MURILO NÃO É O VILÃO

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FOTO: FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.

Ao mesmo tempo em que o campeonato estadual não pode servir de real parâmetro para medir o potencial de um time, é a única régua que nós temos para analisar um time e a partir daí tentar construir nossa base de argumentação. Se nele as vitórias podem enganar, o mesmo pode se dizer das derrotas e empates. As condições, como sempre, se repetem: campeonato defasado, com pouco público e pouca audiência, em estádios que não apresentam as melhores condições, muitas vezes servindo de testes e com esse calendário, servindo até de pré-temporada.

E até aqui, o que se nota é que o Cruzeiro não vem apresentando o melhor possível do seu futebol no começo da temporada. Os empates frequentes contra times de menor expressão, além da própria pressão da estreia na Libertadores, criaram um ambiente de nervosismo atual na torcida essa mesma torcida que começou o ano ainda em ritmo de festa ainda pelo título da Copa do Brasil e a manutenção do elenco mais as contratações, respectivamente os casos de Fred e Rodriguinho.

Sobre o empate de ontem, contra a URT, você pode conferir o pós-jogo feito pelo Iron clicando aqui. Agora venho falar especificamente de Murilo e sobre como a ansiedade da torcida pode se tornar extremamente prejudicial nesse começo de temporada.

Murilo tem 21 anos e é cobrado como veterano. Merecidamente, diga-se. Aos 19 anos assumiu a condição de titular do Cruzeiro, em 2017, e foi um ótimo zagueiro num momento muito importante do time na temporada, com uma sequência grande de jogos pelo brasileiro e pelo mata-mata da Copa do Brasil. Ali, Murilo se mostrou confiável e chegou a ser tratado como jóia pela torcida. Até mesmo supostas propostas pelo jogador, vindas do futebol italiano, foram reveladas pelo vice-presidente de futebol Itair Machado.

Murilo não se firmou a partir daí, não tanto pela futebol que apresentou no início de 2018, mas sim pelo retorno de Dedé. Dedé é surreal e merece um capitulo a parte da história do Cruzeiro. É o mito e ponto. Com isso, Murilo se limitou a ser o banco e fez apenas 20 jogos em 2018. Desses 20, 10 foram só no campeonato mineiro. Por fim, em 2018, mais da metade dos jogos do Murilo se deram no primeiro trimestre do ano.

Tenho o entendimento que o que faz um bom zagueiro é posicionamento e velocidade. Características que são aperfeiçoadas com ritmo de jogo, sequência e entrosamento. Murilo não teve isso em 2018 e também não terá – se tudo ocorrer bem com Dedé e Léo – em 2019. Contar com ele é correr riscos. Riscos que eu acredito que estão sendo calculados por Mano Menezes.

Sigo acreditando que Murilo não é o vilão do jogo contra a URT e tampouco é um problema pra esse elenco. Um jogador de 21 anos que já mostrou ter um grande potencial precisa de críticas sim, mas de críticas que possam ser absorvidas e convertidas em crescimento. Precisa que seus erros sejam apontados, mas não que sua cabeça seja colocada a prêmio ou seu histórico em xeque por conta dessas falhas. Chegamos ao ponto em que muitos criticam o jogador pelo jogo que o mesmo irá fazer contra o Huracán, presumindo que em campo estará o Murilo de ontem e não o de 2017. E isso eu não consigo entender como pode ser proveitoso ou produtivo.

Enfim, reitero que Murilo não é o vilão! Pode ser um dos motivos para que melhores resultados não sejam construídos, mas colocar toda essa expectativa não cumprida de início de ano como culpa de apenas um jovem jogador não parece ser o melhor caminho para uma melhora significativa.

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