
FOTO: CRUZEIRO E.C./FLICKR OFICIAL
A pergunta que não quer calar na torcida do Cruzeiro é: Onde o Thiago Neves vai jogar nesse time? É fato que o camisa 10 teve papel importantíssimo na história recente do Cruzeiro pelo desempenho decisivo em dois títulos seguidos de Copa do Brasil (Mineiro também). Arrisco dizer que foi uma das maiores contratações dos últimos 20 anos. Thiago fez um 2017 brilhante individualmente, mas caiu bastante de rendimento no ano passado. Uma lesão crônica na panturrilha é pivô do problema, além de boatos sobre exageros extra-campo.
Confesso que essa última tese não me agrada, pois nunca vi relatos de falta de profissionalismo do atleta, então o que ele faz na sua folga não me interessa. Porém, quando dentro de campo o nível começa a cair, várias teorias surgem. Em 2019 foram apenas 4 jogos com uma assistência e nenhum gol marcado. A panturrilha voltou a incomodar e, com isso, Thiago foi preservado para se cuidar sem pressa. Nesse meio tempo, Rodriguinho entrou no seu lugar e tomou conta da posição, sendo decisivo em todos os jogos da Libertadores.
Encaixar Thiago Neves sem mexer no 4-2-3-1 que o Mano utiliza não será fácil. Sua função é muito particular. Ele atua como ponta de lança, por trás do centroavante, pisando na área. Assim fez muitos gols. Não possui características de falso nove, pois jogar de costas entre zagueiros não é seu forte. Também não tem velocidade para jogar aberto, nem boa recomposição pra jogar recuado como volante. Sendo assim, Mano poderia recuar Rodriguinho e, com isso, sacar Romero ou Henrique (este, por ser capitão e líder do elenco, não vai sair).

Opção 1, Rodriguinho como volante e Thiago Neves na sua função habitual.
No caso do Rodriguinho temos um problema semelhante. Como volante, perde-se seu forte, que é atuar próximo a área, encostando no centroavante. Com um mecanismo diferente, Rodriguinho teria que marcar mais e recompor com intensidade, algo que não consegue exercer com eficiência. Outra possibilidade é utilizar Rodriguinho como falso nove, função que exerceu no Corinthians em 2018, após saída de Jô. Com a bola, Thiago e Rodriguinho teriam liberdade para trocar de posição e pisar na área. O problema é: No Cruzeiro, além de Fred ser titular e artilheiro absoluto, temos Raniel e Sassá para substituí-lo. Ou seja, utilizá-lo como “centroavante” seria desnecessário.

Opção 2: Rodriguinho como falso nove, com Thiago aproximando e ambos trocando de posição.
Ainda seguindo hipóteses com o 4-2-3-1, Rodriguinho também poderia atuar aberto pela esquerda, como Robinho faz pelo lado direito. O problema é que, nesse caso, além de perdermos em profundidade, também faltaria velocidade ao time. Rodriguinho não tem vitalidade para atuar aberto. Com Marquinhos Gabriel e David muito bem, além do recém contratado Pedro Rocha, Mano cogitaria essa possibilidade? Talvez. Mas não acredito muito nisso. Muito menos que Robinho, principal articulador da equipe, perderá sua vaga para algum dos três.

Rodriguinho pela esquerda? Possível, mas desnecessário pelas fartas opções que temos pra jogar por ali.
E se o Mano mudasse o esquema, passando a atuar no 4-1-4-1? Nesse caso, jogariam Thiago Neves e Rodriguinho por dentro (com obrigações de marcar e atacar), Robinho pela direita e na esquerda Marquinhos Gabriel, David ou Pedro Rocha, com Fred na referência. Com isso, Romero ou Henrique iriam pro banco e teríamos apenas um “marcador” à frente da zaga, fazendo a proteção e tendo que preencher o entrelinha sozinho no momento defensivo.
Confesso que esse sistema não enche meus olhos justamente por não ver nos volantes do elenco essa “facilidade” de preencher grandes distâncias. Romero até poderia fazer isso, mas creio que deixaria o time vulnerável no entrelinha, com o adversário podendo encaixar dois ou mais jogadores por ali e sobrecarregando o marcador. Além de perdemos na bola aérea. Sabemos também que Thiago e Rodriguinho não vão recompor com a mesma intensidade. No Corinthians, haviam dois pontas com alto índice de desarmes (Ángel Romero e Clayson) e boa capacidade de recomposição. Além de um volante acostumado com esse sistema (Gabriel e Ralf).
Por fim, também não creio em Robinho atuando como volante, já que está muito bem adaptado pelo direita. Até hoje, Mano só o utilizou mais recuado em situações emergenciais, precisando do resultado contra um adversário inferior. Pensando com a cabeça do nosso treinador, essas são as possibilidades que vejo para encaixar Rodriguinho e Thiago Neves juntos. Na minha opinião, como escrevi num texto do ano passado (confira aqui), era necessário trazer uma sombra para Thiago voltar a ser mais competitivo. Isso foi feito. Agora temos dois jogadores de altíssimo nível para revezarem durante a longa temporada. E esse (revezamento) é a melhor forma de encaixar os dois.
#MeDibre