
FOTO: IVAN SARTORI / SANTOS FC
Ganhar do Santos, na Vila Belmiro, é algo para poucos. De fato é um dos grandes feitos a se fazer no campeonato brasileiro. Uma derrota, fora de casa, para um time que tem um ótimo meio-de-campo com Soteldo e Sanchez, conta com um bom centroavante que é Eduardo Sasha e é treinado pelo diferenciado Sampaoli não é o fim do mundo. Mas o Cruzeiro consegue fazer até dessa possível narrativa, de algo simples a algo surreal.
Abrir o placar contra o Santos nessas condições deveriam ser duas vezes mais incentivador. Ver Éderson, Orejuela, Cacá e Fabrício Bruno deveria gerar mais motivação. Mas parece que pra cada novo jogador que sobe e tenta ajeitar as coisas no clube, um dos “experientes” segue o caminho oposto. Um ataque sem alma, sem raça e que desaprendeu a dar passes curtos, a se posicionar e receber bem, a achar espaços. Tudo isso sob a ótica de um técnico que nem queria mais treinar e assumiu uma posição de blindagem e não de estudioso, tático, empenhado.
A derrota pro Santos, um sonoro 4 a 1, pela 34ª rodada do campeonato brasileiro, expõe novamente todas as feridas de um clube abandonado, usurpado e com sérios problemas de cicatrização. A zona de rebaixamento segue perto, a chance da queda existe e é muito possível. A título de comparação, em 2011 o clube estava na mesma 16ª posição, com 37 pontos e um aproveitamento de 36,37% – hoje, são 36 pontos e 35,3% de aproveitamento. É pra cair. Se cair, não é por competência ou por luta, é porque outros conseguiram um desastre maior em campo (em campo, porque fora dele não há entre os grandes brasileiros clube com pior projeção externa e de bastidores que o Cruzeiro).
O que sobra, rodada a rodada, é a certeza de que os verdadeiros culpados não podem ser esquecidos e precisam, sempre que possível, serem nomeados: Wagner Pires de Sá, Itair Machado, Flávio Pena, Fabiano de Oliveira Costa, Sérgio Nonato, Leandro Freitas, Mano Menezes, Thiago Neves, Robinho e outros, além do próprio Zezé Perrella, que se colocou como salvador no vácuo criado por gente que realmente queria mudanças e acabou não fazendo nada de diferente.
Disse em meu twitter ao final do jogo e repito aqui: clubes gigantes na mesma situação, a essa altura, já tomariam decisões radicais, como o afastamento de boa parte do grupo, a ascensão de jogadores da base, jovens e comprometidos, a troca de comando técnico, a mudança de diretoria, etc. O Cruzeiro segue na contramão de tudo isso. Mantém uma estrutura composta por “sevandijas”, que influenciam em todas as áreas.
Seguimos acreditando, cada rodada menos, mas acreditando. Com a única certeza de que a torcida é a única que não tem nenhuma responsabilidade nesse cenário. E a única que pode reerguer o Cruzeiro.