FRIEZA E COMPETÊNCIA ESPORTE CLUBE

Compartilhe

FOTO: BRUNO HADDAD / FLICKR OFICIAL CRUZEIRO E.C.

Paciência. A palavra chave para definir a forma como joga o time do Mano Menezes também é a palavra que a torcida deve entoar como mantra. Mais uma vez, o time teve a competência de sair com a vitória, 1 a 0 contra o Emelec, fora de casa, e mantém a liderança isolada no grupo B da Libertadores, além de ostentar a melhor campanha da competição até o momento. Ao mesmo tempo, sobrou frieza para um time que, mesmo mostrando poder ofensivo avassalador, só conseguindo fazer um gol, soube se defender e voltar pra casa com os três pontos.

Eu sei, é chover no molhado criticar a forma como Mano decide a postura do time, principalmente depois do segundo tempo. Reativo, retranqueiro, defensivo… enfim, os adjetivos não faltam. Mas o reconhecimento deve ser recíproco. Na mesma proporção em que nos perguntamos “mas precisava dessa dificuldade toda?” também precisamos reconhecer que “esse cara sabe o que ta fazendo, e ta fazendo bem!” sem pestanejar.

Mas especificamente após o jogo de hoje, o Cruzeiro pode se libertar das amarras da desconfiança para empolgar. Numa mesma rodada de Libertadores em que Palmeiras e Flamengo, favoritos ao título, sucumbiram diante de rivais de menor qualidade técnica, o Cruzeiro garantiu sua invencibilidade e seus 100% de aproveitamento na competição.

Comentei no twitter e volto a citar por aqui: nem em 2001 quando apresentava um futebol vistoso e raçudo, nem em 2004 pós tríplice coroa, nem em 2009 quando surpreendeu e chegou às finais e nem em 2011 quando ganhou a alcunha de “Barcelona das Américas”, o Cruzeiro tinha tantos fatores que elevassem o clube a um franco postulante do título.

Elenco forte e reforçado, jogadores experientes e decisivos – palmas para o Rodriguinho, inclusive, que partida espetacular! – um técnico inteligente e estudioso, entrosamento de todos os setores do campo, jogadores focados e de uma inteligência tática de dar gosto, além do espírito copeiro que restabeleceu o Cruzeiro ao seu patamar de origem. Se o torcedor não se empolgar com essa situação, não sei o que mais pode fazer isso acontecer.

Que fique bem claro: não existe “obrigação” em ganhar Libertadores, mas em 2019 essa chance tem se mostrado extremamente possível. E mesmo com todos os fatores acimas, ainda assim o título segue sendo um sonho distante, que depende de uma temporada longa e que é submetido constantemente a variáveis não-controláveis, como lesões, transferências, arbitragens tendenciosas e, é claro, a sorte e o azar.

O Cruzeiro ganha e mostra que isso não é apenas uma boa fase, mas sim uma proposta que tende a perpetuar. Agora o futebol se mostrará mais difícil, com fases finais e times fortes colocando à prova se esse time que resolveu empolgar seu torcedor é mesmo o bicho-papão que faz jus ao apelido de Bestia Negra.

Compartilhe