O Conselheiro do Cruzeiro, Sérgio Rodrigues, utilizou-se de um aplicativo de mensagens para externar sua opinião sobre a reunião marcada para dia 11 de fevereiro, pelo presidente do conselho deliberativo do Clube, Zezé Perrella.
Entramos em contato com o conselheiro e o mesmo confirmou que a nota é de sua autoria.
“Bom dia amigos Conselheiros e Cruzeirenses,
Já é de conhecimento de todos a convocação de uma reunião para o dia 11/2 para discutir questões financeiras do clube, sobretudo “autorizar concessão de garantia real de patrimônio para obter empréstimo” e “autorização para utilizar recursos obtidos no mercado financeiro”.
Infelizmente não poderei participar de tal reunião. Irei dia 1/2 para Portugal cursar meu Doutorado em Ciências Jurídicas e só retorno dia 24/2. Em razão disso, gostaria de compartilhar alguns pensamentos e deixar questionamentos, que serão, inclusive, protocolizados perante o Conselho do clube para que a resposta seja dada em reunião, pelo menos.
O primeiro ponto de reflexão é que somos todos Cruzeiro e amamos o clube, então, pelo menos de minha parte, não existe apoio ou não apoio a alguma gestão ou “oposição” como alguns gostam de dizer, mas sim concordância ou não com atos de gestão, que nada tem a ver com o resultado do time em campo. Nossas vitórias e títulos serão sempre comemorados com muita alegria, até porque, diferentemente de alguns que hoje comandam o clube, a maioria de nós, Cruzeirenses, frequenta o estádio desde pequeno, é Cruzeirense de berço, paga sócio torcedor há anos e contribui ativamente para o crescimento da nossa instituição.
Com base nessa premissa, é com muita preocupação que vemos o Cruzeiro ser manchete em jornais como devedor de grandes quantias, se desfazer da vitoriosa e tradicional equipe de atletismo por falta de recurso financeiro e ainda assim fazer contratações com altos salários, contratos longos e pagar altíssimos valores de bicho, inclusive para dirigentes, fugindo à prática do mercado.
Claro que o resultado de campo é importante! Sem dúvidas que nesse aspecto 2018 foi muito bom. Entretanto, creio que queremos um Clube para sempre, para os nossos filhos e netos, e não só para ganhar títulos. O Cruzeiro é muito mais que isso. Tem papel social, tem seus clubes, tem influência na vida de milhões.
Dessa forma que as deliberações da próxima reunião são muito importantes e precisam ser analisadas com calma por cada um. É certo ficar “pedalando” no mercado financeiro para garantir contratações e pagamento de bicho para dirigente?
É certo deixar que nosso patrimônio vire garantia de empréstimo para fazer contratações e pagar bicho para dirigente ?
Lembremos alguns clubes vitoriosos do Rio de Janeiro, por exemplo, que foram campeões Brasileiro e até da Libertadores, mas que, anos depois, sofreram as consequências do desequilíbrio financeiro e se afundaram, inclusive caindo para a série B.
A decisão do dia 11 pode ser ótima para ganhar título em 2019 e em 2020. Mas e em 2030? Como estaremos? Ganhamos 60 milhões de premiação pela Copa do Brasil e, ao que parece, não ajudou nada a situação financeira porque agora querem alienar nosso patrimônio… então só ganhar título não traz sustentabilidade.
Assim, fica o meu apelo pessoal, e acredito que de diversos Conselheiros que fazem contato preocupados com a situação financeira do clube, para que as decisões a serem tomadas dia 11/2 sejam muito bem pensadas.
Nós, torcedores legítimos do clube, repito, frequentadores dos jogos há anos, não podemos permitir que a captação desenfreada de recursos para ganhar título acabem com nosso clube.
Várias gestões anteriores mostraram que é mais que possível ser Campeão com responsabilidade financeira; ser campeão sem entregar o patrimônio do clube; ser campeão sem pagar juros astronômicos e “rolar divida”; e mais do que isso, fazer um time Campeão por amor ao clube, sem ser remunerado por isso; sem salário e sem pagamento de bicho; por puro amor.
Sejamos conscientes.
Um abraço,
Sérgio Santos Rodrigues”