
FOTOS: DUDU MACEDO/FOTO ARENA / VINNICIUS SILVA/CRUZEIRO
O Cruzeiro informou em seu site oficial nessa terça-feira que recebeu duas ordens finais de pagamentos da FIFA em processos relacionados as contratações de Rafael Sobis e Pedro Rocha. Juntas, as dívidas superam os R$ 14 milhões. Contudo, o clube não corre risco de perder pontos ou de ser rebaixado na Série B do Campeonato Brasileiro. Como é possível notar, são dívidas adquiridas desde a gestão Gilvan de Pinho Tavares e Wagner Pires de Sá, que além de não quitar o que já estava pendente, fez novos débitos.
O primeiro processo está relacionado a contratação do atacante ao Rafael Sobis, que pertencia ao Tigres-MEX e foi anunciado em junho de 2016. De três processos movidos pelos mexicanos, dois já tiveram condenação final. A notificação enviada ao clube consta data de pagamento para 15 de julho de 2020 no valor de USD 2.286.840 (R$ 11.785.001,26 na cotação dessa terça). O segundo é referente a ordem de pagamento do valor atualizado de 395.619 mil euros (R$ 2.311.611,92 na cotação desta terça) do empréstimo de Pedro Rocha, em 2019. O pagamento tem data de vencimento no dia 6 de agosto de 2020.
Em ambos os casos, as penalidades são o impedimento do registro de novos atletas. Além dos débitos de Rafael Sobis e Pedro Rocha (14 milhões), o Cruzeiro ainda tem a pagar no segundo semestre aproximadamente mais R$ 17,7 milhões distribuídos em:
• USD 1,15 milhão (R$ 6 milhões) ao Morelia-MEX pela contratação de Riascos;
• 1,15 milhão de euros (R$ 6,7 milhões) ao Defensor-URU pela contratação de Arrascaeta;
• R$ 5 milhões ao Al Wahda, dos Emirados Árabes, referentes ao empréstimo do volante Denílson (atraso que resultou na perda de seis pontos na Série B);
Essa soma total chega a R$ 31,7 milhões a serem pagos nos próximos meses. Também está em aberto R$ 4 milhões referentes a compra do zagueiro Kunty Caicedo junto ao Independiente Del Valle e a segunda parcela de aproximadamente 1 milhão de euros referente ao atacante Willian junto ao Zorya, da Ucrânia. Até o momento, contudo, não há prazo definido para o pagamento. Somados, chegam a R$ 9,8 milhões.
Somente na administração Gilvan de Pinho Tavares, o Cruzeiro soma uma dívida de aproximadamente R$ 41, 5 milhões a serem pagos nos próximos meses. Gilvan é conselheiro benemérito e faz parte da comissão que discutirá mudanças no estatuto. Ainda que em sua gestão não tenha sido apontado até hoje indícios de corrupção, fica claro sua incompetência administrativa. Se em campo conquistou vários títulos, fora dele colecionou calotes. Sua posição dentro do clube não será posta em discussão? Enquanto presidente, o mesmo não cometeu “falta de natureza grave”, conforme consta o inciso IV do artigo 18 do estatuto, o que seria motivo para de acordo com o parágrafo § 1.º do mesmo artigo resultar em perda do mandato? Como é possível que o mesmo integre uma comissão tão importante? Não faz sentido.
Quando falamos de Wagner Pires de Sá, a situação piora. Mandatário na pior gestão que já passou pelo Cruzeiro, sua administração está sob investigação do Ministério Público, onde apuram os seguintes crimes: falsificação de documentos/falsidade ideológica, apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro, conforme divulgação do mesmo órgão. Dentre vários absurdos, somam os valores do Pedro Rocha, centenas de processos trabalhistas na casa dos milhões e mais casos que preocupam, como dos atletas Rodriguinho e Dodô. O Pyramids, do Egito, cobra R$ 39 milhões. No caso de Dodô, o clube se comprometeu a pagar 300 mil euros a Sampdoria pelo empréstimo. As duas cobranças serão discutidas na FIFA. Em maio, o Conselho de Ética do Cruzeiro indicou a tendência de expulsão do mandatário e do seu 1° vice, Hermínio Lemos, do quadro de conselheiros. No entanto, resta a indefinição quanto a metodologia da expulsão, já que recentemente conselheiros inverteram por meio de liminar na Justiça expulsões do Conselho Deliberativo.
A nova gestão encabeçada por Sérgio Santos Rodrigues prega um novo Cruzeiro. Para que isso aconteça, questionamentos e fantasmas como esses precisam ser resolvidos. Quando dirigentes e conselheiros que lesaram o Cruzeiro serão efetivamente punidos? Enquanto a Justiça cuida do que lhe cabe, o clube, internamente, também precisa endurecer a luta contra más administrações e dirigentes incompetentes.