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Não é exagero dizer que Ronaldo e Cruzeiro surpreenderam o mundo neste último sábado (18) com o anúncio da aquisição do clube pelo ex-jogador. E entre a euforia da torcida e as manchetes que estamparam os diversos jornais e portais ao longo dos anos, muitas dúvidas surgiram sobre como será a gestão do Fenômeno no clube.
Ao longo de sua carreira fora dos gramados, Ronaldo sempre se mostrou um entusiasta em viver o extracampo como cartola e ser dono de clubes de futebol, mesmo que em mercados alternativos. Antes de chegar ao Cruzeiro, Ronaldo teve sua primeira experiência como sócio majoritário nos Estados Unidos da América, quando assumiu o Fort Lauderdale Strikes em 2014. Na época, Ronaldo pretendia alavancar a North American Soccer League (NASL) e contribuir num processo de popularização do futebol no país. Junto de Ronaldo, outros empresários brasileiros estavam envolvidos no projeto, entre eles Ricardo Geromel, irmão do zagueiro Pedro Geromel, atualmente no Grêmio.
Entretanto, a experiência de Ronaldo no time norte-americano não foi das melhores. Em entrevista recente ao canal do Youtube Flow Podcast, o ex-atacante comentou sobre esse momento, os aprendizados e as dificuldades que encontrou durante esse período.
“Uma liga sem dinheiro, sem transmissão. No Strikers eu fui para aprender. E foi muito bom, os americanos são muito bons em entretenimento. Em todos os níveis. Aprendi muito sobre evento, produção, sobre gestão do time. Tinha que gerir o time sem dinheiro. E a minha mensagem quando eu chego no lugar é que eu não sou um sheik árabe. De botar milhões.”
“Fui no presidente MLS e falei ‘como competição, falta a competição em si. Ninguém cai, ninguém sobe. Esse sistema não cria rivalidade.’ São franquias. E falei que se a gente ganhasse a NASL (liga inferior à MSL nos EUA) a gente podia subir. Ele disse que podia ganhar o que quisesse, que se não trouxesse 70 milhões de dólares pra franquia, não ia a lugar nenhum. E não teve jeito e saí fora, desanimei, saí do projeto.”
Pouco mais de ano depois do fim dessa experiência no país norte-americano, que terminou com o fim das atividades do time em 2016, Ronaldo viu num modesto time do noroeste da Espanha uma chance de realizar seu sonho como dono e gestor de um clube de futebol. Em 2018 se tornou sócio majoritário do Real Valladolid. O clube foi adquirido inicialmente por 51%, mas hoje Ronaldo já detém 82% das ações e segue à frente da equipe até os dias atuais.
Ronaldo adquiriu o Valladolid num momento em que o clube vinha de uma recuperação judicial e buscava se reorganizar principalmente nas questões administrativas e financeiras. Apesar de não ser o cenário atual do Cruzeiro, onde as dívidas superam a casa do 1 bilhão de reais, o Valladolid também precisou equilibrar a equação entre receitas, despesas e dívidas. E conseguiu.
Hoje, o clube espanhol passa por dificuldades técnicas e, apesar de ter conseguido se manter por três anos seguidos na divisão principal da “La Liga”, acabou caindo para a segundo divisão na temporada atual.
Na Espanha, a notícia também repercutiu em tom de surpresa para os torcedores e jornalistas que fazem a cobertura do Real Valladolid. O jornal As publicou a matéria sobre a aquisição do Cruzeiro e levantou questões sobre como será a gestão de Ronaldo à frente de outro clube, até mesmo sobre uma possível saída do ex-jogador ou a criação de um grupo que gere vários times, como hoje é o City. Confira o trecho da matéria (que você pode acessar na íntegra clicando aqui):
“Em Valladolid a sensação foi de surpresa. Era público que o presidente da entidade se encontrava no seu país e exercia várias atividades, mas era desconhecido sobre qualquer tipo de operação. Agora a questão que os torcedores do blanquivioleta se colocam é se isso significará uma possível saída do clube ou, pelo contrário, se será o início da criação de um grupo ao estilo City, com uma propriedade que possui vários clubes em diversos continentes.”
De certo, é possível afirmar que além da experiência em campo, Ronaldo já carrega alguma bagagem e experiência em ligas muito mais organizadas e estruturadas que o Campeonato Brasileiro da Série B, por exemplo. Sejam numa leitura predominante para marketing, captação e utilização de recursos, ou na forma de sanear e deixar um clube apto a ser competitivo e brigar desportivamente.