FOTO: REPRODUÇÃO / DIVULGAÇÃO CRUZEIRO E.C.
Há algum tempo, em um programa de esportes da praça local de Minas Gerais, pisei – e com gosto – na camisa do Boca Juniors. O contexto era Libertadores, quartas-de-final. Uma rivalidade histórica e acirrada pela tradição dos dois clubes. Minha atitude foi, indiscutível, um péssimo exemplo para os mais jovens. E hoje, passado tanto tempo desse episódio, o conselho que eu dou, principalmente pra garotada que curte futebol, é: deixem que só eu pise em camisas como a deles, ok?!
Desse episódio, surgiram os moralistas com suas falácias. “Absurdo”, “não representa a torcida do Cruzeiro”, “ultrajante”, etc. Sim, de fato eu não represento a torcida do Cruzeiro, eu me represento enquanto torcedor do Cruzeiro e respondo pelos meus atos – eu sei das minhas responsabilidades. Mas o que me impressionou nesse episódio é que até crítica de ex-jogador que nos bastidores era conhecido por sua falta de profissionalismo resolveu se posicionar. Tudo por conta de uma simbologia. A camisa do Boca foi tão defendida desse “ato hostil” que até “nota oficial de repúdio” o clube – no caso o Cruzeiro – emitiu.
Repito: eu não me incomodei uma vírgula com meu ato. E talvez eu faça o mesmo caso tenha uma nova oportunidade. Basta a camisa e o programa.
E porque eu revivi esse caso?! Porque agora vamos falar de INDIGNAÇÃO SELETIVA.
O ex-presidente de uma Torcida Organizada do Cruzeiro, Leandro Freitas – que eu me recuso a reconhecê-lo como diretor de marketing – enquanto funcionário do clube e no exercício de sua profissão, é protagonista de um dos episódios mais vexatórios que eu já fiquei sabendo em todo esse tempo que eu acompanho o clube. O fato aconteceu no clássico do último domingo (14) no Mineirão.
Como antecipou a equipe de reportagem do UOL, que também nos cedeu o boletim de ocorrência lavrado ainda dentro do estádio, Leandro agrediu uma vigilante, a senhora Renata Teixeira, além de ter cuspido em outro vigilante, o senhor Bruno Silva. Um terceiro funcionário,Erivaldo Xavier, foi também ouvido por presenciar toda a confusão e alegou que não é a primeira vez que Leandro se indispõe com os funcionários do estádio. O vídeo do momento em que Leandro foi conduzido junto ao Batalhão de Choque chegou a rodar nas redes sociais.
Vamos ao início do papo: eu não represento o Cruzeiro, não mesmo. Mas o senhor Leandro Feitas, enquanto funcionário e no exercício de sua profissão, representa. Como será a repercussão disso? Nós, enquanto nos propomos a fazer um jornalismo sério e transparente, estamos aqui noticiando o fato. Onde estão as críticas agora?
Em um momento onde a humanidade finalmente entendeu que as mulheres devem ser respeitadas e protegidas de qualquer forma de violência, vamos deixar de pautar essa agressão? E a atitude de cuspir na cara de uma outra pessoa? Ou ser reconhecido por constantemente causar confusões? Fico no aguardo do desenrolar dessa história, porque se o que aconteceu não repercutir e acarretar em atos de repúdio, eu não vou nem dizer que se trata de indignação seletiva e sim de falta de vergonha na cara!