Quem conhece os bastidores do Cruzeiro, sabe que existe dentro do clube uma família com pertencimento e poderes políticos tão fortes, capaz de mudar os rumos de uma eleição, ou de qualquer movimento: a família Lemos.
De fato, o histórico mostra que os Lemos sempre fizeram muito pelo clube, a começar por José Francisco Lemos Filho, o presidente mais novo da história do Cruzeiro. Segundo o mesmo, inclusive, ele só se tornou presidente quando ninguém mais queria assumir o clube, em 1954. “Dr. Lemos” como era conhecido nas dependências do Cruzeiro, dedicou grande parte da sua vida ao clube e participou ativamente na construção da Toca da Raposa II e na Sede Administrativa. Chegou a ser vice-presidente posteriormente, no mandato de Gilvan de Pinho Tavares – mas nunca deixou de ser figura marcante nas outras gestões.
O respaldo e a história do “Dr. Lemos” fez com que sua família ganhasse status e respeito no Cruzeiro. Hoje, seu irmão mais novo, Hermínio Lemos, é vice-presidente do Cruzeiro na gestão Wagner Pires de Sá estando devidamente alinhado com a diretoria e sendo um dos homens fortes numa das mais desastrosas administrações do clube – seguindo passos opostos ao do seu irmão mais velho. Inclusive, é sabido que Hermínio rompeu com nomes importantes no conselho, nomes estes que estavam sob o respaldo do “Dr. Lemos”.
Uma boa série televisiva de “castas” e “casas”, como “Game of Thrones”, serve de parâmetro para entender que a importância da família Lemos, hoje, se estende em diversos contextos. Um exemplo é a base. O sobrinho de Hermínio, Quintiliano Lemos, é o diretor geral das categorias de base do Cruzeiro – dividindo com Amarildo Ribeiro, braço direito de Itair Machado – a responsabilidade da Toca da Raposa I.
A família Lemos segue atuante no Cruzeiro, entretanto, ao contrário do que fez o ex-presidente “Dr. Lemos” em períodos difíceis, atualmente os que estão dentro preferem compactuar com os desmandos administrativos e com o aparelhamento do clube, coniventes com tudo que vem sendo feito – num caminho oposto ao que se esperava. Em abril deste ano, Hermínio Lemos assinou documento que pedia reconsiderar a participação do Cruzeiro num torneio de base (você confere a matéria toda clicando aqui) e após contato com o mesmo, ele disse que sequer sabia do que se tratava o pedido alegando não ter “conhecimento sobre os assuntos do futebol”. A declaração corrobora com toda estrutura de poder centralizada em Itair Machado.
É preciso deixar claro que muitos conselheiros são fiéis à família Lemos, e a participação dos mesmos no cenário político do clube é fundamental. Foi através dessa “parceria” que Zezé Perrella se manteve tanto tempo à frente do Cruzeiro – e também através dela que, hoje, o mesmo perdeu forças consideráveis nos bastidores do clube.