
São quatro temporadas e meia defendendo a camisa do Maior de Minas, somando 147 jogos. Nesse período, conquistou dois Mineiros, dois Brasileiros e duas Copas do Brasil. A passagem do zagueiro Manoel pelo Cruzeiro é marcada por títulos e seu nome está na história. Contudo, está cada vez mais claro que o ciclo do jogador está próximo do fim e uma mudança de ares seria positiva, principalmente, para retomada da sua carreira.
Manoel foi contratado em junho de 2014 após 5 anos atuando pelo profissional do Atlético Paranaense com bastante destaque e sendo capitão ainda jovem. Sua força física, velocidade e capacidade de antecipação faziam dele um dos zagueiros mais promissores do Brasil. Foram investidos 2,4 milhões de euros por 40% dos seus direitos econômicos, valor que representou na época o quarto maior despendido para aquisição de um defensor. Desde então, nunca foi exatamente um titular absoluto, alternando entre reserva e time titular. Seu ano mais produtivo foi em 2015, quando atuou em 48 (45 como titular) dos 64 jogos da equipe. A partir daí, conviveu com seguidas lesões que impediram uma maior continuidade.
Manoel |
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Ano | Jogos |
2014 | 17 |
2015 | 48 |
2016 | 29 |
2017 | 24 |
2018 |
19 |
Sondado pelo futebol turco entre 2016 e 2017, os negócios nunca avançaram e como mostra a tabela, seu número de jogos foi caindo gradativamente. Na atual temporada, o zagueiro não conseguiu performar na plenitude da sua capacidade, com atuações questionáveis em várias partidas. Um sinal claro, principalmente para um defensor da sua qualidade, que a falta de minutos vem comprometendo seu futebol. Com Dedé e Léo titulares absolutos, Murilo e Cacá como promessas vindas das categorias de base (o primeiro, inclusive, sendo titular e campeão do penta da Copa do Brasil ao lado do Léo), Gustavo Rissi treinando com os profissionais e, um pouco mais abaixo, o zagueiro Edu, de 18 anos, já sondado por equipes holandesas como o PSV e de contrato renovado por cinco temporadas, fica claro que a manutenção de um zagueiro com um dos salários mais altos do grupo acaba pesando, especialmente pela necessidade do clube em reduzir sua folha salarial para 2019.

Após um 2016 abaixo da crítica, Willian recuperou seu futebol buscando um novo desafio no Palmeiras. Hoje, está perto de ser campeão. (Washington Alves/Light Press)
A situação do Manoel me lembra em certo ponto a passagem do atacante Willian “Bigode” por Minas Gerais. Fundamental entre 2013 e 2014, viveu em 2015 seu último suspiro como expoente técnico da equipe. Em 2016, entrou numa má fase, ficando bem desgastado com o torcedor e a impressão passada era de estagnação dentro de um ambiente já insalubre para o jogador. O passo mais importante foi a mudança de ares, com sua ida para o Palmeiras envolvendo a permanência do meia Robinho. Lá, Willian reencontrou sua melhor forma e está próximo de tornar-se campeão Brasileiro.
Manoel é um profissional exemplar. Nunca houve uma reclação sequer, mesmo quando ele esteve no banco de reservas, nunca faltou aos treinamentos e mesmo quando esteve machucado sempre se dedicou ao máximo. Qualidade, sabemos que ele possui e no estágio que se encontra, aos 28 anos, ainda pode ser muito útil em vários clubes grandes da Série A, podendo ser envolvido em alguma troca interessante. Um exemplo claro é do atacante Bruno Henrique, do Santos, que também está em baixa e com uma idade similar, poderia fazer a diferença em outra equipe. Quem sabe não pode pintar um bom acordo para todas as partes envolvidas? Fica a dica.

Prejudicado por lesões e sonho antigo do Cruzeiro, Bruno Henrique poderia ser um boa moeda de troca junto ao zagueiro Manoel. Foto: Santos Futebol Clube
O importante para Cruzeiro e jogador é chegarem ao denominador comum. Manoel é sub-capitão da equipe, merece respeito e sua fase técnica irregular não é motivo para que seja tratado como descartável. Pela gratidão que possuo pelo atleta, torço pelo melhor entre ambas às partes e que um eventual novo ciclo seja benéfico para sua carreira. Deixo um pequeno texto da psicóloga Glória Hurtado para reflexão:
“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.”
Saudações celestes!
#MeDibre