Foto: Pedro Chaves / Light Press / Cruzeiro
Ainda não estamos no fundo do poço, mas a sensação é que falta pouco pra chegar lá. Mais uma vez o Cruzeiro entrou em campo contra um adversário direto pelo rebaixamento e mostrou os velhos problemas de sempre: falta de qualidade técnica, nervosismo, ansiedade e erros. Sucessivos erros. Seja no passe ou, principalmente, na finalização. A falta de pontaria dos atacantes é algo que tira o cruzeirense do sério, tamanha dificuldade para colocar a bola no fundo da rede. Como voltar a vencer e sair da crise desse jeito? Parece um filme de terror sem fim onde os vilões são jogadores caros que não entregam o que deveriam como Edílson, Fred, Thiago Neves, Pedro Rocha e outros, uma diretoria incompetente, irresponsável, com fortes indícios de corrupção e um treinador que parece ter optado por morrer abraçado com suas convicções. A insistência de Rogério Ceni com Marquinhos Gabriel (22 jogos sem marcar gols) e David (29 jogos de jejum) só não é pior que sua leitura de jogo para fazer alterações. A torcida ainda te apoia, Ceni, mas é capaz de enxergar os problemas que você ignora.
O empate sem gols contra o Ceará não resolve nosso problema. Nos últimos 5 jogos, marcamos apenas duas vezes, ambas de pênalti. A falta de pontaria dos atacantes reflete nossa posição no campeonato e a dificuldade em sair da crise. Sem gols não há vitórias. No jogo de hoje, Pedro Rocha teve duas chances claríssimas de marcar no início do primeiro tempo e desperdiçou, num momento que estávamos melhores no jogo. Ceni armou o Cruzeiro num 4-1-4-1 em bloco médio com uma construção mais direta e de menos toques a partir da defesa. Henrique ficava à frente da zaga, Robinho jogava por dentro pela direita, liberando o corredor para Orejuela com Marquinhos Gabriel construindo por dentro e pela esquerda Ederson ocupava o centro com liberdade para subir ao ataque (quase fez um belo gol pisando na área em jogada individual) e foi importante pela potência física, posicionamento e capacidade de destruir e construir. Nesse momento de desespero, foi um achado. David era o ponta pela esquerda e Pedro Rocha atuou por dentro.
Com esse sistema, fizemos um bom primeiro tempo e criamos as melhores chances. Contudo, a lesão de Pedro Rocha e a entrada de Fred tirou a intensidade da equipe, além do camisa 9 ter sido completamente improdutivo e anulado pela defesa do Ceará, não conseguindo prender a bola no ataque ou fazer o pivô. Um desastre. Porém, ficou pior. Ao sacar Robinho e lançar Ezequiel, Ceni retornou ao 4-2-4 com Henrique e Ederson centralizados, Ezequiel na direita e Marquinhos na esquerda, David foi adiantado para atuar com Fred. Essa mexida desestruturou completamente o Cruzeiro, que passou a errar em demasia e oferecer contra-ataques, sem nenhuma organização. Dedé, um dos líderes, falhando além da conta na saída de bola. Um verdadeiro desespero. Fábio, mais uma vez, salvou a equipe. A partir da segunda metade da etapa final, o jogo virou uma anarquia. O Ceará partia pro ataque em busca da vitória e oferecia campo, uma trocação sem fim. A ruindade de ambos manteve o empate sem gols.
Ceni parece que vai morrer abraçado com os inócuos David e Marquinhos Gabriel. Um pela omissão e outro pela falta de qualidade. Qual a dificuldade em trocar? Testa o Ezequiel. No ataque, Fred parece sem condições físicas de atuar em jogos de maior intensidade, ainda assim é nosso artilheiro. Ninguém que entra em seu lugar resolve. Se o time repetir a atuação do segundo tempo contra o Goiás provavelmente sairá de lá com uma derrota. Eles contam com o talentoso Michael. Ceni precisa enxergar o óbvio e fazer as alterações que lhe cabe. O resto é com os jogadores que seguem devendo demais. O empate de hoje nos mantém parcialmente fora do Z4, com 19 pontos. CSA, Avaí e Fluminense ainda jogam na rodada contra Palmeiras (F), Grêmio (F) e Santos (C) e podem nos ultrapassar. A expectativa é que não consigam somar pontos enfrentando adversários melhores, mas o calvário continua. Pela sua incompetência, resta ao Cruzeiro torcer pelo time dos outros.
#MeDibre