Futebol feminino do Cruzeiro tem projeto consolidado e potencial para se tornar referência

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O Cruzeiro deu início ao seu projeto de futebol feminino em fevereiro de 2019, como parte da exigência da CBF de que os clubes da Série A do Brasileirão masculino também tivessem equipes femininas. Naquele momento, as jogadoras começaram seus treinamentos nos espaços da PUC Minas, em Belo Horizonte.

Cinco anos depois, as “Cabulosas”, como são chamadas, continuam a crescer e buscar melhores campanhas. Um destaque desse período foi a conquista da primeira premiação em dinheiro, algo que se tornou possível com a chegada da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ao clube, trazendo mais investimento e profissionalização para o futebol feminino. A equipe recebeu R$ 400 mil da CBF pelo segundo lugar na Supercopa do Brasil deste ano.

Em 2023, o Cruzeiro encerrou a primeira fase do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino na oitava posição, marcando a melhor campanha da equipe até então no torneio. Esse resultado foi reflexo de um trabalho significativo, impulsionado por diversas mudanças positivas no clube, que tem dado cada vez mais atenção à modalidade feminina.

O trabalho fora de campo, liderado por Kin Saito, ex-diretora do futebol feminino, e Bárbara Fonseca, coordenadora da equipe, tem sido fundamental para esse desenvolvimento. O Cruzeiro realizou mudanças estratégicas importantes, incluindo a chegada do técnico Jonas Urias e da auxiliar Vantressa, que trouxeram uma nova abordagem para a comissão técnica. No final de setembro, a diretoria acabou deixando a equipe, o que gerou preocupação por parte dos torcedores com a modalidade.

O trabalho feito com seriedade e investimento na estrutura e em tecnologia do esporte levaram as Cabulosas ao vice-campeonato da Supercopa feminina, perdendo para o Corinthians, e conseguindo uma campanha histórica no Brasileiro da modalidade alcançando às quartas de final. A chegada de Ronaldo, antigo dono da SAF celeste, trouxe mudanças e maiores cuidados com a modalidade, tornando o clube uma das forças no cenário nacional, capazes de bater de frente com equipes mais estruturadas.

Segundo apuração do portal, o custo do projeto de futebol feminino do Cruzeiro, em 2024, foi de 7 milhões de reais em folha de pagamento de atletas e mais R$ 1 milhão com a comissão, isso com o clube investindo em equipamentos como GPS para monitorar os dados de treinamentos, projeto de marketing, dois analistas de desempenho, fisiologista, psicóloga, supervisora, auxiliar de campo, fotógrafo, assessora de imprensa própria, além do que já existia. Além disso, o clube faturou com patrocínios em torno de R$ 4 milhões.

Recentemente, em matéria publicada pela jornalista Cíntia Barlem, no GE, o Cruzeiro também implementou outras melhorias como a contratação de uma nutricionista exclusiva e a oferta de refeições completas (café da manhã, almoço) e jantares personalizados em forma de marmitas, ajustadas às necessidades individuais de cada jogadora. Essas ações demonstraram o compromisso do clube com a profissionalização do futebol feminino.

No entanto, houve uma mudança recente na política de refeições, em que as marmitas deixaram de ser fornecidas para as jogadoras, mantendo-se apenas no masculino. A justificativa para essa alteração foi a “economia”, gerando uma disparidade entre as modalidades, o que contrasta com o esforço inicial do clube em proporcionar igualdade e excelência para ambas as equipes.

A declaração do CEO de futebol do clube de que a modalidade tem que gerar receita para poder “caminhar com a próprias pernas” vai de encontro com o sucesso que o clube vem atingindo na modalidade e no projeto estruturado que vinha sendo realizado na antiga gestão de Ronaldo Fenômeno, a qual Pedro Lourenço, atual dono da SAF, prometeu dar continuidade. O futebol feminino do Cruzeiro está estabelecido e tem o apoio dos torcedores que sempre comparecem em jogos da equipe. A expectativa é de que mais avanços sejam alcançados e não retrocessos.

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