
As contas do Cruzeiro voltam a ser o assunto dos bastidores celestes. Dando continuidade à análise do balanço patrimonial publicado e aprovado pelo conselho fiscal na matéria E A CONTA, VAI CHEGAR? o Cruzeiro vive situação inédita e que pode causar problemas para a atual diretoria.
Após ter publicado o balanço patrimonial de 2017 sem a aprovação (ou reprovação) do conselho celeste, coisa que nunca havia acontecido na história do clube, o atual presidente Wagner Pires de Sá pode ter seu mandato comprometido. Isso porque há o entendimento, por fontes ligadas ao conselho do clube, que o balanço sem decisão da assembleia realizada pelo conselho deliberativo, ou seja, sem a ata da reunião do conselho, sequer é um balanço patrimonial válido.
Todo procedimento de publicação pode ser questionado judicialmente por algum conselheiro, solicitando a destituição da atual diretoria, uma vez que a Lei Pelé (Lei nº 9.615)em seu artigo 24, parágrafo primeiro, trata da prestação de contas do clube anualmente da seguinte forma:
Art. 24. As prestações de contas anuais de todas as entidades de administração integrantes do Sistema Nacional do Desporto serão obrigatoriamente submetidas, com parecer dos Conselhos Fiscais, às respectivas assembleias-gerais, para a aprovação final.
Parágrafo único. Todos os integrantes das assembleias-gerais terão acesso irrestrito aos documentos, informações e comprovantes de despesas de contas de que trata este artigo.
A informação que se sabe, até o momento, é que uma nova auditoria estaria sendo realizada no clube celeste pela empresa BDO Brazil, a pedido do próprio presidente Wagner Pires de Sá, contestando a realizada pelos contadores Dênio de Oliveira Lima e Frederico Yuri Abreu Mendes, conforme consta no balanço patrimonial divulgado. Uma nova data para a assembleia de votação dos conselheiros ainda não foi marcada.
Vale lembrar que a primeira reunião, realizada dia 25 de abril foi suspensa a pedido do presidente do conselho deliberativo, o senador e ex-presidente Zezé Perrella, alegando que os conselheiros não tiveram tempo hábil para examinar o balanço patrimonial. Em contrapartida, o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares em entrevista ao jornal O Tempo (clique aqui), garantiu que tudo foi feito da forma correta e tudo não passa de “revanchismo”.

Venceu a situação, mas os bastidores seguem conturbados. (Foto: Tomás Cintra/Rev, Caravelas)
No melhor dos cenários: as contas serão aprovadas e o mandato do atual presidente Wagner Pires de Sá se resguarda com o resultado de uma segunda auditoria independente.
No pior dos cenários: as contas reprovadas e uma possível celeuma judicial se desenvolva e a destituição do atual mandato aconteça e tornando Wagner Pires de Sá inelegível por cinco anos. Nessa ocasião, o presidente do conselho deliberativo assume as funções e novas eleições seriam convocadas, conforme determina o próprio estatuto do Cruzeiro Esporte Clube.
* Até o fechamento dessa matéria, não obtivemos sucesso no contato à assessoria do presidente Wagner Pires de Sá para buscar seu posicionamento sobre o assunto.
Foto destacada: Tomás Cintra/Revista Caravelas