Jardim faz análise, projeta sequência e destaca atuação coletiva: “Foi um jogo muito igual”

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O Cruzeiro mostrou mais uma vez que pode competir em alto nível no Campeonato Brasileiro. Em jogo equilibrado e de muita intensidade, a equipe comandada por Leonardo Jardim empatou por 0 a 0 com o Flamengo, na noite desta quinta-feira (2), no Maracanã, pela 26ª rodada da Série A. Mesmo enfrentando o líder do campeonato e jogando parte do segundo tempo com um jogador a menos, após a expulsão do lateral William, a Raposa teve personalidade e saiu de campo com um ponto valorizado.

Com o resultado, o Cruzeiro chegou a 51 pontos e segue firme na briga por uma vaga direta para a Libertadores, além de poder se permitir sonhar em continuar na briga pelo título do Brasileirão. Jardim elogiou a postura da equipe, destacou a estratégia adotada para neutralizar o Flamengo e ressaltou a evolução do time ao longo da temporada, mesmo diante de adversários com elencos mais caros e projetos mais consolidados.

“Eu acho que foi um jogo muito igual. Um jogo em que as duas equipes quiseram propor o jogo e as duas equipes tinham como objetivo jogar bem e conquistar os pontos em disputa. Não é por acaso que existe duas chances de gol pra cada lado, finalizações parecidas, um jogo muito igual. Era o que pretendíamos com o Cruzeiro, jogar em qualquer campo sempre com o mesmo compromisso, com o clube em termos de atitude, de empenho e qualidade quando tivermos a bola. Foi o que fizemos, respeitando o Flamengo, que é um clube gigante, em termos de elenco é possivelmente dos melhores da América do Sul. Mas lá dentro é 11 contra 11 e tivemos bem. Quando tivemos a bola jogamos e criamos dificuldades ao adversário.”

Durante a coletiva, Jardim abordou a diferença de investimento e tempo de trabalho entre o Cruzeiro e equipes como Flamengo e Palmeiras. O técnico destacou que a Raposa tem conseguido se manter competitiva por meio de organização tática e confiança nos atletas, fatores que, segundo ele, permitem enfrentar qualquer adversário de igual para igual.

“É trabalhando e acreditando no que são os nossos jogadores. Cada um com sua qualidade, trabalharmos em uma estratégia coletiva. Saber que quem joga no Cruzeiro tem que ter essa capacidade, em qualquer campo, não se pode diminuir em relação ao adversário. Pode não ganhar, porque o resultado não é o que as equipes pretendem. Mas em termos de compromisso e qualidade, temos que apresentar e foi o que os jogadores fizeram. Ganhamos 4 pontos do Flamengo e dificilmente outra equipe vai ganhar.”

Jardim também aproveitou para convocar a torcida para o próximo desafio, contra o Sport, no Mineirão, e ressaltou a importância de transformar o bom resultado no Maracanã em uma vitória em casa.

“Esse ponto só vai valer se no próximo domingo com o Sport tivermos capacidade de fazer 3 pontos. Agora faço um alerta aos nossos torcedores: os jogadores tem que começar a fazer a recuperação, gelo, para nos prepararmos. Temos a possibilidade de encher o estádio e os torcedores serem o 12º jogador e darem uma palavra de afirmação, de apoio. A gente vai apoiar o Cruzeiro, queremos um estádio cheio até o fim da temporada.”

Tática ajustada e jogo com um a menos

A estratégia inicial do Cruzeiro envolveu alterações no meio-campo com a ausência de Wanderson. A entrada de Matheus Henrique aconteceu para reforçar a circulação e dar mais controle ao time. A ideia era explorar o jogo interior e fazer o Flamengo se desorganizar defensivamente com trocas rápidas de lado. O plano funcionou bem até a metade do segundo tempo, quando William foi expulso, exigindo uma reorganização da equipe.

“Nós alteramos o dispositivo tático, passamos pra quase um 4-4-2 em losango, liberado o Matheus Pereira e o Kaio, o M. Henrique por dentro e o Christian a frente do Romero. É uma equipe com muito jogo interior e queríamos estar equilibrados sem a bola. E com a bola, ganhar a superioridade na circulação. O Flamengo é uma equipe que joga quase em 4-4-2 em linha e quando a equipe joga e circula a bola do lado pro outro, eles tem alguma dificuldade. Tivemos situações desse sentido que foram positivas. No fim queríamos arriscar, mas com a expulsão tivemos que equilibrar o jogo outra vez, mas mesmo com 10 acho que não seria merecido sair daqui com uma derrota.”

Estreia de Kauã Moraes e Fabrício Bruno na Seleção

O empate também marcou a estreia do jovem lateral Kauã Moraes pelo profissional. O garoto entrou nos minutos finais, em um momento de pressão, e recebeu elogios do técnico, que revelou acompanhar o atleta desde a base: “É um jovem jogador, nós seguimos, eu pessoalmente vi no sub-20 do Athletico contra o sub-20 do Cruzeiro e a partir daí fizemos um seguimento do que eu estava a desenvolver. Contratamos porque acreditamos nas suas potencialidades para o presente e para o futuro.”

Além disso, Jardim comentou sobre a convocação do zagueiro Fabrício Bruno para a Seleção Brasileira, destacando a regularidade do defensor na temporada: “A Seleção está atenta e vê a qualidade e a performance que o Fabrício está tendo nesta temporada. É justificada sua convocação.”

Planejamento para o novo calendário

Outro tema abordado pelo treinador foi a mudança no calendário do futebol brasileiro para 2026, divulgada nesta semana pela CBF. Para Jardim, a adequação ao modelo internacional é positiva e já está sendo considerada no planejamento do Cruzeiro.

“Eu acho que o futebol no Brasil está se adaptando ao que é a realidade de todos os campeonatos do mundo, Europa, Asia, que é ter um campeonato de primeira divisão ao longo do ano. Essa adaptação é boa, porque vamos ter um campeonato que começa em janeiro e acaba em dezembro, como em todos os países. A nuance são os estaduais, que vão ser jogados no meio da semana. As equipes que estão nas partes finais da Copa do Brasil tem que dar férias aos jogadores e treinar para começar no dia 11. Já estamos a planejar algumas ideias para jogar o estadual, mas sem prejudicar o planejamento da temporada de 2026, principalmente da Série A das competições internacionais.”

Vestiário: discurso direto e confiança

Antes da partida, Jardim revelou ter feito um discurso franco aos jogadores. O técnico pediu que a equipe tivesse coragem de jogar com a bola, mesmo no Maracanã, e lembrou a vitória no primeiro turno para reforçar a confiança do grupo.

“Foi muito fácil. Minha conversa foi franca, como eu sou. Eu disse aos jogadores que tínhamos que vir ao Maracanã jogar, porque o Flamengo não gosta de equipes que jogam. Essa semana só trabalhei, 90%, bola parada e situações com bola. Para que a equipe tivesse mais confiança de ter a bola e circular. Disse que mostraram a qualidade deles muitas vezes, ganhamos do Flamengo em casa e o jogo se faz dentro das quatro linhas. Acho que os jogadores interpretaram bem e mostraram rigor, intensidade, organização, mas com bola jogamos, para criar problemas com os adversários. Dei os parabéns e já os disse que esse ponto só tem significado se ganharmos o jogo contra o Sport. Isso é fundamental.”

Evolução na temporada

Por fim, Jardim comparou o desempenho do Cruzeiro nos dois confrontos contra o Flamengo no Brasileirão e destacou que a equipe tem mantido um padrão competitivo estável ao longo da temporada.

“O que mudou? Os jogadores foram mais ou menos os mesmos. Dos que jogaram no primeiro turno, talvez o Wanderson e o Fagner, agora jogou William e M. Henrique. O comportamento em termos de pressionar o adversário e organização, mesmo que num sistema diferente. De resto, a equipe tem conseguido manter um nível competitivo e qualitativo semelhante, aquilo que é nossa performance de uma forma mais ou menos equilibrada.”

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