FOTO: VINNICIUS SILVA / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
Em parceria com o portal Superesportes e o portal UOL Esportes, nós começamos hoje uma série de reportagens que demandou demasiado tempo de apuração e pesquisa. O conteúdo das reportagens diz respeito à “farra” dos cartões corporativos do Cruzeiro e seu uso indiscriminado pelos dirigentes da antiga gestão presidida por Wagner Pires de Sá.
Se o discurso de que o Cruzeiro estava “quebrado” foi usado como retórica para defender a gestão Wagner, grande parte dos gastos que tivemos acessos – sendo também motivo de investigações públicas e privadas – vem do uso, no mínimo imoral, do dinheiro do clube para fins particulares. Os cartões corporativos do clube, de forma abrangente, são usados para aquisições de equipamento, pagamento de viagens/diárias para o clube e demais despesas imediatas. Entretanto, os cartões também foram usados para diversos fins que não condizem, ou ao menos levantam suspeitas.
Dentre os diversos gastos e valores que chamam atenção, uma viagem particular realizada em janeiro de 2019 pelo então presidente Wagner Pires de Sá, foi paga pelo clube. O destino foi Arraial D’Ajuda (BA), onde foram gastos R$13.956,00. Desse valor, R$7.466,00 foram gastos em estadia no Kuara Hotel (de razão social Mucugê Village Resort) um resort 5 estrelas na cidade do litoral baiano. Dentro do valor total de quase 14 mil reais, ainda foi possível identificar o gasto de R$3.164,00 para a operadora de turismo responsável pela viagem, R$1.267,00 gastos no hospital Neuroccor e o valor de R$1.700,00 em restaurantes diversos da cidade.
Outros valores menores ainda são discriminados no documento, que dizem respeito a aluguel de carro e um pagamento no valor de R$35,00 não identificado. O ex-presidente Wagner Pires de Sá foi contatado por nossa reportagem, mas não atendeu às ligações e nem retornou nossas mensagens.
Vale ressaltar que não há qualquer dispositivo ou norma que regule o gasto dos cartões corporativos no clube. Nem mesmo nas adequações de compliance propostas ainda na antiga gestão e tampouco dispositivo estatutário. Na insuficiência de contato com o ex-presidente, é preciso ressaltar que além da nossa apuração, as investigações também não identificaram qualquer sinal de reembolso realizado em relação aos gastos que mostrados nesta matéria e nas próximas que estão por vir.
O Cruzeiro segue passando a limpa os contratos e gastos dos últimos anos, a empresa de consultoria e investigação privada Kroll segue trabalhando para identificar possíveis irregularidades, ao mesmo tempo que a empresa Moore foi chamada para auditar o balanço financeiro referente ao ano de 2019.