
FOTO: BRUNO HADDAD / CRUZEIRO E.C.
É inegável que no futebol o item ambicionado é o gol. Não por acaso, afinal de contas é o que proporciona vitórias e títulos. Sendo assim, jogadores com esse dom custam caro. Muito caro. Gol é artigo de luxo, visto que na maioria das vezes vemos placares pouco dilatados, então é fundamental ter peças que aproveitem bem cada – rara – chance que aparece para garantir resultados. No Cruzeiro, paga-se caro por jogadores que, em tese, deveriam entregar muitos gols. Porém, eles estão cada vez mais rareados, tornando esse objetivo um verdadeiro parto. Já escrevi no Deus me Dibre sobre o tema e novamente entramos nesse assunto.
Seja pelo estilo de jogo defensivo outrora aplicado por Mano Menezes, a curta passagem do técnico Rogério Ceni ou a chegada de Abel Braga num momento conturbado de luta contra o rebaixamento, a verdade é que os jogadores de ataque do Cruzeiro estão devendo e muito. Não é possível culpar apenas os treinadores que passaram por aqui. Não é exagero dizer que em todos os nossos jogos perdemos, no mínimo, três chances claras de gol. Pelo menos agora paramos de perder como vinha ocorrendo e estamos invictos há 9 jogos, mas a sina continua. No campeonato, estamos a frente apenas de Fluminense, Avaí e Chapecoense no quesito finalizações para marcar um gol, com 16,1 conclusões para balançar às redes. Sim, o número é assustador e reflete bem nossa posição na tabela.
Evidente que tamanha seca passa pela ausência de decisão de quem deveria estar ali para garantir resultados. O homem gol, Frederico Chaves Guedes, no auge dos seus 35 anos e em claro declínio físico e técnico, não consegue dar sequência nas jogadas, vencer duelos contra os zagueiros e até mesmo em presença de área (seu forte), vem falhando. Nos últimos jogos, foram chances na pequena área contra Chapecoense, Corinthians e Bahia desperdiçadas. Quando marcou contra o Fluminense o VAR anulou injustamente. São apenas 5 gols no campeonato em 25 jogos, 3 de pênalti, e um jejum de 14 pelejas com a bola rolando. Em 2017, foi as redes 12 vezes nos 27 jogos que disputou pelo rival. Dois anos depois, vive outra realidade. Fred é apenas o 54º com mais finalizações no campeonato: 35 totais, 19 certas. Apesar do bom aproveitamento (54,3%) que configura 1 gol a cada 7 finalizações, foram somente dois sem pênaltis e, por jogo, uma média de 1,4 chutes, o que demonstra sua baixa participação. 389 minutos por gol. Com um dos maiores salários do elenco, não justifica o custo. Já Thiago Neves, artilheiro do time no Brasileiro com 6 tentos, é o jogador que mais finaliza do time e o 6º do campeonato, com 66 finalizações e aproveitamento de 38%. Precisa de 293 minutos pra marcar. David e Marquinhos Gabriel são um caso à parte, pois ambos acumulam 38 e 31 jogos de jejum, respectivamente. No Brasileiro, 27 e 22 jogos em branco. Robinho, o maestro que há tempos não conduz uma bela sinfonia, marcou apenas 1 vez em 21 partidas.
Quando analisamos que Dedé é o terceiro jogador com mais gols marcados pelo time no Campeonato (3) e o garoto Cacá possui a mesma quantidade de bolas na rede que Robinho, David e Marquinhos Gabriel juntos, notamos como o setor de meio e ataque é o que mais precisará de mudanças no próximo ano. Infelizmente, muitos jogadores estão em declínio técnico pela idade e outros são simplesmente limitados. Gol custa caro e não é fácil identificar no mercado grandes opções por um valor acessível. Necessita de um belo trabalho de scouting e até um pouco de sorte também. Apenas nosso setor de meio e ataque possui um custo muito maior do que a maioria dos clubes da Série A, mas nem sempre grife é sinal de qualidade. Perdemos muito dinheiro pela posição ruim na tabela e mais caro do que o gol é a falta dele.
#MeDibre