Em partida disputada no estádio Kleber Andrade, em Cariacica, no Espírito Santo, o Cruzeiro sofreu uma derrota por 2 a 1 para o Fortaleza, encerrando sua condição de 100% como mandante no Campeonato Brasileiro. Após o jogo, válido pela 21ª rodada, o técnico Fernando Seabra fez uma análise detalhada do desempenho da equipe, criticou a condição do gramado e já projetou o próximo confronto contra o Atlético.
Fernando Seabra destacou a diferença entre os dois tempos do jogo, principalmente em termos de volume ofensivo e presença na área adversária.
“Dois tempos distintos, principalmente de volume ofensivo, criação, presença de área. No primeiro tempo conseguimos criar mais chances, ameaçar mais o gol do Fortaleza. Sofremos muito contra-ataques também. Fomos deixando aos poucos o jogo à característica do Fortaleza. Sofremos o primeiro gol, fomos capazes de retomar o domínio e buscar o gol e ter outras oportunidades. Numa desatenção, de uma bola parada, sofremos o segundo gol.”
O treinador ressaltou a dificuldade em manter a mesma estrutura no segundo tempo, reconhecendo a melhora defensiva, mas a queda na criação de oportunidades. “No segundo tempo estivemos mais estruturados pra não sofrer com as transições do Fortaleza, que poderia explorar ainda mais o contra-ataque. Mas não conseguimos criar. E insistimos demais pelo mesmo lado. Chegamos pouco ao gol do adversário. O gramado piorou muito à medida que foi passando. Todas essas escolhas promoveram ainda mais perda de bola. Entendo que eles conseguiram se adaptar melhor ao campo, uma equipe que joga defensiva. Não soubemos nos adaptar tão bem ao gramado. E, sim, faltou um volume maior de chances. Ainda considero que o empate seria justo pelo que as duas equipes fizeram.”
Seabra explicou as dificuldades enfrentadas no segundo tempo, destacando a falta de variação tática e a influência negativa do gramado.
“No primeiro tempo nós estávamos fazendo mais movimentos pelos lados. Isso gerava necessidade de cobertura e empurrava o time deles pra trás. Acabamos não sendo felizes. Sempre permitimos que defesa do Fortaleza se reequilibrasse. Entregamos muito tempo. Tivemos pouca variação no sentido de romper as costas dos laterais. Ficou, de uma certa forma, cômodo pro Fortaleza só neutralizar nossos ataques. Acho que tem esses aprendizados importantes. Mas o gramado atrapalhou a fluência do nosso jogo, por ser um jogo que envolve passes, movimentos e que depende de ações técnicas limpas e nesse contexto essa dificuldade foi ficando cada vez mais presente.”
Sobre as substituições, Seabra detalhou as mudanças e suas intenções. “Precisamos colocar o Gasolina no lugar do William e nessa troca usamos o Gasolina no ataque, defender como lateral, mas se colocar como um ponta. Algo que no lado direito não conseguimos. Algumas vezes William chegou, muitas vezes a gente não teve clareza. Demos amplitude no lado esquerdo, ora com o Lautaro, ora com o Barreal. A entrada do Vitinho, nós voltamos a usar apenas dois zagueiros e liberamos o Marlon, já era mais final de jogo e abrimos mais a equipe. Ficamos mais expostos, mas eram os 15 minutos finais. Não conseguimos usar o peso que tínhamos nos laterais.”
O treinador falou sobre a importância de aprender com os desafios enfrentados e a necessidade de equilíbrio.
“Cada jogo tem as suas características e sua história. Quando nós encontramos um adversário com essa dificuldade, fica o aprendizado que precisamos melhorar. Sempre tem que ir pro equilíbrio. Claro que o sentimento, nós ficamos tristes, mas precisamos voltar pro equilíbrio e tirar as lições, porque é um cenário que pode se repetir. Isso nos traz pra ideia de que é um processo contínuo e melhorar o nosso repertório, ter controle de situações que são diferentes.”
Já projetando o clássico contra o Atlético, Seabra enfatizou a importância do confronto e a preparação da equipe. “Sabemos da importância do jogo. É um jogo especial pra nossa equipe, pra nossa torcida. Precisamos de uma resposta. Temos um grupo que nos apresenta possíveis soluções pra cada cenário. Vamos estudar direito o Atlético, como funciona a lógica, esse trabalho já está sendo feito. Voltar a fazer um jogo impositivo, de qualidade.”