FALA TORCEDOR: Mudar a estrutura é preciso!

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FOTO: REPRODUÇÃO / ARQUIVO PESSOAL

Recebi com alegria o convite para escrever sobre Gestão para o Deus me Dibre, em um momento de renascimento do nosso clube amado. Este é um período em que todos nós devemos dar nossa parcela de contribuição. Gostaria apenas de reafirmar que não tenho nenhum interesse em trabalhar no Cruzeiro, ou qualquer outro clube, para evitar qualquer tipo de especulação! Minha área é educacional, com experiência em ensino superior, lecionando há mais de 20 anos em vários cursos, como Administração, e tendo como principal área de atuação a gestão financeira e de processos. Só isto!

Como diz a frase “Nascido Cruzeiro, forjado Palestra”, procedo de uma família italiana e desde criança meu time é uma das maiores paixões da minha vida! Quando tinha 16 anos, e não existiam redes sociais, já dava meus primeiros “pitacos” no clube, trocando correspondências com a Presidência. Até que finalmente recebi uma carta inusitada do falecido Presidente Benito Masci, que guardo com carinho.

Pois bem. O Cruzeiro viveu três períodos bastante complicados em sua trajetória, após, óbvio, a troca de nome, durante a II Guerra Mundial. Primeiro na década de 50 e posteriormente na de 80, quando eu já frequentava estádio e tive a felicidade de assistir ao meu maior ídolo: Joãozinho!

Porém, de forma surpreendente, o clube vivenciou nestes últimos dois anos a pior crise institucional e financeira relatadas em suas páginas heroicas e imortais! Das páginas esportivas, o clube foi catapultado para as páginas policiais. Até então um clube simpático em todo o País, transformou-se em odiado por outras torcidas e, pior, da mídia nacional. Bom, acho que não preciso contar este roteiro, nem citar seus vilões! Hoje temos que pensar no futuro, no renascimento!

Gerencialmente falando, uma das primeiras ações do clube é reformular toda a sua estrutura administrativa, de forma que a mesma fique bem enxuta, o que está sendo muito bem feito! Não quero ser o senhor da razão, mas deixo aqui observações da minha vida profissional e, principalmente, da minha experiência de estádio, frequentado desde criança, quando ia de ônibus, saindo da região boêmia do centro.

Sempre bato na tecla de que modernizar o estatuto hoje não é somente a principal atitude a ser tomada pelos nossos Conselheiros, mas a única para salvar o clube, no sentido de evitar que nunca mais a instituição sofra com a presença de pessoas sem experiência gerencial ou forasteiros que objetivam “ficar ricos”. Os conselheiros até então eram os fiéis depositários da representatividade celeste, e após todos esses escândalos tal status perdeu credibilidade perante a torcida! A chance de recupera-la é votando pelo #MudaEstatutoCruzeiro

Outro item vital é implantar, em caráter de urgência e de forma profissional, o Portal de Transparência, pois esta ação aumenta a credibilidade do clube junto ao seu ativo mais valioso, ou seja, o seu Torcedor! Quem não quer saber, por exemplo, sobre pessoas que recebem comissões por negociação de atletas, percentual dos passes, entre outras curiosidades? Situações básicas, como quem viaja com o clube gerando custos de transporte e hotelaria, devem ser explicadas. Se for um investidor, alguém que vai agregar algo, ok, justificado, porém o que presenciamos é que diversas pessoas utilizavam essas viagens como agência de turismo, sem qualquer retorno. Até mesmo a distribuição gratuita de camisas para amigos, festas, churrascos, deve ser revista. Também a contratação de familiares, inspirada nos modelos de gigantescas empresas familiares como o Grupo Votorantim, que possui políticas rigorosas para quando filhos e netos ingressarem em suas estruturas! Acredito até que um ou outro possa ser contratado, porém com perfil profissional e técnico comprovado! O mesmo vale para cargos de Diretoria e Gerência, até então mais apadrinhamentos políticos do que propriamente condizentes com a função.

Com relação ao torcedor, ele deve ser mais escutado. Uma Ouvidoria poderia ajudar. Um bom exemplo é o fantástico projeto “Redutos Celestes”. Meu amigo Fabão, da Zeiroschussetts (EUA), é um exemplo disto. Ele tem uma luta para a implantação do “Sócio Internacional”, que nada mais é do que abrir uma modalidade para que residentes do exterior possam contribuir financeiramente com o Cruzeiro! Eu sou testemunha do trabalho fantástico destes abnegados torcedores que realizam ações custeando do próprio bolso para divulgar nosso time! Profissionais do marketing poderiam obviamente criar benefícios para tais associados. Também tenho um grande desejo, que é a criação do “Museu 5 Estrelas”. Sempre que viajo ao exterior, museus constituem paradas obrigatórias, como também temas relativos ao futebol. Já passou da hora de colocar toda a nossa história – não somente troféus, bolas, flâmulas, livros, chuteiras e o que mais for – em um local apropriado, que inclusive será certamente ponto turístico em nossa cidade, gerando receita. Já adianto que faço doação da minha carta original para este local sagrado!

Com relação aos patrimônios, gosto de citar minha falecida Nonna, que se viva estivesse completaria 100 anos neste mês. Ela dizia que “terra não se vende, compra-se”. Pois bem. A Sede Administrativa poderia ser totalmente alugada, com nossos colaboradores atuando em outros locais do clube. Já o clube do Barro Preto poderia se transformar em um shopping, gerando receitas. Com certeza seus associados da área de lazer não gostariam, mas nunca é demais lembrar que o Cruzeiro pertence a nove milhões de torcedores, e não somente a esses (com todo respeito). Outras dependências também poderiam ser analisadas para gerar faturamento! Aprovaria a venda somente em caso de absurda falta de opção! Mas é bom lembrar que se cada gestão que assumiu o clube tivesse vendido algum patrimônio, com certeza hoje nem CT teríamos!

E rever a “experiência” de ir ao estádio citando o livro O jeito Disney de encantar clientes, que deve ser leitura obrigatória para as pessoas responsáveis de receber o torcedor no Mineirão. Como disse um amigo: “Hoje vou ao Mineirão, pegar um trânsito absurdo, estacionar longe, tomar chuva, beber cerveja quente e ruim, voltar molhado para casa, com sorte, fugir de um assalto ou briga, e chegar tarde em casa”. Pensa bem! Já não passou da hora de rever a questão de se estacionar no entorno do estádio, melhorar entrada e saída com técnicas como “Teoria das Filas” da Pesquisa Operacional e dar toda uma sensação de satisfação ao nosso torcedor, com todas as comodidades das tecnologias disponíveis?

Finalizo pedindo para que estejamos todos unidos, a fim de que nosso time renasça das cinzas e continue sendo este Gigante, esta Potência do futebol mundial.

Fica aqui o meu total apoio ao Conselho Gestor para condução dos seus trabalhos. Lembrem-se, vocês têm uma China Azul confiando em vocês! O trabalho até o momento me faz lembrar o melhor livro que li na vida, a biografia do Lee Iacocca (hoje encontrada somente em sebos), responsável por salvar a Chrysler da falência! Entrem para a história como celebridades do mundo corporativo e esportivo!

Desejo um abençoado 2020 a todos, e que contribuam também com sugestões e muita garganta na arquibancada, para que possamos ter um centenário inesquecível no próximo ano! Quem sabe se com uma escola de samba já homenageando nosso Cruzeiro na “Marquês de Sapucaí”, com a China Azul invadindo o Rio de Janeiro!


O autor deste texto, enviado através do FALA TORCEDOR do DMD, é Rogério Visacro (@rovisacro)

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