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GILVAN: MAIS SORTE QUE COMPETÊNCIA

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Não é preciso dizer que, de forma clara e explícita, esse portal através de seus colaboradores e funcionários sempre se expôs de forma a deixar claro que não concordava com diversos momentos e posturas adotadas pela atual diretoria do Cruzeiro. O que parece não ter ficado claro, ainda, é que a crítica é feita com base em duas premissas muito simples. A primeira é que apurar, apresentar dados e fatos, explicitar e informar o acontecido a partir da sua noticiabilidade é uma determinante para que se cumpra o bom jornalismo. A segunda é que, “estar no poder”, significar ser o “alvo”, o “teto” para que as críticas sejam construídas e obviamente publicadas.

Não faz sentido que eu critique a gestão do Perrella e queira que ele pague por isso, por exemplo, se o próprio clube não apresenta mecanismo para sanções ou correções. Infelizmente, voltar no tempo não é uma variável nessa conta. O que eu posso fazer é apresentar e cobrar a partir dos mandos e desmandos da diretoria atual. E para contextualizar, aí sim, relembrar de que forma as coisas chegaram a esse ponto. Isso eu fiz, e você pode conferir clicando aqui, por exemplo.

Mas a ideia difundida nesse “firehosing” é que só ha legitimidade na crítica atual, se eu que apontar todos os mandos e desmandos da diretoria anterior (coisa que eu fazia na época e um pequeno search no twitter pode comprovar isso), eu posso fazer isso. Então vamos esmiuçar em números a gestão Gilvan de Pinho Tavares.

GILVAN, O CENTRALIZADOR

Gilvan é o típico caso de pessoa que tem “mais sorte que competência”. Isso fica claro se analisarmos os números. De 2011, quando assumiu interinamente o clube, a 2017, Gilvan foi o presidente que conquistou dois títulos mineiros, dois títulos brasileiros e uma Copa do Brasil. Mas ele teria sido o grande responsável por essas conquistas? De acordo com os números e os fatos da época, fica evidente que não.

Quando assumiu, em 2012, Gilvan contava com uma diretoria de futebol composta por Dimas Fonseca e Valdir Barbosa, com ele próprio apitando em assuntos ligados ao futebol. O que se viu? temporada marcada por vexames, como a eliminação precoce na Copa do Brasil, a perda do Mineiro saindo nas semis pro América e um campeonato brasileiro de oscilações – além dos fatores extracampo, como salários atrasados, carta aberta dos jogadores ao presidente e desentendimento com treinadores. As coisas começaram a melhorar quando, em março de 2012, Alexandre Mattos foi contratado e teve autonomia para aplicar sua gestão no futebol.

ALEXANDRE MATTOS, O COMPETENTE

Com Mattos a frente do Cruzeiro, o time que saía de sua pior crise, brilhou. Foram dois títulos nacionais consecutivos (os brasileiros de 2013 e 2014) e um estadual (2014). Os números chegam a ser impressionantes. Com Mattos, o Cruzeiro disputou 178 jogos e tem o incrível aproveitamento de 65% – são 105 vitórias, 33 empates e 40 derrotas. Carreira que fez Alexandre Mattos se destacar e trocar o Cruzeiro pelo Palmeiras, no início de 2015.

GILVAN, O CENTRALIZADOR… DE NOVO!

Não por coincidência, voltamos aos tempos sombrios. Gilvan, novamente, se tornou o mandatário central do futebol, dessa vez com Benecy e Valdir Barbosa como homens de confiança. Uma gestão péssima que se refletiu em campo, com o Cruzeiro eliminado da Libertadores e demitindo, de forma cruel, o técnico Marcelo Oliveira. Nesse momento, com os títulos recentes “cobrando a conta” e um rebaixamento se tornando algo cada vez mais real, Gilvan decidiu – obviamente mais por pressão popular e do conselho, do que por intuito próprio – montar uma nova direção de futebol. E foi aí que Bruno Vicintin assumiu o papel de homem forte.

BRUNO VICINTIN, ENTRE ERROS E ACERTOS

Em 2015, Bruno surgiu como o responsável por salvar o Cruzeiro do rebaixamento. Contratou o técnico Mano Menezes e numa ascensão meteórica, o time terminou o campeonato brasileiro em 8º. Bruno Vicintin não seguiu os passos de Alexandre Mattos e acabou por fazer um ano de 2016 com altos e baixos. Com a saída de Mano Menezes e a chegada de Paulo Bento, o clube saiu dos trilhos fazendo um primeiro semestre problemático, mas recuperando a situação já no segundo.

Mano Menezes que não teve sucesso na China, estava novamente no comando técnico do time e dessa vez com a promessa de continuar para um trabalho longevo e de frutos. Foi o que se viu em 2017. Vicintin, ao contrário de 2016, montou a sua equipe de trabalho, formada por Klauss e Tinga e fechou a gestão de Gilvan com o título da Copa do Brasil. Com Bruno Vicintin a frente do Cruzeiro, foram 145 jogos e um aproveitamento de 60% – 73 vitórias, 40 empates e 32 derrotas

E HOJE?

Ok, revisamos de forma superficial todos os anos de Gilvan. O que isso muda hoje? Gilvan deixou claro ao votar favorável ao empréstimo de que, sim, é um dos grandes responsáveis pela situação caótica de finanças que o clube vive hoje. Muito por conta dos seus desmandos enquanto decidiu centralizar o futebol pra si. A verdade é que os títulos marcam e podem mascarar que Gilvan poderia ter piorado ainda mais a situação do clube, não fosse as interferências profissionais que teve ao seu lado quando a coisa apertou. Se você desconsiderar o período em que Alexandre Mattos e Bruno Vicintin estiveram no comando do futebol, os números do Gilvan são terríveis: 69 jogos com um aproveitamento de 46% (!) – 28 vitórias, 16 empates e 24 derrotas.

O Cruzeiro, hoje, precisa de se organizar. Para isso, é preciso entender o contexto e cobrar, de forma veemente, para que novas gestões como a passada não se repitam. A cobrança não é maliciosa e não tem a ver com questões de “gosto” ou “oposição”. Tem a ver com a necessidade de que o clube não tenha que, mais uma vez, depender de intervenções “milagrosas” e “pontuais” para sair de situações complicadas como um possível rebaixamento. O que se cobra é mais profissionalismo e, principalmente, mais transparência. Gostem ou não, Wagner Pires de Sá é a continuação do trabalho de Gilvan, é o plano de situação que ganhou a eleição. Todo zelo pelo clube, sua história e seu patrimônio não é excesso.