FOTO: BRUNO HADDAD / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
A temporada 2020 do Cruzeiro foi marcada por instabilidade política, crise financeira e fracasso em campo. Com tantos problemas, o time não correspondeu no Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e, principalmente, Série B do Brasileiro, ficando apenas na 11ª colocação e distante do acesso. O planejamento foi bastante comprometido pela falta de critério em contratações e na escolha dos responsáveis pela pasta do futebol.
Das 11 contratações realizadas pelo Conselho Gestor, apenas dois terminaram o ano como titulares: o volante Machado e o zagueiro Ramon. O primeiro deixou o clube e retornou ao Grêmio após a Série B, mas a diretoria tenta o retorno. Marcelo Moreno, grande reforço da temporada, marcou apenas três gols em 32 jogos e tem um salário considerado alto. O restante deixou o clube ao longo da temporada: o lateral-esquerdo João Lucas, o meia Everton Felipe, o volante Jean, o meia Jhonata Robert, o zagueiro Marllon, além dos atacantes Angulo e Roberson.
A chegada de Sérgio Santos Rodrigues trouxe Deivid como seu braço direito. Ao todo, também foram 11 contratações. No entanto, o modus operandi seguiu igual: jogadores de Série A em baixa e indicações de treinadores. Enderson Moreira pediu o lateral-esquerdo Giovanni Palmieri, que após sete partidas foi afastado, o atacante Arthur Caíke e o meia Régis, que chegaram com expectativa mas também não fizeram boa Série B e deixaram o clube antes do fim da competição. O lateral-direito Daniel Guedes também foi um pedido do técnico, demitido antes de poder utilizá-lo. O mesmo atuou em apenas sete jogos e depois foi para o Goiás a pedido de Enderson, mas não atuou devido a um imbróglio contratual e retornou à Raposa. Segue com o futuro indefinido.
Ney Franco foi anunciado e também trouxe jogadores de sua confiança: Giovanni Piccolomo e Matheus Índio. O primeiro estreou com Felipão 78 dias após sua chegada, pois precisou de uma preparação física especial. Já o segundo sequer foi anunciado ou entrou em campo, sendo dispensado. A diretoria também optou em reintegrar atletas que deixaram o clube no início de 2020 e foram devolvidos: os atacantes Marquinhos Gabriel e Sassá, o volante Jadson, o lateral-esquerdo Patrick Brey e o zagueiro Manoel.
Somente Manoel teve um papel de destaque, sendo uma liderança técnica e anímica, terminando a Série B em alta e na seleção da competição. Seu contrato acaba em junho e a intenção do clube é renovar o vínculo. O atacante Sassá foi emprestado ao Marítimo-PT, Marquinhos Gabriel saiu após rescindir seu contrato, Patrick Brey fica livre em abril e deve sair, enquanto Jadson sinalizou vontade de permanecer, mas ainda tem futuro incerto.
Com André Mazzuco, estratégia no mercado mudou: Atletas jovens ou com bom rendimento na Série B
A estratégia de mercado do Cruzeiro na atual temporada sinaliza uma mudança significativa. Com a chegada de André Mazzuco, os alvos estão sendo atletas jovens ou com algum destaque na Série B. O primeiro reforço anunciado foi o volante Matheus Barbosa, de 26 anos. O jogador atuou pelo Cuiabá em 2020 e conquistou o acesso sendo um dos nomes de confiança de Marcelo Chamusca. Outros nomes engatilhados são do meia Marcinho, de 25 anos, destaque do Sampaio Corrêa, o lateral-esquerdo Alan Ruschel, de 31 anos, campeão pela Chapecoense, o atacante Felipe Augusto, de 28 anos, fez parte do elenco do América-MG (vice-campeão) e do volante Matheus Neris, 21 anos, livre no mercado após passagem pelo Figueirense. O zagueiro Eduardo Brock, 29 anos, atualmente no Ceará, também encaminha acerto com a Raposa. O jogador conquistou o acesso pelo Paraná em 2017, sendo capitão e atuando em 37 jogos como titular.
Cruzeiro caminha para o acerto com o 3º jogador que integrou a seleção Sofascore do campeonato.
Três dos cinco jogadores estiveram envolvidos em elencos que conquistaram o acesso e, com exceção de Felipe Augusto – que chega por indicação de Conceição – fizeram boa Série B. Além deles, também estão na mira o lateral-direito Paulo Henrique, de 24 anos, que liderou vários fundamentos da competição e terminou como melhor lateral-direito do torneio segundo o site de estatísticas e resultados Sofascore, e do atacante de velocidade Bruno José, de 22 anos, com bom rendimento no Brasil de Pelotas.
A falta de planejamento e desorganização ficou evidente ao longo de 2020. O ano está começando e o Cruzeiro precisa do acesso. A estratégia utilizada não é certeza de sucesso, mas sinaliza uma abordagem mais coerente com a realidade do clube, com pé no chão e critério no planejamento. Afinal, a tentativa por atletas em baixa ou somente porque o técnico solicitou, sem analisar histórico e rendimento recente, se mostraram ineficazes.