FOTO: BRUNO HADDAD/ FLICKR OFICIAL/ CRUZEIRO E.C.
Henrique representa uma década vitoriosa do Cruzeiro. Foram 10 títulos (6 mineiros, 2 Brasileiros, 2 Copas do Brasil), 516 jogos e oitavo jogador com mais jogos pelo Maior de Minas na história. Sua saída se deu num momento que nem ele e muito menos o torcedor celeste imaginaria presenciar: o rebaixamento inédito do clube a segunda divisão. Por esse motivo, parte da torcida nutriu uma mágoa que culminou no rótulo de “traidor” em relação ao volante de 34 anos. Em entrevista à ESPN Brasil, Henrique revelou os motivos que o fizeram deixar o Cruzeiro no início desse ano:
Foram muitos anos vividos em BH e no Cruzeiro, e vividos de forma intensa, de forma vitoriosa. Não foi uma decisão fácil a ser tomada. Mas eu via necessidade naquele momento, por mais que as circunstâncias diziam para eu ficar. Tem algo maior nisso, que é a questão mental, questão da pessoa. Muitas pessoas julgam e criticam sem saber os totais motivos. Era questão mais mental, de sentir um novo ar, dar uma respirada, tirar um pouco da carga que foi muito pesada.
O jogador teve seu contrato prorrogado com o Cruzeiro até o final de 2021 e parte dos seus vencimentos são divididos entre a Raposa e o Fluminense, com o clube carioca arcando com a maior parte. Em tese, o volante deve retornar a Minas Gerais no ano que vem ao fim do seu empréstimo com o tricolor das laranjeiras. Sobre ser considerado traidor, também apresentou sua versão e negou que tenha “abandonado o barco” no momento mais difícil, como alguns torcedores consideraram
Eu não me acho traidor, cada um sabe o motivo de querer sair. Eu não posso julgar a outra pessoa pelos motivos dela ter saído. Minha situação é totalmente diferente, eu saí, claro que pelo momento difícil, mas tem algo maior nisso tudo. As pessoas têm que entender isso, são questões mentais, de pensar além de um atleta. É um ser humano. O carinho que eu tenho pelo clube e pelo torcedor é muito grande.
Particularmente, não vejo como “traição” a escolha de Henrique em seguir para o Fluminense, mas sua movimentação após o rebaixamento e o cenário de terra arrasada vivida pelo Cruzeiro demonstrou que agiu por conveniência. O capitão aproveitou a fragilidade econômica para “mudar de ares” e não atravessar o percalço que será reerguer o clube e tirar o mesmo da Série B. Em tese, pode retornar quando estivermos novamente na Série A, pois ainda terá contrato. Evidentemente, assim como o volante sentiu a necessidade de mudanças, o torcedor também compreendeu que sua despedida de forma melancólica aconteceu no momento certo, pois precisávamos de renovação e dar oportunidade a jovens que despontam como boas promessas.