
Um debate surgiu durante e após a derrota do Cruzeiro para o São Paulo em relação ao comprometimento com clube e torcedor que paga ingresso para ir ao campo ver a equipe no Brasileiro. A atuação relaxada, apática e letárgica do Maior de Minas no Morumbi deixou a China Azul na bronca. Jogadores como Thiago Neves e Edílson fizeram uma partida abaixo da crítica. Pelo exposto, falta comprometimento? Na minha opinião, não.
Acontece que após a conquista de um título a equipe naturalmente perde seu ímpeto e o nível de concentração cai. Ainda assim, o time conseguiu 4 vitórias e 3 derrotas nos 7 jogos após o hexacampeonato, conquistando 12 de 21 pontos e totalizando 57,1% de aproveitamento. Contra os mesmos adversários no primeiro turno, somamos 10 de 21 pontos, totalizando 47,6% de aproveitamento. Após perder para o Atlético Paranaense, também surgiu esse questionamento em relação ao comprometimento e, sinceramente, os números mostram que o desempenho não ficou para trás, mesmo após uma conquista.
O torcedor precisa entender que, no futebol, o desgaste físico e emocional está diretamente relacionado ao desempenho dentro de campo e o nível de concentração é diferente para cada partida. Esse elenco mostra uma força mental acima da média para jogos de grande pressão, não por acaso conquistamos dois torneios consecutivos de mata-mata e poderíamos ter ido mais longe na Libertadores se o apito não tivesse impedido. O desempenho oscilante no Brasileiro decorre principalmente da opção de utilizar um time alternativo na maior parte do campeonato e a falta de qualidade técnica em posições cruciais – principalmente nas laterais e ataque – tornaram nossa classificação decepcionante. Jogando essa reta final fora de casa contra adversários que vislumbram classificação para Libertadores via G4 ou G6 (casos de Atlético Paranaense e São Paulo) é quase certeza de revés. Desrespeito ao torcedor seria, jogando em Belo Horizonte, não ter um mínimo esforço para vencer. E precisamos ser justos, tirando o jogo contra o Ceará, bem ou mal, o time venceu (Chapecoense, Paraná, América-MG e Corinthians).
Em 2013, o Cruzeiro conquistou matematicamente o tri campeonato na 34ª rodada após bater o Vitória por 3×1. Nas quatro rodadas seguintes, foram 2 empates (Ponte Preta e Flamengo) e 2 derrotas (Bahia e Vasco). Em 2014, conquistamos o tetra na 36ª rodada e nas duas partidas finais empatamos por 1×1 com a Chapecoense e superamos o Fluminense por 2×1. O Corinthians, campeão brasileiro do ano passado, sagrou-se vencedor na 35ª rodada e nas três partidas seguintes empatou com o Atlético-MG e perdeu para Flamengo e Sport. Voltando ao Cruzeiro, após conquista o penta da Copa do Brasil ainda restavam 13 rodadas no Brasileirão de 2017. A equipe venceu 4 partidas, empatou 5 e perdeu outras 4. Aproveitamento de 43,5% (inferior aos atuais 57,1%) e 17 pontos em 39. Ou seja, toda equipe que conquista um título apresenta posteriormente um relaxamento que na minha opinião é natural.
Nesses últimos três jogos, aproveitaria as duas partidas em sequência no Mineirão contra Vitória e Flamengo para testar jogadores que tiveram poucos minutos de se provar e reservas úteis como Éderson, Lucas Romero, Lucas Silva, Patrick Brey, Cacá, David e Fred que ainda possuem motivos para mostrarem serviço e não escalaria “titulares absolutos” como Edílson, Egídio, Henrique, Barcos e Thiago Neves. O torcedor tem todo direito de ficar chateado, mas entender o contexto é importante para não passar aborrecimento sem necessidade e canalizar sua energia para cobrar um planejamento que nos possibilite lutar por títulos novamente em 2019.
Foto de capa: Flickr Oficial/Cruzeiro Esporte Clube.
Saudações celestes!
#MeDibre