
Um breve resumo do que aconteceu com o Cruzeiro dentro de um recorte bem específico de 2018 e 2019 para quem não vive o clube e/ou tem algum interesse em entender:
Em 2018, uma nova gestão assumiu com um discurso bonito de austeridade e títulos, nada de novo. Aliás, nada de novo mesmo, todos já ouviram esse papo de velhos personagens. Um desses merece destaque: Itair Machado, ex-presidente daquele Ipatinga que chegou até a Série A do Brasileirão e logo na sequência destruiu o clube (ao ponto dele realmente deixar de existir e ter que começar de novo, do zero).
Itair assumiu como “homem forte” do Cruzeiro. Financiou a campanha eleitoral do presidente Wagner e ganhou carta branca: aparelhou o clube e mandava em tudo. Cabidão de emprego mesmo. Era parente assessor, amigo diretor, parceiro na base, etc. Itair soube ser populista demais: falou mal de rival, de federação, renovou salário e manteve o elenco de 2017. Nas contratações só barca furada (vide Bruno Silva). Mas com a base mantida, o time foi novamente campeão em 2018 da Copa do Brasil e tal com premiação recorde (fato importante, tenha isso em mente).
Ah, o discurso de austeridade existia, mas na prática, todo mundo do “QI” ganhou aumento, dirigente recebendo bicho, funções que nem existiam foram criadas, etc. Ele literalmente comprou o conselho com agrados, churrascos, noite de caldos, etc. O clube tinha dono e era ele.
Em 2019 veio o balanço e boom: a dívida aumentou muito. Mas muito mesmo. Tipo, a dívida do Cruzeiro já vinha aumentando, mas ainda dava pra ter alguma organização, saca? A dívida fiscal tava controlada graças ao PROFUT, o time tinha uns ativos e tal. Mas em 2019… f*$&÷ geral.
Até tentar colocar venda de jogador no ano anterior pro déficit não ser tipo absurdo tentaram. Lembram da premiação da Copa do Brasil? Sumiu! Sim, sumiu! Foi toda pros próprios jogadores e pra ele! Sim, ele se premiava pelas conquistas do campo! Maquiaram tudo pra não mostrar o tamanho do rombo (até hoje ninguém sabe direito, porque é muita coisa sem transparência, farra de ingresso pra conselheiro, contratos publicitários sem sentidos, comissões pra empresários em transações escusas, suspeitas de lavagem de dinheiro, esquema de advogados, etc).
Aí veio o Fantástico e uma parte da galera que tem o mínimo de vergonha na cara tentou fazer alguma coisa e entrou o tal do “discurso político”. Aí começou a parte chata. A desculpa pra tudo era “briga política”, etc. Perdeu? Culpa da oposição. Mais denúncia? Briga política. Atrasou salário? Gestão anterior. E os meses se passando. Uma ou outra atitude de pessoas mais fortes até apareciam, mas eram consumidas fácilmente pelo conselho. Ah, esse conselho que ATÉ HOJE defende a gestão, se denomina de “Família União” e só conversam entre si na primeira pessoa do plural.
Em campo Mano Menezes fazia o que queria. Era o escudo dos caras. Os jogadores amavam a farra do dinheiro “jorrando”. Mas é óbvio que ele acabou. E acabou ao ponto de funcionário ficar sem receber. O resto dessa história vocês sabem: Ceni tentando mudar e sendo boicotado, Abel chegando pra apaziguar, Adilson pra tentar mudar… enfim, o campo cês acompanharam.
Ah, não posso terminar sem citar Zezé Perrella. Sim, ele passou batido, mas é peça importante: ele, durante esse tempo todo do biênio, era o PRESIDENTE DO CONSELHO. E até uns 2 meses atrás ele não tava nem aí pra situação. Soltava uma aspas aqui outra ali e mais nada… até que surgiu a oportunidade de tomar o poder novamente e posar de salvador da pátria! Sim, na cabeça dele, ele assumindo tudo seria motivo suficiente pro “respeito voltar”, bem estilo Eurico Miranda mesmo.
Mas como ele tomou o poder? Explico, caro leitor que chegou até aqui: por um momento, em 2019, um movimento de conselheiros e associados esteve bem próximo de “dar o golpe” e assumir o Cruzeiro com um conselho gestor, algo bem profissional e tal. Um sopro de RACIONALIDADE no bagaço da laranja*. Mas eles precisaram do Zezé Perrella pra fazer esse movimento funcionar e… tomaram o golpe! Sim, inception total, um golpe dentro do golpe. E vocês achando que a política brasileira tava ruim…
*cruzeirense entenderão a referência do bagaço da laranja.