
Nós – e aqui eu abro a exceção de falar não só por mim, mas por todos os que compõe a equipe do Deus Me Dibre – estamos profundamente consternados e tristes com o ocorrido hoje pela manhã no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, onde 10 jovens, sonhadores, possíveis e prováveis jogadores de futebol profissional, tiveram suas vidas ceifadas por um incêndio de grande proporção. No momento seguimos de luto, desejando toda força às vítimas, torcendo como nunca pela pronta recuperação dos feridos e desejando todo nosso amor às famílias envolvidas.
Enquanto portal de esportes, é tácito nossa preocupação em trazer notícias, opiniões e entretenimento. Mas hoje, infelizmente, nosso papel é o de lamentar primeiro. Enquanto as circunstâncias do incêndio não forem esclarecidas e os responsáveis sejam culpados, seguiremos cobrando. E cobrando para que não só responsabilizem pessoas, mas também para que todos os nossos clubes tirem desse fato uma lição: não tratem nossos garotos como mercadorias.
Se até o milionário Flamengo, com a maior torcida do Brasil, foi negligente ou no mínimo imprudente, não fica difícil imaginar a situação dos outros clubes. A base não é sucata. A base não é para o que “sobra” do profissional. Ali existem pessoas e sonhos, profissionais e apaixonados pelo que fazem.
Cabe também a nós da imprensa fazer nosso papel. Fiscalizar, cobrar e expor irregularidades. É difícil, mas é necessário. Não, não podemos fazer parte de um mundo onde as coisas são acobertadas por interesses terceiros. Existe uma responsabilidade, uma ética, um código a ser cumprido enquanto estamos no exercício dessa profissão tão nobre e tão essencial.
De experiência própria, posso falar de quando estive trabalhando por um mês na Toca da Raposa I, enquanto o time principal fazia uma excursão para o Estados Unidos. O que eu vivenciei ali, levarei para a vida toda: expectativa, sonhos, profissionais e jogadores que acreditam naquela essência básica do futebol, na magia, que veem ali uma oportunidade de melhorar sua vida e a vida de tantos outros que englobam esse mundo.
Vi também as coisas erradas, as condições precárias, o sucateamento, a falta de investimento e todos os demais obstáculos. Isso tudo em um clube gigante como o Cruzeiro. Imagino a situação em clubes menores, em clubes que trabalham dentro da realidade de um país de tanta desigualdade e que alimenta seus anseios no futebol.
Enfim, seguimos de luto por hoje. A partir daí, seguiremos de luta.
Futebol, cuide das nossas crianças. Você só existe porque elas ainda sonham. E pra sonhar é preciso estar vivo.
Essa coluna é uma homenagem a Christian Esmério, de 15 anos; Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, de 14 anos; Pablo Henrique da Silva Matos, de 14 anos; Bernardo Pisetta, de 15 anos; Vitor Isaias, de 15 anos; Samuel Thomas Rosa, 15 anos; Athila Paixão, 14 anos; Jorge Eduardo, 15 anos; Gedson Santos, 14 anos e Rykelmo de Souza Viana, 16 anos.
#ForçaFlamengo