
Em uma noite tensa no Engenhão, o Cruzeiro assegurou sua permanência na Série A do Campeonato Brasileiro após um empate sem gols contra o Botafogo. O técnico interino, Fernando Seabra, concedeu uma coletiva pós jogo, expressando sua satisfação com a conquista do objetivo, além de abordar aspectos táticos e perspectivas futuras.
O comandante celeste iniciou a análise fazendo uma leitura de como foi o confronto contra o Botafogo, que está na luta pela classificação direta da Libertadores. E ainda destacou a importância dos garotos do Sub-20, recém promovidos à equipe titular, nesta sequência final de campeonato:
“Obrigado pelo empate e permanência. Os meninos conhecem muito bem esses espaços, é uma forma de atuar que acabou sendo parecida com o que a gente vinha usando no sub-20, com alguns ajustes defensivos da primeira linha de marcação. Tivemos uma atuação muito importante do trio de ataque no momento de organização defensiva. Eles ajudaram a fechar o jogo do adversário. E isso deu uma certa tranquilidade pra que a gente conseguisse controlar esses espaços. Era muito importante a gente ser agressivo e tirar os cruzamentos dos adversários. Hoje a gente teve mérito nisso, porque o Botafogo é muito forte nos cruzamentos de pé trocado, um time muito agressivo no jogo áreo, ataque à área. Felizmente, a gente conseguiu controlar bem e limitar as oportunidades de finalização deles.”
Seabra reconheceu a desvantagem física e cognitiva de sua equipe devido à sequência de jogos e ao curto período de preparação em comparação com o Botafogo. No entanto, celebrou a capacidade de seus jogadores de manter o nível de desempenho e destacou a importância de acumular experiência e ajustes a cada partida:
“Era muito importante a gente ter uma mescla. A sequência de jogos e a desvantagem que a gente tinha nesse sentido. O Botafogo teve quatro dias (de treino) e a gente teve três. A gente já esperava uma certa queda física e cognitiva no jogo passado, isso não aconteceu. Isso mostrou um crescimento da equipe ofensivo. O que a gente vem fazendo é acumular a experiência e forma de jogar de um jogo pro outro, pra tirar lições e ajustes importantes.”
Apesar de um jogo com poucas chances claras de gol, o treinador enalteceu o empate como resultado justo para uma equipe que enfrentou adversidades ao longo da temporada, deixando claro que o time estava em desvantagem por conta da sequência de jogos: “Acredito que numa condição normal de jogo, os jogadores fisicamente e mentalmente recuperados, a gente teria gerado chances claras nas transições. Então, de qualquer forma, eu acho que o empate é um resultado justo pro jogo, mas sobretudo justo pra uma equipe que enfrentou muitas adversidades. Isso me deixou muito orgulhoso do trabalho de todos. E a competição não acabou, temos um objetivo, vamos fazer nosso melhor contra o Palmeiras para conquistar essa vaga na Sul-americana.”
Seabra também falou sobre o sentimento de deixar a equipe na Série A do Campeonato Brasileiro:
“O sentimento é de alívio e missão cumprida. Não é o tipo de objetivo que a gente atinge que permite a gente comemorar, celebrar, ficar feliz. Porque o Cruzeiro, gigante que é, a gente sabe que o adequado é disputar título, brigar lá em cima. O alívio é pelo objetivo alcançado e porque o desgaste vinha sendo tremendo. Não só dos jogadores, mas da comissão também. Quando você aceita participar dum momento desse, o risco é mais alto que o benefício. Você não vai ter o benefício de ser campeão, tem o risco de ser rebaixado. É um dos motivos que justificam o alívio, ele é justo.”
Já projetando o duelo contra o Palmeiras, o técnico adotou uma postura cautelosa, mencionando a necessidade de avaliar o desgaste dos jogadores: “A gente tem que esperar a reapresentação, a avaliação do desgaste do que está acontecendo. Tem jogadores que fizeram sacrifício muito grande. Quem está por dentro dos bastidores, sabe o que está por trás de atingir uma meta como essa. E do respeito que esses caras merecem. Porque a gente não externa, não pode dar arma pro adversário. Mas tem que valorizar o que esses jogadores fizeram. Vamos com calma, o objetivo é a gente ser o mais competitivo possível pra atingir esse objetivo.”
Em meio a elogios à mobilização dos jogadores e à construção coletiva, Fernando Seabra encerrou a coletiva sem ansiedades quanto ao seu futuro na equipe técnica, ressaltando seu propósito de vida e a satisfação em ver os jogadores da base alcançando resultados positivos.
“O sacrífico e a renúncia pessoal é muito alta no futebol. Mesmo na base. O sub-20 teve os títulos, mas muito mais importante, é num momento importante os jogadores conseguirem assumir a resposabilidade. Esse é o título da base. Hoje Japa e Ian foram titulares. João Pedro e Robert entraram. É um sentimento de realização do trabalho que vem sendo feito. Em relação a minha carreira, vou ser franco, quando o Cruzeiro me ligou se eu estaria disposto a aceitar esse momento, não condicionou a nada. Isso continua valendo. Eu tinha que fazer o meu melhor pelo clube no momento.”