FOTO: STAFF IMAGES / FLICKR / CRUZEIRO
Na manhã desta quinta-feira (19) o diretor do Mineirão, Samuel Lloyd, falou com a imprensa sobre dados, perspectivas e outros assuntos que dizem respeito ao principal estádio de Minas Gerais. O media day contou com a apresentação de números relevantes para a concessionária que gere o estádio e tocou em temas que foram pautas recentes no mundo da bola.
No início da apresentação, Samuel fez questão de ressaltar que o Mineirão tem como objetivo principal o futebol, deixando claro que 80% do total da arrecadação do estádio acontece por conta dos eventos esportivos, enquanto os 20% restantes se dão com eventos sócio-culturais, como os eventos e shows.
Entretanto, as duas primeiras rodadas do Campeonato Mineiro de 2023, em que Atlético e Cruzeiro são mandantes, precisarão acontecer na Arena Independência, por conta de shows internacionais, que demandam grande estrutura, e já estavam agendados antes mesmo da liberação do calendário do futebol estadual para a temporada.
Entre os motivos listados pela concessionária que administra o Mineirão, está a ausência de contrato dos clubes, o que acaba não gerando um bloqueio na agenda do estádio para as datas; a grande oferta de eventos após o período de pandemia do Covid-19 e a falta de previsibilidade do futebol.
Questionado sobre esses e outros assuntos, Samuel Lloyd falou também sobre os custos operacionais do Mineirão, a possibilidade de fechar um contrato ou até mesmo de existir uma parceria para uma administração conjunta do estádio por parte do Cruzeiro – visto que no meio do ano o Atlético já estará mandando seus jogos na Arena MRV. Confira abaixo as principais falas do diretor do Mineirão:
Proposta para que o Cruzeiro seja mandante de seus jogos no Mineirão em 2023
“Nós falamos com o Cruzeiro que queremos uma continuidade do projeto. O Cruzeiro falou ‘olha, eu preciso que baixe o custo’, beleza, vamos estudar juntos, fazer uma nova tomada de preços de segurança, mas as linhas de despesa não mudam, se mantém para 2023. E o Cruzeiro gostaria e nos solicitou que parte das receitas do Mineirão seja compartilhada com o clube. Existe uma série de receitas que o Mineirão tem direito e a gente cede pra vocês compartilharem conosco. Na venda de um patrocínio pro Mineirão, por exemplo, a gente aceita dividir meio a meio, ativação do match day, nós topamos criar novas possibilidades de receita pro clube.”
Relação da concessionária na dinâmica “eventos x jogos”
“Como a gente tem que manter o Mineirão o ano inteiro e não só aqueles dias de partida, eu preciso das outras receitas, se não eu não entrego o que o estado de Minas Gerais pede, que é uma margem operacional acima de 45%. Se eu tiver apenas jogos do Cruzeiro, 20 jogos no ano, eu preciso ocupar a agenda com outras coisas, se não eu não consigo manter o custo fixo do estádio.”
Custos do estádio e negociação com os clubes
“O que custa caro no futebol é cadeira vazia. Se você preparou uma operação para 40 mil pessoas e vieram apenas 15 mil torcedores, você vai pagar uma operação para 40 mil. E o Mineirão oferece aos clubes a vantagem de 48 horas antes da partida ajustar.”

Possibilidade de mais eventos tirarem jogos importantes do estádio
“Nós sempre vamos fazer o máximo pra equilibrar, ou fazer concomitante, o evento com o jogo. Já aconteceu, inclusive em 2022, sem nenhum impacto. A ideia é sempre equacionar esse calendário. O que a gente pede é antecedência, os clubes dizerem ao Mineirão quais são as partidas, se vai ter um contrato anual. E até o momento isso não aconteceu por parte do Cruzeiro. O Atlético já sinalizou que irá jogar aqui no primeiro semestre.”
Relação com o Cruzeiro e dívida com a associação na justiça
“Vale lembrar que com a Recuperação Judicial do Cruzeiro, nós temos uma pendência financeira da ordem de mais de R$30 milhões de reais com o Cruzeiro. Se é SAF, associação, não sei. É tudo tão novo, que consegue dividir. O passivo da dívida, com quem fica a real? Se qualquer pessoa quiser fazer uma dívida de R$30 milhões e depois mudar o CNPJ, essa dívida está resolvida? A gente tem um problema sério no Brasil conjuntural. A gente tem o passivo a receber e uma receita distribuída que é óbvia. O Mineirão é uma escolha óbvia.”
Possibilidade de existir uma gestão compartilhada entre a concessionária e o Cruzeiro
“Uma gestão compartilhada pode, sim, ser desenvolvida. Mas ela precisa subir passo a passo. Eu acho muito difícil com esse tanto de dúvidas, inclusive jurídicas, ou dessa certeza de planejamento. A gente chegou a ver falas do governador (Romeu Zema) se pronunciando a respeito disso. É uma relação de gestão compartilhada que precisa ser construída. Ela é impossível? De jeito nenhum. Mas o cenário hoje, é muito difícil que ele aconteça da forma que as pessoas esperam, em que a tomada de gestão seja conjunta, inclusive em relação ao calendário de eventos.”
Problemas com o calendário do futebol e a grande demanda de eventos
“Normalmente, os grandes eventos, que tem artistas internacionais, são combinados com um ano de antecedência e o calendário (do futebol) sai 3, 4 meses antes e isso dificulta muito o planejamento de longo prazo. A finalíssima está com a data bloqueada e queremos muito que aconteça no estádio.”
Sobre a certeza de que o primeiro jogo da final do Mineiro não será no estádio
“Não é certo, porque no passado nós conseguimos articular mudança de data, isso viabiliza que a partida aconteça aqui. É necessário sentar e conversar com os clubes que vão estar nessa final.”