Foi no ano de 1973 que o Cruzeiro surpreendeu o Brasil mais uma vez e apresentou ao mundo da bola a Toca da Raposa I. O que era, até então, o primeiro centro de treinamento do país destinado exclusivamente para a preparação de um time profissional de futebol.
Décadas depois, só em 2002, a Raposa apresentou o novo lar do time profissional celeste, a Toca da Raposa II. E com isso, outra inovação: a Toca da Raposa I – ou Toquinha, como é carinhosamente chamada – passou a de uso exclusivo das categorias de base e formação de atletas do Cruzeiro.
Mas isso você já sabia, claro. E se é cruzeirense bruto, deve morrer de orgulho da estrutura e do patrimônio construído ao longo de uma história centenário. Então, porque eu abordei esse assunto? Simples, há mais ou menos um mês, nos bastidores celestes, começou uma conversa que o vice-presidente executivo de futebol, Itair Machado, estaria com planos de vender a Toca da Raposa I. Sim, vender. A justificativa seria a de “pagar as dívidas da instituição”.
Para finalizar, Itair teria proposto a compra de um terreno em Nova Lima que abrigaria a base e o time profissional. Um novo CT. Se tem alguma dúvida dessa insanidade, basta acompanhar sua entrevista ao portal Superesportes no dia 10 de novembro.
isso só pode ser um delírio!
De 1973 até os dias de hoje, o Cruzeiro teve nove presidentes e incrivelmente nenhum deles teve essa “brilhante” ideia. Seria Itair um visionário?!
Se a proposta é quitar dívidas, torna-se incoerente todo o “brilhantismo” dessa reformulação sugerida pelo dirigente. Ele quer vender algo que já existe e funciona bem, para compra um terreno e… gastar com construção! Ah, vá!
Mas, espera aí. E o dinheiro da Copa do Brasil?!
Segundo algumas fontes ligadas ao clube, o valor de 16 milhões de reais foi destinado para pagar a premiação para jogadores e também FUNCIONÁRIOS pela conquista do hexa. Sim, praticamente uma anomalia no mundo da bola. A maioria dos clubes parcelam os “bichos”. Ainda mais um valor tão volumoso como esse. Pelo jeito o Cruzeiro está precisando e com urgência de um conselheiro econômico.
Mas, é claro, todas as mudanças radicais e tudo que pode ser proposto passa pela decisão do conselho do Cruzeiro. E, como todo bom ambiente democrático, há pessoas contrárias as posições do atual vice-presidente de futebol.
Segundo o conselheiro nato, Gustavo Gatti, o vice-diretor de futebol Itair Machado teria que focar em sua função: “O Cruzeiro precisa saber o que quer. Ele (Itair) já falou em vender o estacionamento da Sede Campestre pra pagar a dívida do jogador que veio junto (Latorre) com a contratação do Arrascaeta, uma situação que já foi explicada, ou vinha os dois ou não vinha ninguém. Agora, se precisa vender patrimônio para pagar dívida de jogador… qual seria o preço de um novo CT? E a explicação seria a de proximidade da casa dos jogadores? E os demais funcionários?” Gatti não se opõe a um novo CT, só ressalta qual seria a intenção e se existiria um planejamento por trás “Se o planejamento for o de crescer o Cruzeiro, eu não me oponho só por ser oposição. Mas é algo a ser debatido e pensado num futuro e que visualize a situação do clube nos próximos 10, 20 anos talvez.”
O portal Deus Me Dibre também tentou contato com o presidente do conselho, o senador Zezé Perrella, mas não obteve sucesso.
Enfim, loucura e devaneios a parte, por que não tentaram um acordo para saldar o débito referente ao Latorre antes de gastarem uma dinheirada na contratação do Bruno Silva? Cadê a política de austeridade? O problema não eram as dívidas? E ainda assim, um elenco caro foi mantido e uma folha salarial alta foi ainda mais inchada.
Cabe ao vice-presidente de futebol colocar-se no seu lugar: o futebol. Essa “impressão” de que ele tem se tornado o homem-forte e com a sensação de ser “dono” do Cruzeiro causa asco naqueles que sabem o quão prejudicial pode ser sua onipotência na vida do clube além do futebol.
Cruzeiro, siga forte. As pessoas passam, a instituição – e seu patrimônio – permanecem!
Falando em patrimônio
Segundo o estatuto do Cruzeiro, cabe ao conselho decidir se deve ou não desfazer de algum patrimônio (bem imóvel) da instituição.
Outros conselheiros foram procurados, mas não emitiram suas opiniões sobre o assunto.
Rodrigo Genta e Stefano Poke