FALHAMOS EM (QUASE) TUDO

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FOTO: REPRODUÇÃO / CRUZEIRO E.C.

Procuramos sempre evoluir, é parte do processo natural de qualquer ser vivo. Por mais que o revisionismo histórico e científico esteja em voga, podemos confiar na teoria da evolução, pra isso temos evidências e metodologia científica.

Mas o ser humano, diariamente, dá amostras de que quer enfrentar e rebater a evolução. Não caminhamos mais pra uma sociedade que busca o bem comum e tem na tecnologia uma forma de aproximar, aparar as diferenças e respeitas as escolhas e opiniões alheias. A maior prova disso é visível logo no meio que mais incluí as pessoas: o esporte.

Cruzeiro e São Paulo se enfrentam na final do Brasileiro A2. Logo no primeiro ano de existência, a equipe feminina celeste mostrou que surgiu pra fazer história e honrar a camisa. Uma campanha impecável até a final, um time de talentosas jogadoras e uma coordenação competente. Nem mesmo o primeiro jogo da final, vencida pelo tricolor paulista por 4 a 0, tirou dos torcedores a vontade prestigiar as “cabulosas” no maior palco dessas Minas Gerais. Teríamos um jogo previamente anunciado no Mineirão.

Uma semana depois do anúncio, Cruzeiro e poder público voltam atrás. Numa decisão sem sentido, a PMMG diz que o jogo não pode acontecer, pois no mesmo dia a região da Pampulha receberá uma corrida de rua marcada há meses, promovida pelo Atlético. Públicos diferentes, horários diferentes, esportes diferentes e que precisam igualmente de atenção e investimento. Que fogem do senso comum. Eventos que poderiam sim coexistir.

A incompetência nessa questão também fica por conta do Cruzeiro, afinal, a corrida estava marcada há meses. O clube poderia solicitar segurança privada para fazer o isolamento ou os trâmites necessários – se é que realmente são necessários, uma vez que nem mesmo a presença massiva de torcida organizada se faz nesse tipo de evento. De toda forma, essa mudança drástica de decisão também parece ser por questões econômicas, uma vez que o clube não se engaja para promover o futebol feminino com entusiasmo.

Enfim, fica nítido que falhamos em quase todos os aspectos só por levantar debates como esse. Falhamos enquanto sociedade incapaz de promover o esporte, falhamos como estado e agentes públicos por não conseguirmos prover segurança, falhamos como instituição por não prover ao futebol feminino o que ele merece. Só não falhamos na história sendo construída por essas jogadoras e comissão, essas sim, independentemente do resultado, são campeãs e merecedoras de todo nosso apoio, no Mineirão ou no SESC. Seguimos acreditando numa virada cabulosa! E seguiremos juntos com título ou não!

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