
Com boas atuações sempre que acionado e muita entrega nos jogos, o volante Lucas Romero conquistou a torcida celeste assim que chegou ao Cruzeiro em 2016. Não são poucos os que gostariam de ver o argentino como titular da camisa azul e branca, pois sempre que entra em campo corresponde: seja na sua posição de origem (1º volante), como volante mais avançado, como lateral direito ou até esquerdo, como na final da Copa do Brasil onde anulou o Corinthians e foi campeão. E ser campeão virou uma rotina para ‘El Perro’: campeão mineiro e bicampeão da Copa do Brasil pelo Time do Povo.
Muito se fala que contrato feito com o camisa 29 seria o empecilho para a titularidade do jogador. O que não é verdade, e o objetivo do texto é mostrar isso. Para entender melhor o contrato, vamos voltar lá atrás. Quem era Lucas Romero para o Vélez Sarsfield?
Lucas ‘El Perro’ Romero começou sua carreira nas categorias de base do Vélez Sarsfield com apenas 7 anos de idade. Seu primeiro jogo como profissional foi em 2011, com 17 anos de idade. Se firmou entre os titulares, e conquistou 3 taças pelo time argentino. Era uma revelação das categorias de base do clube, que já era uma realidade e um dos destaques do time. Logo chamou a atenção de gigantes europeus, entre eles o Real Madrid, que observava o jogador em 2015.
A negociação para a Europa não aconteceu, e ele permaneceu no clube argentino. Sem interesse em renovar o contrato, ficaria livre no mercado em julho de 2016, quando seu contrato se encerraria. Foi então oferecido pelo empresário ao Cruzeiro, no início de 2016, quando o clube mineiro não tinha condições financeiras para fazer grandes investimentos. E o Vélez aceitou negociar uma parceria com o Cruzeiro, para lucrar numa venda futura e não perder o jogador sem ganhar nada. Nessa parceria, abriu mão dos 6 meses restantes de contrato e cada clube ficaria com 50% do jogador, que iria de imediato para o Cruzeiro sem custos. Foi firmado um contrato de 5 anos com o jogador, que tinha 21 anos na época.
A explicação de algumas das principais cláusulas do contrato:
Quanto Vale Lucas Romero? Para vender o jogador, qual seria o valor de mercado? Foi definido no momento da contratação que o valor de mercado dele era 5 milhões de euros. Se chegasse uma proposta a partir desse valor, o jogador seria vendido e os valores divididos, 50% do montante para cada clube.
Caso a proposta fosse menor, o Vélez deveria ser consultado, afinal era um sócio no negócio. Se a proposta viesse e o Cruzeiro não quisesse vender o jogador, não tinha problema. Mas o Cruzeiro deveria comprar os 50% do Vélez pelo valor proporcional da proposta. Cláusula comum em todo contrato onde jogadores tem os direitos econômicos divididos.

Lucas Romero em passagem pela seleção argentina sub-20. O volante foi convocado para a seleção que disputou as Olimpíadas em 2016.
O Vélez também não tinha interesse em ver Lucas Romero jogando por outro clube argentino. Então colocou no contrato que caso ele fosse negociado para outro clube da Argentina, o Cruzeiro deveria pagar US$ 500 mil a mais como compensação.
E senão aparecer proposta e Romero cumprir seu contrato até o fim? Ele fica dono do próprio passe e pode ir para onde quiser. Seria um risco de prejuízo para o Vélez, que aceitou liberar o jogador 6 meses antes do fim do contrato sem cobrar nada para se valer da vitrine do Cruzeiro e lucrar numa negociação futura. Entra aí a famigerada cláusula que gerou tanto questionamento, mas é bem simples e coerente.
Se atuar em 40 jogos na temporada, o Cruzeiro compra mais 10% dos direitos do jogador por US$ 320 mil dólares (cerca de R$ 1,164 milhões). Não é uma taxa ou multa, é comprar mais uma fatia dos direitos. Ou seja, se o jogador não for vendido até o final do contrato (5 anos), o Vélez terá negociado seus 50% dos direitos econômicos por US$ 1,6 milhões, em 5 parcelas iguais e anuais. Em um cenário onde o jogador cumpre os 5 anos de contrato sem receber propostas, o custo da contratação do Lucas Romero seria: 50% sem custos + 50% por US$ 1,6 (R$ 5,8 milhões) em 5 parcelas anuais, aumentando 10% da fatia do Cruzeiro nos direitos econômicos a cada ano.
Um jogador de 21 anos, titular do Vélez por 3 temporadas e com 3 troféus nacionais conquistados por lá, que chegou a ser sondado pelo Real Madrid, e com 100% dos direitos econômicos por R$ 5,8 milhões, parcelados em 5 anos. Ótimo negócio. Para comparar: se Romero tivesse jogado 40 jogos entre 2016 e 2018, hoje o Cruzeiro teria 80% do Lucas Romero, 24 anos, pelo custo total de US$ 960 mil dólares (cerca de R$ 3,5 milhões na cotação atual). O volante Bruno Silva, 31 anos de idade, custou R$ 6 milhões por 100% dos seus direitos econômicos. O volante Hudson, 30 anos, tinha passe fixado no seu contrato de empréstimo: 50% dos direitos econômicos por R$ 6 milhões. Mancuello, 29 anos, custou R$ 6 milhões por 60% dos seus direitos econômicos. Lucas Romero é mais jogador do que todos os citados.
Comprar uma fatia maior dos direitos econômicos de Lucas Romero não é gasto. É INVESTIMENTO. Ao contrário do que foi feito com vários jogadores nesta temporada 2018, que custaram MAIS e entregaram/entregam MENOS do que o volante argentino. Comprem uma fatia maior dos direitos deste jogador, é lucro GARANTIDO! Se tiver mais oportunidades como titular (e merece), o Cruzeiro ganha em campo e vai ganhar numa negociação futura.
A passagem do ex-diretor Thiago Scuro pelo Cruzeiro é muito questionável (vide o contrato do Ábila), mas Lucas Romero é um ACERTO de seu trabalho, tanto do ponto de vista técnico como financeiro. Talvez o único.
#VamoQueVamo
Foto Capa: perfil oficial do Cruzeiro/Twitter