FAÇA VOCÊ A SUA AVALIAÇÃO

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Sempre há mais de uma forma de se ver a mesma coisa. Já usei a comparação em postagens no twitter, mas para ilustrar vale citar novamente: uma sequencia de 5 vitórias e 5 empates pode ser vista como ”10 jogos de invencibilidade” ou pode ser vista como ”5 jogos sem vencer”. E todas as duas afirmações estariam corretas. Cada um tem sua forma de observar/opinar e quando o assunto é Cruzeiro não é diferente. Hoje o torcedor cruzeirense tem várias opções de conteúdo sobre o clube, e pode consumir a que melhor se adequa à sua linha de pensamento. O DmD é uma delas, e falo com sem medo de errar: é diferente da maioria.

Li a coluna ”O saldo da gestão Wagner Pires” do grande PC Almeida (link aqui) e tive a ideia de fazer o contraponto sobre o mesmo assunto. Ele tem uma visão e eu tenho outra, não necessariamente uma está certa e a outra errada. E a coluna ”Ousando e Atrevendo” de hoje vai te ajudar a fazer a avaliação deste tema por outra ótica.

Vamos começar falando sobre a montagem do elenco para esta temporada. O Cruzeiro tem hoje a 2ª maior folha salarial do Brasil, atrás apenas do Palmeiras. Fizemos muitas contratações consideradas ”de peso” para esta temporada e aqui vamos debater o retorno dado por estas contratações. O quanto cada dos reforços esteve em campo, em relação ao total do Cruzeiro na temporada, é uma boa forma de avaliar o retorno de cada contratação. Após ler a coluna, raciocine se atenderam, superaram ou foram abaixo da expectativa. Claro, sempre leve em conta o custo envolvido.

PARTICIPAÇÃO EM JOGOS/MINUTOS DOS REFORÇOS P/ 2018 (FONTE: oGol e Footstats)
Cruzeiro – 35 jogos, 3150 minutos (sem considerar acréscimos)

Egídio – 27 jogos (77,1%), 2430 min (77,1%)
0 gols, 7 assistências

Edílson – 15 jogos (42%), 1197 min (38%)
0 gols, 3 assistências

Marcelo Hermes – 8 jogos (22,8%), 716 min (22,7%)
1 gol, 0 assistências

Mancuello – 24 jogos (68,5%) , 897 min (28,5%)
2 gols, 2 assistências

Bruno Silva – 18 jogos (51,4%) , 839 min (26,6%)
1 gol, 1 assistência

Fred – 9 jogos (25,7%), 643 min (20,4%)
1 gol, 0 assistências

David – 2 jogos (5,7%), 90 min (2,8%)
0 gols, 0 assistências

Patrick Brey – 1 jogo (2,85%), 33 minutos (1%)
0 gols, 0 assistências

Qual o investimento foi feito para contratar estes jogadores? Dos 8 reforços que chegaram em 2018, sabemos os valores envolvidos na contratação de apenas 3:

Bruno Silva (32 anos) – R$ 6 milhões
-David (22 anos) – R$ 9,7 milhões
-Mancuello (29 anos) – R$ 6 milhões

Marcelo Hermes (23 anos) veio por empréstimo até o final da temporada. Egídio (32 anos) e Patrick Brey (21 anos) estavam livres no mercado, os valores pagos em luvas não foram divulgados. Edílson (31 anos) foi trocado por 30% dos direitos econômicos do meia Alisson (24 anos) e 30% dos direitos econômicos do meia Thonny Anderson (20 anos), que teve mais 20% dos direitos fixados em R$ 500 mil. Já o centroavante Fred (34 anos), não há informações concretas e diferentes valores foram divulgados, então não especularei aqui. O que se sabe de concreto é que o Cruzeiro aguarda um julgamento que decidirá se deve ser paga ou não uma multa de R$ 10 milhões ao Atlético-MG.

Então temos até aqui um investimento declarado de R$ 21,7 milhões. Isso coloca o Cruzeiro no patamar de um dos clubes que mais investiram em contratações nesta temporada. Agora vamos avaliar o retorno deste investimento.

Os 8 reforços anunciados em 2018 jogaram EM MÉDIA apenas 27,2% dos minutos em que o Cruzeiro esteve em campo. Marcaram 5 gols (o Cruzeiro marcou 53 gols na temporada) e deram 13 assistências (43 assistências foram dadas pelo Cruzeiro até aqui). O que isso quer dizer? Quer dizer que: em 2018, 48 dos 53 gols marcados (90,5% do total) e 30 das 43 assistências dadas (69,7% do total) foram de jogadores que já estavam no clube, e não dos reforços contratados para esta temporada. Lembrando que contratamos laterais, meias e atacantes, posições dos quais se esperam assistências e gols.

Com exceção de Egídio (este sim superou as expectativas), nenhum reforço para esta temporada participou de pelo menos 40% dos minutos jogados pelo Cruzeiro. Para ajudar a entender isso, se montarmos o time do Cruzeiro com os jogadores que mais iniciaram como titulares em cada posição, teremos:

GOLEIRO: Fábio (37 anos) – 30 jogos
LATERAL: Lucas Romero (24 anos) – 16 jogos
ZAGUEIRO: Dedé (29 anos) – 22 jogos
ZAGUEIRO: Léo (30 anos) – 25 jogos
LATERAL: Egídio (31 anos) – 27 jogos <– ÚNICO DOS REFORÇOS DA TEMPORADA 2018
VOLANTE: Henrique (33 anos) – 26 jogos
VOLANTE: Lucas Silva (25 anos) – 17 jogos
MEIA: Thiago Neves (33 anos) – 24 jogos
MEIA: Arrascaeta (24 anos) – 18 jogos
MEIA: Robinho (30 anos) – 24 jogos
ATACANTE: Sassá (24 anos) – 11 jogos

E aí, os reforços renderam o esperado?

Parabéns Egídio: O único que chegou e resolveu

Dentro de campo, o saldo é positivo até aqui: apesar de no Brasileirão estar deixando a desejar, o Cruzeiro se sagrou campeão estadual, se classificou como líder de grupo para a próxima fase da Libertadores e venceu o 1º jogo das 8as de final da Copa do Brasil. Mas pelo nosso levantamento, será que isso aconteceu graças ao pesado investimento de no mínimo R$ 21,7 milhões que fizeram?

Outro ponto para se avaliar esta gestão, é saber o que ela recebeu e o que ela entrega até aqui. Alguns pontos:

A) A nova diretoria herdou um Cruzeiro que havia acabado de se sagrar pentacampeão da Copa do Brasil. Um time quase pronto, em alta, e com uma vaga garantida na Libertadores 2018, o campeonato mais importante do continente. Graças à este título da Copa do Brasil conquistada em 2017, o Cruzeiro começou a disputar a Copa do Brasil 2018 já nas 8as de final, ou seja, apenas 4 times e 8 jogos separam o Cruzeiro de uma premiação de R$ 50 milhões.

B) A nova diretoria herdou um Cruzeiro com jogadores valorizados após a conquista da Copa do Brasil, o que poderia resolver os sempre tão citados problemas financeiros. Por exemplo, no dia 31/10/17, o vice-presidente Itair Machado afirmou em entrevista à Rádio 98FM que havia recusado uma proposta pelo zagueiro Murilo no valor de 4 milhões de euros (R$ 15,36 milhões na cotação do dia). No dia 26/01/18, Itair Machado disse em coletiva de imprensa no clube, que o Cruzeiro recusou uma proposta do Al-Hilal que cobria a multa rescisória de R$ 32 milhões do Thiago Neves. Citamos penas 2 jogadores valorizados pela temporada 2017 que poderiam render ao clube R$ 42,75 milhões de reais (conforme declarações do próprio Itair Machado). Não se pode reclamar de uma herança desta.

C) A nova diretoria herdou um time sub-20 que foi campeão brasileiro em 2017 e também campeão da Supercopa, o que deixou o Cruzeiro classificado para disputar a Libertadores da categoria. Graças ao trabalho de Antônio Assunção e Eduardo Freeland nas categorias de base, o Cruzeiro tinha disponível algumas boas promessas que poderiam servir ao elenco principal, no mínimo como bons suplentes. Isto reduziria a necessidade de investir em contratações que não fossem para chegar e resolver. Nomes tais como: Cacá, Lucas Soares, Vitinho, Thonny Anderson, Vander, Nickson. Muitos destes convocados frequentemente para a seleção brasileira de base.

Tendo tudo isso em mente, Wagner Pires/Itair Machado encontraram mesmo um clube num estado crítico? O cenário era tão assustador assim? Gosto do seguinte raciocínio: se devo R$ 10 mil, não tenho nada no banco mas tenho na garagem um carro que vale R$ 20 mil, eu não devo nada. E ainda vou ter uma moto.

O Cruzeiro depois de um 2016 turbulento, entrou nos eixos em 2017 e com pequenos ajustes, estaria pronto para sonhar ainda mais alto em 2018. A avaliação de como tem sido o trabalho do presidente Wagner Pires e o vice Itair Machado, deixo a seu critério após a leitura desta coluna. E raciocinem:

-se os problemas financeiros são tão preocupantes como divulgaram, como rejeitamos R$ 42,75 milhões das vendas de Murilo e Thiago Neves? E como investimos R$ 21,7 milhões em reforços?

-o que foi feito com os jogadores da base campeões do Brasileirão sub-20 e da Supercopa? Onde estão e como estão? A dupla Toninho Assunção e Eduardo Freeland (este último foi contratado pelo Flamengo), que nos rendeu tantas conquistas nas categorias de base foi substituída. O que a base celeste conquistou neste semestre? O trabalho melhorou ou piorou?

A resposta fica por conta do leitor.

#VamoQueVamo

FOTOS: twitter oficial do Cruzeiro

 

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