FOTO: ARI FERREIRA/RED BULL/DIVULGAÇÃO
Revelado nas categorias de base do Cruzeiro, Guilherme Lopes (18 anos) chegou ao clube em março de 2016 após uma peneira realizada em Brasília. O lateral-esquerdo foi captado junto com Ageu (volante, atualmente no Sub-20) e Vitinho (meia, emprestado ao Palmeiras). Um ano antes de ser liberado, em 2017, foi titular no vice-campeonato da Copa Nike (principal torneio Sub-15), a melhor campanha da equipe no torneio. Conforme divulgado pelo jornalista Thiago Fernandes do Uol, o atleta do Red Bull tem multa de 60 milhões de euros (R$ 340 milhões) para o mercado europeu. Curiosamente, dos três jogadores que chegaram juntos e foram titulares nesse torneio, apenas Ageu segue no clube.
Atualmente no Red Bull Brasil, o jovem já fez dois estágios no Red Bull Salzburg, filial localizada na Áustria. Foi titular da equipe durante a Copa São Paulo desse ano e, logo em seguida, foi promovido ao grupo principal se tornando titular rapidamente. Já fez 12 jogos pelo time na Série A2 do Paulista, todos como titular. Junto com Bruno Gonçalves (atacante, 2003) é tratado como uma das principais promessas do clube paulista. Em julho de 2018, o jogador foi liberado gratuitamente pelos dirigentes das categorias de base do Cruzeiro, com anuência de Wagner Pires e Itair Machado, sem manter qualquer percentual econômico pensando em uma futura venda. Nossa reportagem entrou em contato com Quintiliano Lemos, diretor geral das categorias de base da época, para entender o critério utilizado e o mesmo disse:
Todas as liberações de atletas foram feitas com critérios técnicos. Os responsáveis por essas avaliações se reuniam e avaliavam os atletas com critérios bem definidos e de alto nível pensando em qualidade para suprir no futuro o departamento de futebol profissional com as exigências e responsabilidades que o departamento profissional necessita. Acredito que no momento desta avaliação o atleta não se destacava e não demonstrou uma evolução ao ser promovido para a categoria Sub 17. Muitos fatores influenciam a performance dos atletas. Já vimos muitos casos de atletas que não estão bem em um clube e vão melhor em outro.
O superintendente da época, Guilherme Cruz, também atendeu a nossa reportagem e deu sua versão sobre o processo de aproveitamento e liberação dos atletas que ocorreram durante sua passagem pela Toca I:
Em minha gestão os treinadores tinham autonomia para a avaliação, com a orientação de nosso diretor. Qualquer problema de maior natureza me era passado para deliberação. Tivemos vários atletas que subiram para o profissional, neste caso específico, solicitei ao meu diretor que lhe transmitisse as informações. No ano passado o time profissional tinha mais da metade dos jogadores formados na base e os jovens, apesar da qualidade, não conseguiram limpar o que os mais experientes deixaram. O trabalho da base, com poucos recursos que eram alocados foi perfeito dentro da nossa realidade. Todos profissionais extremamente dedicados e as mudanças pontuais eram realizadas. Se houve favorecimento ou coisas escusas fugiram ao meu conhecimento como Superintendente da Base e caso tenha ocorrido, sou o primeiro a querer saber, esperando que o responsável, caso confirmada essa situação, seja punido de forma exemplar.
O jogador não foi o primeiro caso de falta de critério da última gestão em relação a dispensa de promessas da base. O meia Vitinho, então titular do Sub-17, teve seu contrato renovado em 2018 com uma multa de R$ 330 milhões para, no ano seguinte, ser emprestado ao Palmeiras com 50% do seu passe fixado em 1,5 milhões de euros até o fim de 2021. Na época, o então diretor das categorias de base, Amarildo Ribeiro, justificou que o empréstimo se deu por “questões técnicas”, orientado por Alexandre Grasseli, ex-técnico da categoria. No mesmo ano, Vitinho foi titular do Palmeiras campeão da Copa do Brasil Sub-17. Gabriel Brazão, outra grande promessa do clube, foi vendido no início do ano passado ao Parma por R$ 11 milhões.
O Cruzeiro vive hoje uma crise na lateral-esquerda. Mesmo com quatro opções, nenhuma inspira total confiança e a intenção da diretoria é buscar mais um jogador para posição, conforme relatou o diretor Ricardo Drubscky: “Estamos na busca e podemos rechear nosso elenco. Mas eu diria que dois laterais. Dois na direita e um na esquerda pra gente ter um equilíbrio de força, e não de números”.