproveitamento geral de 45,2%.
Sua última passagem no Chile foi pelo Curicó Unido, onde esteve em 19 partidas em 2020, com nove vitórias, quatro empates e seis derrotas, mantendo um aproveitamento geral em torno de 54%, similar ao registrado no Anzoátegui. Sua classificação com a equipe também foi o 9º lugar. Desde que a Liga iniciou, em 2018, a equipe só atingiu melhor colocação no ano passado, com um terceiro lugar.
Bom desempenho no México
Com uma trajetória em equipes modestas na Venezuela e Chile, Lacarmón chamou a atenção dos times mexicanos. Seu primeiro desafio foi no Puebla, no início de 2021. Sua equipe ficou em 3º lugar no Clausura com sete vitórias, sete empates e três derrotas após 17 jogos, avançando às fases de mata-mata. O técnico utlizou, e média, 42 jogadores segundo o site Transfermarkt. Seu time foi eliminado nas semifinais para o Santos Laguna, após perder por 3 a 0 na ida e vencer por 1 a 0 na volta, totalizando 3 a 1 no agregado.
Durante a fase classificatória, o Puebla foi a terceira equipe com mais chances criadas (42) e marcou 27 gols, ficando com o 7º melhor a equipe. Com 18 gols sofridos, foi a 6ª melhor defesa. Foi a 2º com mais chances perdidas (29) e a 7ª com mais finalizações (12,6 de média). Foi a 7ª maior média de posse de bola (49,8%) e o 12º em passes (266,7 p/j). Percebe-se que sua equipe era agressiva, liderando a média dos desarmes com o 1º lugar geral (17 p/j). Foi o 5º time que menos sofreu gols (8 jogos).
Na temporada 21/22, o Puebla terminou a fase de grupos do Apertura em 7º com 6 vitórias, 6 empates e 7 derrotas. No mata-mata, caiu nas quartas de final para o León após vencer por 2 a 1 na ida e ser derrotado por 2 a 0 na volta. No Clausura, terminou em 5º na fase de grupos com 7 vitórias, 5 empates e 5 derrotas e novamente caiu nas quartas de final, dessa vez para o América, após empatar em 1 a 1 na ida e perder por 3 a 2 na volta. No total, foram 80 jogos, obteve 28 vitórias, 30 empates e 22 derrotas, resultando em um aproveitamento de 47,5%.
Contratado pelo León, Lacarmón atingiu, até então, seu maior feito como técnico na sua breve carreira. No Clausura de 2022, seu time acabou em 6º lugar, com 8 vitórias, 6 empates e 3 derrotas. Acabou caindo para o Atletico de San Luis no play-off de reclassificação ao mata-mata após perder por 3 a 1. No Apertura deste ano, terminou em 8º lugar (6V, 5E e 6D). No mata-mata, avançou até às quartas de final e caiu para o América após empatar por 2 a 2 na ida e perder por 2 a 0 na volta.
Foi na Liga dos Campeões da Concacaf que atingiu seu maior feito. Com uma equipe que não possuía um dos maiores investimentos, superou equipes poderosas como Tigres e Los Angeles Galaxy, conquistando o primeiro título de sua carreira e o primeiro troféu continental do León. Ao longo da temporada, Larcamón comandou a equipe em 42 partidas, alcançando 20 vitórias, 11 empates e 11 derrotas, registrando seu melhor aproveitamento na carreira, com 56,3%. O treinador acabou demitido da equipe mexicana após perder para o Urawa Reds no Mundial de clubes, uma decisão que não agradou a maioria dos torcedores da equipe.
Sistema de jogo
Larcamón é adepto de uma equipe intensa nos embates físicos e de toques rápidos para chegar ao gol. Seu sistema de jogo não fica fixo a apenas uma base, podendo variar tanto para linha de cinco na defesa com três zagueiros com 5-4-1 ou 3-4-3 e variantes, como para uma linha de quatro defensores em um 4-2-3-1 ou 4-3-3 e variáveis. O treinador gosta de jogadores versáteis que podem atuar em mais de uma posição.