
FOTO: VINNICIUS SILVA / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
O capítulo final da queda do Cruzeiro veio com uma derrota para o Palmeiras, por 2 a 0, em pleno Mineirão. Após o jogo, que teve que ser encerrado antes por conta de bandidos que transformaram o estádio em palco de guerra, Zezé Perrella se prontificou a colocar a cara para tentar explicar, ou ao menos, dar alguma satisfação. Entre falácias e um saudosismo sem sentido, Zezé se prontificou a continuar à frente do clube, caso o torcedor queira.
Wagner Pires de Sá ainda é o presidente. Seu mandato vai até o final de 2020. Um movimento para afastar essa diretoria foi criado e sabotado pelo próprio Zezé Perrella, que decidiu assumir o clube como homem forte e não mudou nada do modus operandi. Zezé Perrella era presidente do conselho deliberativo, Zezé Perrella sabia de tudo que estava acontecendo, se não foi conivente, foi ao menos omisso.
E se a voz da torcida não for suficiente, basta seguir sua própria fala ao assumir o clube:
A torcida, Zezé Perrella, já deixou sua opinião bem clara: ela não quer que você seja a cara do novo Cruzeiro. Aliás, o novo Cruzeiro ainda não existe. É preciso que novos nomes e pessoas apareçam para que o clube possa se reerguer. Para voltar a ser o gigante que briga por títulos, que incomoda, que vira manchete pelas suas conquistas e não pelas páginas policiais.
A caixa preta que foi sendo citada por Zezé Perrella na coletiva não é novidade e não foi surpresa. Há tempos já se alertava dos desmandos, do aparelhamento, do cabide de empregos, do descaso com o futebol de base, etc. Relembrar todos esses crimes cometidos contra a instituição Cruzeiro, neste momento, não exime ninguém da culpa e não melhora nenhuma situação.
A limpa é necessária em todos os setores. No administrativo, no financeiro, no jurídico, na base, no marketing, na comunicação. Caso Zezé queira encerrar sua passagem pelo Cruzeiro com alguma decência, que atenda ao apelo popular de um novo estatuto, moderno, responsável, transparência. Que novas eleições para o conselho e para a presidência sejam convocadas. Do contrário, nenhuma mudança acontecerá.
O papel da torcida agora é de cobrança. É até injusto pedir para que o torcedor cobre por algo que é de difícil acesso, mas é necessário ter desconfiança com tudo e sempre questionar. O clube precisa ser mais democrático. A torcida do Cruzeiro não vai abandonar o barco, não vai deixar de amar o clube ou qualquer outra postura covarde. O Cruzeiro é gigante e vai se reerguer. O real momento de união é agora: união com o que é certo, com o que é honesto, com o que é bom, mesmo que essa reestruturação leve tempo.