
Foto: Vinnicius Silva/ Cruzeiro
O Cruzeiro deu adeus a Copa do Brasil na noite desta quarta-feira ao perder de forma acachapante pro Internacional pelo placar de 3×0. Avançou quem praticou o melhor futebol e vem se planejando há dois anos depois de um rebaixamento potencializado por uma gestão que após seu mandato foi, segundo o Ministério Público, “uma organização criminosa” (link da matéria aqui). Qualquer semelhança com a nossa realidade não é mera coincidência.
Na tarde de hoje, sofremos nossa primeira derrota. A decisão de um colegiado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) permitiu a volta de Itair Machado à vice-presidência de futebol do Cruzeiro. O dirigente teve recurso julgado favoravelmente pelo placar de dois votos a um. Nem preciso dizer como é nocivo não só pro ambiente mas também um verdadeiro tapa na cara do torcedor que se preocupa com a Instituição ver, novamente com a caneta, um sujeito que há 100 dias foi exposto em rede nacional com vários indícios de corrupção em torno da sua gestão.
A segunda derrota ocorreu no campo. Rogério Ceni surpreendeu e escalou Jadson na lateral direita devido a ausência de Orejuela, convocado pra seleção. A justificativa do técnico foi a falta de ritmo de jogo de Edílson, fora do time há dois meses devido a lesão na panturrilha direita. Além disso, a opção pelo 4-2-4 com Thiago Neves e Marquinhos Gabriel por dentro com David aberto pela esquerda e Pedro Rocha pela direita buscava atrair os zagueiros e abrir espaços na diagonal para os pontas explorarem através de tabelas. Isso até aconteceu nos minutos iniciais, mas Pedro Rocha finalizou mal e Lomba defendeu. A saída de bola pouco apoiada custou caro quando Dedé, com poucas opções, forçou um passe na direção de David e foi interceptado por Edenílson. No contra-ataque, Jadson não conseguiu desarmar Nico Lopez que lançou D’Alessandro na linha de fundo pela esquerda cruzar na cabeça de Paolo Guerrero. 1×0.
No segundo tempo, Dedé – que entrou baleado – sentiu o joelho e Ariel Cabral entrou no seu lugar, com Henrique recuando para ser zagueiro. Até entendo que a opção de Ceni era ter uma saída de bola mais qualificada, visto que Robinho foi o jogador que mais estava errando passes e não conseguiu criar no primeiro tempo. Contudo, era nítido como fazia falta um centroavante pra dar profundidade (perdida com Thiago improvisado) e reter a bola no ataque. Quando os meias chegavam na intermediária, não havia para quem tocar. Ricardinho estava corretíssimo nos comentários. Precisando criar e gerar desequilíbrios, ao invés de utilizar os lados os pontas seguiam por dentro, deixando o ataque totalmente previsível. Além das escolhas equivocadas do Ceni, faltava compreensão na execução tática. Após entrada de Fred, pouca coisa mudou. Faltava personalidade aos jogadores. Aceitaram o resultado e o segundo e terceiro gol foram reflexos das escolhas e comportamentos compatíveis com a derrota.

Não bastasse todos os problemas internos, Thiago resolveu apagar incêndio com gasolina ao expor problemas via imprensa. Foto: Vinnicius Silva/ Cruzeiro E.C.
O terceiro revés do dia foi a declaração do Thiago Neves ao sair de campo:
Muitas improvisações é demais. Fazer quatro mudanças é muita coisa em um time que já está formado. (…) você improvisar jogador em uma linha que estava formada há anos. Nada contra, mas é muita coisa pra uma decisão. O time sentiu o entrosamento.
A vinda do Rogério Ceni foi justamente para tentar recuperar um time formado que havia vencido apenas 1 partida em 20 jogos e estava há 8 pelejas sem marcar gols. Pior do que errar tentando acertar, é agir de trairagem com um profissional que acabou de chegar para corrigir problemas que você, Thiago Neves, junto de seus companheiros, ajudaram a construir. Quando estava vencendo, elogiou as mudanças do treinador. Agora é demais? Esperava uma postura diferente de um dos líderes do elenco. Principalmente porque seu desempenho vinha crescendo.
Esse tipo de declaração reflete o pardieiro que o atravessamos internamente. Ceni errou? Claro, mas não perdemos apenas por hoje. Tentou algo diferente e não rolou. Sem fazer “invenções”, também saímos derrotados no mesmo Beira-Rio no início do Brasileiro sofrendo três gols. Lembra, Thiago? Quem enfiou o Cruzeiro nessa situação passa longe de ser o Rogério. Errou na estratégia, acontece. Os culpados tem nome: Wagner Pires, Itair Machado, Sérgio Nonato e todos os outros INCOMPETENTES que implodiram todos os setores do clube. Vimos mais uma vez vários jogadores atuarem da mesma forma medíocre dos últimos meses. Marquinhos (não marca desde abril), David (não marca desde março), Pedro Rocha (nos dois confrontos decisivos de mata-mata teve a bola do jogo nos pés e errou) e diversos outros sem personalidade.
A derrota foi sintomática e expõe todos nossos demônios. Temos um time envelhecido que acomodou e uma Diretoria que vende jogador pra manter folha de pagamento, cria mecanismos pra enganar o Judiciário e não possui competência pra estar onde está. Infelizmente, o que começa errado termina errado. Agora é lamber às feridas e apesar dos equívocos fechar com o único sujeito que tem vontade de vencer, ambição e conhece futebol dentro do clube que é o Rogério Ceni. Nossa luta ainda é grande pra fugir do rebaixamento. Venceu quem jogou e se planejou melhor na temporada. Bola pra frente.
Diretoria, vocês são uma vergonha e não me representam.
#MeDibre