Após 17 anos da última vez em que disputou a final da Copa São Paulo de Futebol de Júnior e acabou se consagrando pela primeira vez como campeão do principal torneio de base, o Cruzeiro volta a figurar na grande final da “Copinha”. E se todos os olhos estão voltados para os comandados de Fernando Seabra, nossa reportagem decidiu ir atrás de alguns jogadores que marcaram seu nome na história do Cruzeiro como os pioneiros da Toca da Raposa I a levantarem o troféu.
Historicamente uma das grandes bases do futebol brasileiro, o Cruzeiro tem inúmeros títulos e feitos em seus “subs”, que vão desde revelar grandes jogadores para o futebol brasileiro e mundial. Mas a Copa São Paulo de 2007 marcou uma mudança de chave importante no clube: mostrou que um time vencedor de formação é um passo determinante também para a equipe profissional e para a carreira dos muitos envolvidos na conquista.
Rafael, goleiro do título, passou anos defendendo a camisa do Cruzeiro e hoje é o titular da meta do São Paulo. Maicon, zagueiro, o “God of Zaga”, ganhou prestígio internacional e também nacional e hoje defende o Vasco da Gama. Jonathas, centroavante, fez grande carreira internacional, passando por times tradicionais de países como Holanda, Itália, Espanha e Alemanha, hoje jogará o campeonato mineiro defendendo o Athletic, de São João Del Rey.
E é claro: todos comandados por Enderson Moreira, que ganhou projeção após o título e, logo no ano seguinte, assumiu seu primeiro time profissional, o Ipatinga. Enderson se consagrou entre os técnicos de prestígio no Brasil e treinou equipes como o Fluminense, Grêmio, Santos e até o próprio Cruzeiro. Hoje, vive uma experiência internacional e comanda o Sporting Cristal, tradicional time do Peru.
A reportagem do Deus Me Dibre foi atrás de outros grandes jogadores que viveram a campanha do título de 2007 para saber a importância da conquista na vida dos atletas e também para que eles deem seu recado aos “Crias da Toca”, que enfrentam o Corinthians no próximo dia 25 de janeiro e buscam realizar o sonho do segundo título da Copinha.
Confira abaixo os relatos dos jogadores que estiveram presentes na campanha de 2007:
Carlos “Carioca”, meio-de-campo daquele time, atuou depois por equipes do interior de Minas e do Rio de Janeiro:
“Foi inesquecível. Eu vinha de uma contusão, não estava cotado pra ir… jogo contra o Democrata, em Governador Valadares. Enderson me levou e falou que se eu conseguisse jogar 10 minutos, ele me levaria pra Copa São Paulo… Eu joguei e ele me colocou. Eu comecei na reserva e no segundo jogo em diante eu fui titular. Foi difícil mas gratificante. Maior título da minha carreira, foram 10 anos de Cruzeiro.”
“A gente espera que a rapaziada desse ano possa buscar o bi! Meu conselho é que eles possam fazer um belo futebol, como vem fazendo! Boa sorte pra rapaziada aí!”
Simões, zagueiro, teve passagens também pelo Botafogo, seleções de base e atuou em times do futebol mineiro, como BOA Esporte e Guarani e times do futebol carioca, como América e Nova Iguaçu:
“Imagina jogar lá em São Paulo, contra o Corinthians? Tinha Lulinha, um monte de gente boa e promessa. E a gente como bom mineirinho, só vindo pelas beiradas, ninguém dava nada. Nosso grupo era muito bom de trabalhar. A gente brincava que o coletivo era mais difícil que os jogos. Aquela Copinha foi o caminho de tudo, um título histórico. A gente ficou marcado no Cruzeiro, na história, como os primeiros campeões. Tinha pouco tempo de clube, chegar já com título… foi maravilhoso.”
“O que eu posso falar pra esse grupo de agora é: pé no chão, calma, chegar lá e dar o melhor de si. Jogar pelo grupo, esquecer torcida e tudo. É cada um abraça o outro como uma família e correr até o final. Tem que tá unido. A gente vai estar na torcida aqui, esses dias estava falando com o Marcinho (que jogou no Cruzeiro) que eles vão fazer história, junto com a gente!”
Guilherme, um dos craques daquela Copinha, subiu ao profissional e se concretizou como um dos grandes atacantes do futebol brasileiro. Após deixar o Cruzeiro, atuou na Ucrânia e retornou ao Brasil, onde atuou em grandes clubes como Atlético-MG, Corinthians e Athletico-PR:
“Fico feliz de ver o Cruzeiro com essa possibilidade de título, além de tudo que envolve, será também a concretização dos sonhos dessa garotada!”
Marcos, lateral que também teve chances no profissional do Cruzeiro e atuou por outros clubes, como o Bahia, Avaí e Ceará:
“Fico feliz em ver o Cruzeiro novamente na final da Copa São Paulo. Esperamos que o Cruzeiro possa conquistar novamente esse título, que foi importante na minha carreira. O jogo contra o Corinthians foi um dos mais difíceis que nós tivemos, tinha Everton Ribeiro e outros jogadores de nome no cenário brasileiro. Quando nós passamos do Corinthians, eu vi que a gente ia chegar longe na competição. O jogo não vai ser fácil, mas sabemos que o Cruzeiro tem qualidade, estou acompanhando e nós só fomos uma janela aberta como o primeiro título, isso me deixa feliz, esperamos que venha a segunda conquista.”
“Que Deus possa abençoar esses meninos jovens, com qualidade, vários craques que o cenário brasileiro vão aparecer! Estou na torcida pelo Cruzeiro, onde quer que esteja jogando pelo Brasil!”
Paulinho Dias, volante e autor do gol do título (o último pênalti contra o São Paulo), foi também um dos destaques daquela competição. Paulinho segue atuando no futebol e hoje defende o Novo Hamburgo, mas também jogou por times como Athletico-PR e Bahia:
“Falar da Copa São Paulo de 2007 pra mim, é um privilégio, uma alegria. Eu tenho um quadro com a camisa da final, a medalha… foi uma mudança de patamar, porque pra todas as pessoas envolvidas sabe que é um grande trampolim para o profissional. Como mineiro, nascido em Belo Horizonte, cruzeirense, no Cruzeiro desde 10 anos, a gente vivia a base e sabia que faltava aquele título. A maior virtude é que era um grupo qualificado tecnicamente e que viu a oportunidade de fazer história dentro do clube. Foi uma alegria ser o finalizador de todo um processo. Eu fui somente o cara que bateu o pênalti e fez o gol. Vinha treinando muito e foi alegria.”
Vinícius, atacante daquele time, construiu sua carreira toda no futebol internacional após deixar a base do Cruzeiro. Atuou na Suécia, no Kuwait, nos Emirados Árabes e no Catar:
“Estou acompanhando a Copinha e fico relembrando de 2007, onde graças a Deus fomos os campeões. Tínhamos um grupo muito bom (família), mas o diferencial foi a união, não tinha vaidade de jogador querer aparecer ou ser melhor que o outro. O Enderson conseguiu fechar um grupo e a cada jogo ficávamos mais unidos e prontos para o próximo desafio. Fomos nos fortalecendo na caminhada pelo título a cada partida. Jogamos contra o Corinthians, jogo muito difícil pelo fato deles estarem jogando em ‘casa’, com a torcida apoiando eles, mas nós tínhamos o objetivo de ser campeões e tínhamos que vencê-los para continuar a nossa caminhada. Do capitão ao jogador que era cortado do jogo, sempre ali incentivando, vibrando e foi assim até a final. Sabíamos que com o título inédito as chances aumentariam de subir para o profissional ou ir para o exterior (virou meu caso) e dar um salto na carreira.”
“Como agora temos a oportunidade de buscar mais uma taça , não poderia de deixar aqui minha torcida. Que nessa final, tão importante na carreira dos Crias da Toca, joguem com alegria, determinação e vibrem com cada lance! E vamos pra cima!”
Confira como foi o jogo, melhores momentos e disputa de pênaltis que deu ao Cruzeiro seu primeiro título da Copa São Paulo de Futebol Júnior: