FOTO: GUSTAVO ALEIXO / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
Era Gilvan:
Na situação atual, acho que todo cruzeirense gostaria de pegar uma máquina do tempo e voltar ao final de 2014, quando o time celeste enchia a todos de orgulho vencendo pela segunda vez consecutiva o Brasileirão, um dos campeonatos mais difíceis do mundo. Porém, o que poucas pessoas lembram é que já no final do ano, Alexandre Mattos aceitou o desafio de ir para o Palmeiras – que vinha brigando contra o rebaixamento há alguns anos.
Foi também nessa época que Gilvan deu a famosa declaração que o Cruzeiro tinha um grande negociador (ele mesmo! risos) e para substituir o jovem e consagrado diretor efetivou uma dupla que ficou marcada como uma das maiores lambanças na história do clube: Valdir Barbosa, um jornalista e assessor e Benecy Queiroz, um supervisor e gestor.
Essa dupla já era conhecida do Cruzeiro. E mesmo com Gilvan tendo rompido com a família Perrella, Valdir Barbosa e Benecy Queiroz eram heranças deixadas pela antiga diretoria – e já naquela época eram questionados sobre o que de fato faziam no clube. E foi no surto narcísico de Gilvan que ambos comandaram um futebol supercampeão e em seis meses apresentaram um verdadeiro show de horrores.
Cruzeiro usou o dinheiro da venda de Ricardo Goulart, Everton Ribeiro e Lucas Silva em uma barca de jogadores muito contestados. Para citar alguns: Paulo André, Fabrício, Mena, Pará, Willians, Ariel Cabral, Riascos, Joel, Leandro Damião e Arrascaeta – este o único grande acerto veio acompanhado do contrapeso “Latorre” que se tornou uma das maiores dívidas do clube na FIFA. Para completar, lambanças sem fim nos bastidores como jogador barrado na imigração em jogo da libertadores, lista de convocados escrita em papel de pão e vazada de forma amadora para a imprensa, demissão injusta de Marcelo Oliveira, efetivação de Luxemburgo e Tinoco e quase a fatídica queda para a segunda divisão foi antecipada.
O final todos sabem: pressionado, Gilvan mudou tudo e efetivou Bruno Vicintin, então superintendente da base. O mesmo trouxe Mano Menezes e Thiago Scuro. O Cruzeiro além de se salvar ainda quase se classificou à libertadores do ano seguinte. Começava ali um indício de reestruturação da diretoria que surtiu efeito em campo. E o mais impressionante: Sérgio Santos Rodrigues viu isso tudo de perto até 2017.
Era Sérgio Santos Rodrigues:
Mas parece que no Cruzeiro, nem a torcida e nem a diretoria lembra do passado. Cinco anos depois, uma nova dupla de diretores de futebol assombra a torcida 5 estrelas. O novo presidente chega cheio de inovações, mas com muitos vícios arcaicos: efetivou o ex-treinador Deivid como diretor de futebol, que contava com a ajuda da antiga raposa da bola Ricardo Drubscky.
Contratações bisonhas e decisões mais absurdas ainda mostram um amadorismo poucas vezes visto na história do clube. Uma das primeiras contratações, o lateral esquerdo Giovanni, de 31 anos, veio supostamente a pedido do treinador. Sua estreia foi dia 1º de agosto, e a última dia 29. Bastou um mês para qualquer pessoa que entende minimamente de futebol entender o tamanho da lambança que foi essa contratação. E aí, mostrando total despreparo, a diretoria decidiu por afastar o jogador! Ora, se se nem eles acreditam no trabalho deles e este reles torcedor deve acreditar?
Isso porque ainda podemos citar contratações de bases “parceiras”, como o caso do meia Claudinho, que chegou custando R$3 milhões e, até agora, sequer fez um gol ou deu uma assistência. Mas segue tomando o lugar de jogadores da própria base do Cruzeiro, como Marco Antônio (diversas vezes convocado pras categorias de base da Seleção) ou o caso do jovem Rafael Luiz, comprado junto ao Sport e emprestado pela mesma Ferroviária – que toma espaço de jogadores que sequer tiveram chances no profissional, com Alejandro (convocado pra seleção sub-20 do México) ou Caio Rosa.
Enfim, qual a lógica de se descartar um jogador patrimônio do clube como Caio Rosa, que há alguns meses era convocado a Seleção Brasileira sub-20, para valorizar o jovem Angulo, que nem jogador do Cruzeiro é? Tudo que acontece no futebol do clube é obscuro e não a toa estamos com um aproveitamento pífio e brigando para não cair – enquanto o departamento mais importante do clube é administrado por dois profissionais sem qualquer qualificação para tamanha tarefa.
Sinceramente, só o tempo vai dizer qual das duas duplas fez uma maior desserviço ao clube. As rodadas passam e nosso presidente mais pensa em conteúdo de lives do que em melhorar o desempenho do time. Pobre de nós, torcedores, que com tudo isso só ficamos com o sofrimento das derrotas.
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