FOTO: DEUS ME DIBRE / GENTA
Escrito por @_otavioss
Quando Alex rescindiu com o Fenerbahce a estava voltando para o Brasil, houve uma completa comoção em Minas Gerais na expectativa de que o Cruzeiro fosse o destino. Teve (muita) gente na rua e tudo.
Até que ele se resolvesse pelo Coritiba, o Cruzeiro, bem como o Palmeiras, sempre estiveram na pauta.
Pelo Cruzeiro, ele teve duas passagens somando quase dois anos, dois títulos nacionais, dois estaduais e um ano do mais puro talento e futebol bem jogado possível.
Logo depois do retorno do Alex ao Brasil e quase 10 anos depois de sua saída, o Cruzeiro montou outro timaço, que talvez tenha feito até mais que o time de 2003. Dois títulos brasileiros, um estadual, recordes e um futebol tão bonito quanto por duas temporadas inteiras.
Alguns dos grandes craques desse período saíram, jogaram lá fora, ganharam dinheiro e voltaram para o Brasil. Nessa volta, não teve comoção nem gente na rua. Mesmo na imprensa, pouco ou nada (acho que nada) se falou de um possível retorno ao clube onde fizeram história.
Jogaram e fizeram (ou não) história em outros times por aqui e tudo bem. Ninguém é obrigado a ter identificação com ninguém. E essa é a questão: identificação.
As pessoas não foram pra rua pelo Alex só pelos títulos, gols, etc. Se fosse só isso, teriam ido outras vezes. As pessoas foram também pela identificação que têm com ele e, mais ainda, pela identificação que ele tem com o clube e torcida.
É lógico que quem ganhou dos brasileiros seguidos está marcado na história do clube pra sempre, mas se identificar e ser parte da torcida depois disso é outro papo.
O que Fabrício fez essa semana é esse o outro papo. Pegar a estrada com a família, por conta própria, e vir vem um jogo na arquibancada, no meio do povo, é demais. Ainda mais num jogo que não valia nada e na série B. Talvez seria mais fácil fazer isso pra comemorar título, né?
Fabrício esteve no clube justamente entre duas das mais vencedoras gerações da história (2003 e 2013) e fez parte de um time que só ficou no quase: quase campeão brasileiro, quase campeão da América e, ainda bem, quase rebaixado. Depois saiu e jogou em outros lugares.
Mas não é só sobre ganhar ou perder, nem sobre jogar a vida inteira num lugar só. É levar um pouco do clube pra vida, passar para os filhos e, vez outra, aparecer pelo Mineirão como um velho amigo fazendo uma visita.
Nesse últimos anos difíceis, Sóbis foi outro que construiu essa identificação. Tiveram os títulos, claro, mas teve também voltar para jogar uma série B e tem também a forma como deixou o Cruzeiro ser parte da vida e da família dele. Uma despedida com o Mineirão lotado não é nada mais do que ele merecia.
Ao longo dessa ultima década, teve gente que ganhou e não se identifica com o clube e teve gente que ganhou e escolheu não se identificar (e não quero nem falar o nome desses). Têm gente que vem e gente que vai o tempo todo.
É importante perceber quem se identifica, quem se considera parte da nossa gente, quem é tão cruzeirense quanto eu e você.
Valorizemos essas pessoas.
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