FALA TORCEDOR: O Cruzeiro não será um time campeão nos próximos anos. E precisamos lidar com isso

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FOTO: VINNICIUS SILVA / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.

O torcedor poderá ficar bravo com o título do presente texto. Apesar de tê-lo escrito, eu também fico, confesso. Mas a culpa não é de quem escreve, caro leitor, mas da última diretoria, assim como o do respectivo conselho, que deixou nosso clube à beira da falência.

A bem da verdade, tudo no futebol é uma mera questão de probabilidade. Obviamente, quando dizemos que uma equipe não será campeã, é porque é improvável (e somente isso) que esse evento ocorra. Felizmente, na história do futebol temos boas surpresas nesse aspecto, como o Once Caldas na Libertadores de 2004 e o Paulista, na Copa do Brasil em 2005, dentre outros.

Já que não é garantido que não ganharemos nenhum torneio, por que então falar nesse assunto? O que ganha o escritor ao tocar nessa ferida? O ponto, caro cruzeirense, é que precisamos ter o pé no chão para reequilibrar as finanças antes de montar um time para brigar com os favoritos. Felizmente, Sergio Santos Rodrigues parece ter essa noção – eu lamento até hoje que ele não tenha vencido a eleição contra Wagner. Reestruturar, modernizar, sanar o clube. O nosso lema será esse pelos próximos 5 ou 10 anos. Espero que não mais do que isso.

E quando se está pensando em sanar um clube, tem-se como primordial um superávit financeiro anual. Precisamos pagar as dívidas, e só ganhando mais do que gastamos isso será possível, ou o clube irá fechar as suas portas. O caminho é claro: a primeira meta é voltar para a Série A. Não interessa se em quarto lugar ou campeão. A meta é voltar, e provavelmente vamos sofrer pra conseguir isso, já que largamos 6 passos atrás de todas as outras equipes. O que alenta é que ainda assim temos um time que, no papel, é superior aos demais concorrentes. O América, com um time bem mais limitado e de orçamento muito menor, não conseguiu o acesso no ano anterior por um mero azar.

Voltando para a Série A, o orçamento aumenta. E muito. A verba televisiva é assustadoramente maior. Acontece que, mesmo assim, continuaremos com os fantasmas do passado. Os salários dos medalhões que não estão sendo pagos agora, deverão ser pagos a partir de abril do ano que vem, o que já compromete a receita de 2021. A fórmula, fatalmente, será novamente montar um time barato. Jogadores em baixa ou sem contrato, jovens promessas sem espaço nos seus clubes, e por aí vai…

Não desanime, caro torcedor. Eu não vou. Na verdade, enxergo uma bela luz nessa triste escuridão: a nossa categoria de base. Se não vimos praticamente nenhuma boa revelação nos últimos anos, os próximos serão de intensas buscas por novas promessas. Esses jovens são mais baratos, tem identificação com o clube e veem a bola como um prato de comida, ao contrário de jogadores de 2019 que nem precisamos citar. Assim, acredito no potencial de Maurício, Marco Antônio, Marcelo e cia. Se dermos espaço e tranquilidade para os jovens, poderão trazer frutos dentro de campo e fora dele. Esses jovens podem ser tornar os próximos Luisões, Ricardinhos e Ronaldos. Quem sabe?

O caminho é incerto, mas o amor cruzeirense é incondicional. Sairemos dessa.


O autor deste texto, enviado através do FALA TORCEDOR do DMD, é Guilherme Morais.

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