FOTO: GUSTAVO ALEIXO / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
“Todo mundo que achava que a gente tinha acabado, vai morrer de raiva. Quem falou que a gente ia demorar cinco, dez anos, vai morrer de raiva. Vamos subir muito bem esse ano”. Essas foram as palavras do presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, durante apresentação ao elenco, em 29 de maio de 2020, na Toca II, dias antes de sua posse como mandatário do clube. O cenário vislumbrado pelo dirigente não se confirmou e, com muitas dificuldades na temporada, o ano de 2020 deve servir de reflexão para um 2021 diferente.
Durante a Série B o Cruzeiro conviveu com altos e baixos. O empate sem gols na rodada final da Série B expôs o campeonato da Raposa: Uma defesa sólida e um ataque inócuo. Terceira melhor defesa com 32 gols sofridos, ficou atrás somente de Chapecoense e América-MG, campeão e vice, respectivamente. Contudo, o ataque ficou na 8ª posição, com 39 tentos anotados, superando apenas as equipes que foram rebaixadas ou lutaram contra o descenso. O 11º lugar com 49 pontos refletiu a guerra política e de vaidades que imperaram nos últimos meses.
A diferença final de 12 pontos em relação ao G-4 impede que a muleta da punição dos menos seis pontos seja utilizada pela diretoria que pecou demais no planejamento – ou falta dele – ao longo de 2020. O desempenho claudicante de Enderson Moreira culminou em sua saída, a escolha por Ney Franco, mesmo com todos os indicativos sinalizando não ser o melhor nome, desperdiçou sete rodadas. Curiosamente, Felipe Conceição, escolhido para substituir Luiz Felipe Scolari, entrou na pauta naquele momento, mas foi descartado. Felipão chegou para evitar uma Série C que se mostrava inevitável diante da crise financeira, anímica e de gestão por parte principalmente de Deivid, diretor de primeira viagem bancado por Sérgio Santos Rodrigues que errou em contratações e na falta de penetração junto ao elenco. Foram 23 atletas contratados ao longo da temporada e mais de 50 jogadores utilizados na competição nacional.
O sonho do acesso chegou a ser vislumbrado com Felipão, mas logo os problemas já citados cobraram seu preço. O time perdeu fôlego na reta final, chegando ao ponto do elenco não se concentrar para o duelo contra o Oeste em forma de protesto devido aos salários atrasados, mostrando que, de fato, a briga era contra o rebaixamento. O desempenho como mandante, principalmente, cobrou seu preço. Somando os jogos no Mineirão e no Independência, o Cruzeiro disputou 19 partidas na Série B. Foram apenas seis vitórias, com sete empates e seis derrotas. Aproveitamento de apenas 43,86% dos pontos. A 17ª da competição.
Felipe Conceição chega com a missão de fazer mais com menos. Com histórico de um futebol mais propositivo e intenso, utilização da base e desenvolvimento de jogadores, precisará encontrar soluções para um ataque claudicante em marcar gols e um meio-campo que ao longo do campeonato esteve órfãos de jogadores que pudessem fazer a bola chegar aos centroavantes. Com pouco mais de 20 dias até o início da temporada de 2021, o tempo é curto e os desafios são enormes. Para que o Cruzeiro seja um clube realmente “de passagem pela Série B” conforme prometeu o presidente, o discurso precisará estar aliado a prática.