
Foto: Cruzeiro E.C./FLICKR OFICIAL
O jogo contra o Goiás foi interessante pelo fato de Mano Menezes tentar algo novo em relação ao que sua equipe costuma apresentar. Geralmente se reclama bastante da morosidade dos treinadores brasileiros em tentar sair do senso comum. Bem, no caso do Cruzeiro, além dos 60% de posse bola e 20 finalizações – bem diferente do sufoco contra o Ceará – Mano parece apto a buscar novas maneiras da equipe encaixar seu jogo com as peças que possui. Vamos ver quais foram esses mecanismos.
No início do jogo era possível perceber que o posicionamento seria diferente. Orejuela marcava no campo de ataque como um meia pelo lado direito (ele que é lateral de origem). Com isso, Robinho passou a atuar por dentro, ao lado do Rodriguinho, mas com liberdade para se movimentar pelo campo. Este fenômeno possibilitou até ver o meia pelo lado esquerdo, algo pouco comum. Pela esquerda, Pedro Rocha era o ponta que dava amplitude e chegada a área juntamente com Egídio que também teve muita liberdade pra subir. Lucas Silva ficava encarregado de ser o volante a buscar a bola entre os zagueiros para dar início aos ataques.

Orejuela atuava como um ponta pelo lado direito, enquanto Robinho encostava para dar opção por dentro, com liberdade de circulação.
Essa “anarquia” precisava de compensações. Com Robinho por dentro, coube a Henrique atuar quase como um lateral direito de ofício, já que Orejuela precisaria de cobertura, sem deixar de ajudar na construção. Pra isso, Dedé também teve papel importante nesse mecanismo pois cobria o lado quando Henrique não chegava a tempo. O Goiás atacou bastante por ali com Michael no primeiro tempo.

Nos momentos de contra-ataque, era Dedé o responsável por cobrir o lado direito quando Henrique e Orejuela eram batidos. Riscos calculados durante o primeiro tempo.
O título do texto não foi por acaso. Acredito que essa “tentativa” de mudança tática na equipe tem muito a ver com a possível entrada de Thiago Neves para atuar ao lado de Rodriguinho. Ao sofrer o empate, Mano Menezes lançou o camisa 10 na vaga de Robinho e, com isso, manteve o lado direito de certa forma “desequilibrado” no momento defensivo, já que Thiago é canhoto e, naturalmente, tende a trabalhar por dentro ao entrar pela direita. Para equilibrar, Mano lançou Jadson, que também conseguiu subir ao ataque em alguns momentos.

Com Thiago e Rodriguinho em campo, Mano buscava mais controle e um suporte a Fred.
Mano foi contundente ao pedir que Thiago Neves ou Rodriguinho pisassem na área para auxiliar Fred. Os dois voltaram bastante para buscar bola no grande círculo e dar suporte principalmente pelo lado esquerdo, com David e Egídio. O segundo gol mostra um pouco do que podemos ganhar com os dois: a capacidade de ter dois meias que iniciam e terminam a construção ofensiva. Thiago e Rodriguinho iniciaram o ataque e, enquanto Rodriguinho foi pra área – e se beneficiou de Fred prendendo dois marcadores – Thiago seguiu pela esquerda, recebeu passe de David e tocou pra Egídio fazer o cruzamento do gol.

Fred prende dois marcadores, Rodriguinho aproveita o espaço e Thiago no auxílio da construção da jogada.
A tentativa de Mano Menezes é válida e mostra um treinador preocupado em tentar escalar o que temos de melhor saindo do senso comum. O jogo foi controlado e menos sofrido do que em relação ao último, mas os ajustes defensivos serão necessários para persistir nessa formação, principalmente pelo lado direito. Contra adversários mais fortes poderemos ter problemas. A pausa pra Copa América será importante para ajustar essas questões. O fundamental é: Mano está tentando encontrar uma forma de encaixar os dois juntos. Se não for possível, continuamos tendo ótimas opções pra mudar uma partida, como aconteceu nesse jogo.
#MeDibre