
FOTO: REPRODUÇÃO / TWITTER MINEIRÃO
Não seria surpresa uma desclassificação na noite desta terça-feira. Diante do que vem jogando nas últimas partidas, pela qualidade do futebol apresentado somado a uma postura defensiva, reativa e que em nada condiz com a história do Cruzeiro – e com o investimento feito nesse elenco – a torcida do Cruzeiro contava com o fator diferencial dos últimos anos de conquistas: jogadas individuais de seus melhores jogadores técnicos, como Dedé (um monstro na noite de hoje!) e Fábio. Mas não foi dessa vez. O empate em 0 a 0 e a derrota por 4 a 2 nos pênaltis eliminou o time celeste da Libertadores 2019.
O Cruzeiro, que não marca gols há 627 minutos (41 minutos mais 6 jogos inteiros com acréscimos) precisava de superar suas próprias deficiências. Não é coincidência e nem acaso. Um time que abdica de atacar, dificilmente marca gols. E a tônica do primeiro tempo foi essa, um River Plate seguro, com posse de bola e buscando o ataque, esbarrando sempre numa defesa bem postada.
Pro segundo tempo, Robinho mudou o panorama e o Cruzeiro conseguiu se impôr. Foi competitivo, atacou com mais qualidade e se expôs, chegando a acuar os argentinos no campo de defesa. Mas ter essa postura por 30 ou 40 minutos apenas não é suficiente para buscar uma Libertadores, principalmente diante do atual campeão, o time a ser batido. Para Mano Menezes, levar o time aos pênaltis é o entendimento de “vitória parcial”, mas hoje não teve um Fábio inspirado.
Henrique errou o pênalti inicial, mas longe de merecer ser crucificado por isso. Ao contrário de David, que sentiu o peso da perna diante do grande goleiro que é Armani, displicente, sem confiança e responsável por um dos piores pênaltis que já vi alguém bater em toda minha vida consciente. David mostra em campo e em suas decisões que não é o “isso tudo” que disseram quando foi contratado. Mas acredito que o time tenha treinado (e muito, conhecendo Mano Menezes!) para uma possível disputa de pênaltis, então a escolha dos batedores não pode ser questionada a priori.
É possível ver pontos positivos sim. Além da partida monstruosa do Dedé, já citado, Orejuela, por exemplo, foi um guerreiro atacando e recompondo a marcação. Robinho, também já dito aqui, entrou no segundo tempo, deu mais dinâmica pro time e fez o Cruzeiro crescer. De negativo, além da óbvia eliminação, a péssima partida de Egídio que quase comprometeu e não foi eficiente no ataque.
O Cruzeiro sai da Liberadores de pé, com certeza. Mas isso é pouco. Agora é preciso focar, enfrentar os números, os adversários e as críticas com a mesma postura que teve hoje durante o segundo tempo. Uma vitória nos últimos 16 jogos. Clássico, semifinais de Copa do Brasil e a briga contra a zona de rebaixamento. O caminho das glórias não pode ser feito sem antes enfrentar os percalços da turbulência.
E é preciso sempre lembrar que a culpa da comissão técnica e dos jogadores é também a culpa da diretoria omissa, que se esconde em falácias e prefere sempre atribuir suas responsabilidades a terceiros. O cenário dos bastidores seguem conturbados e o Cruzeiro segue vítima de pessoas incapacitadas em cargos estratégicos – já disse isso aqui e volto a repetir, não é coincidência que as coisas ruins piorem ainda mais.