
FOTO: CRUZEIRO ESPORTE CLUBE / FLICKR OFICIAL
Talvez a origem de maior reclamação do cruzeirense na atualidade é a forma que ele enxerga o time jogar no Brasileiro. Desde “falta de vontade” ao já conhecido “futebol chato” praticado pelo esquadrão manista, sempre surgem as mesmas reclamações toda vez que o time entra em campo pelo torneio. Mas qual o motivo? Entramos realmente relaxados no Brasileiro ou é questão de estilo – tanto do técnico quanto do time – que realmente não combinam tanto com o modelo da competição?
Mano Menezes nunca foi um técnico de pontos corridos. Isso de primeira já precisa ficar claro. Ainda que o treinador possua dois títulos conquistados na Série B, na Série A seu melhor aproveitamento foi com o Grêmio, em 2006, quando conseguiu um 3º lugar. No ano seguinte, deixou o clube gaúcho na 6º colocação e assumiu o Corinthians. Pelo clube paulista, terminou em 10º em 2009, até por ter conquistado a Copa do Brasil, deixando o torneio nacional de lado. Após passagem pela seleção (2010-2012), teve um breve período no Flamengo (2013) e retornou ao Corinthians em 2014. Caiu nas semifinais da Copa do Brasil e terminou o Brasileiro em 4ª lugar, 11 pontos atrás do líder e campeão Cruzeiro. Em 2015, pegou o Cruzeiro em situação difícil no Brasileiro e fez ótima campanha no returno (3ª melhor). Foram 8 vitórias, 6 empates e apenas 2 derrotas. Em 2016, retornou ao clube e salvou a equipe do rebaixamento, tendo a 5ª melhor campanha do returno.
Começando um trabalho do início pelo Maior de Minas, Mano venceu a Copa do Brasil de 2017 e 2018. Mas com isso, o Brasileiro ficou em segundo plano. Em 2017, nossa melhor colocação foi a vice-liderança após bater o Grêmio em Porto Alegre e só. Terminamos na 5ª colocação. Em 2018 foi um pouco pior, com jogadores poupados em várias rodadas e reservas que não correspondiam, ficamos em 8º lugar. Sei que isso incomoda o cruzeirense, que quer sempre ganhar tudo. Mas até pelo perfil do nosso treinador, que perde pouco mas empata bastante, é difícil pensar em título nos pontos corridos. Porém, nas Copas a equipe vai bem. Desde 2016 chegamos pelo menos na semifinal da Copa do Brasil e temos boa perspectiva na Libertadores.
Na minha opinião o elenco atual tem um problema de foco para disputar o Brasileiro. O próprio Thiago Neves já admitiu que a possibilidade de recuperar pontos lá na frente acabam causando certo relaxamento. Não existe a mesma adrenalina do mata-mata, onde qualquer erro pode ser fatal e esse time consegue atuar num nível absurdo de concentração. Particularmente acho impossível uma equipe no Brasil conseguir brigar por três competições simultâneas. Por mais qualificado que seja o elenco – como é o nosso – o nível de desgaste mental é muito alto. Flamengo tentou fazer isso ano passado e não ganhou nada. Palmeiras usou uma equipe alternativa e com Felipão conseguiu chegar ao título, mas nos mata-mata foram eliminados.
Não por acaso, somente o Cruzeiro de 2003 conseguiu vencer Copa do Brasil e Brasileiro no mesmo ano. Todos os times no Brasil costumam relaxar após uma grande conquista. Acredito que o Mano poderia mesclar um pouco mais o time. Jogadores como Orejuela, Cacá, Fabrício Bruno, Jadson, David e Sassá poderiam ganhar mais espaço no Brasileiro e poupar alguns titulares pro mata-mata. Talvez assim consigamos uma melhor campanha, mas sinceramente acho difícil brigar pelo título. O foco claramente será os torneios de mata-mata. E vale lembrar, quem quer tudo acaba não conseguindo nada. Se temos um planejamento bem definido nas Copas, devemos segui-lo. No final, somente um pode ser campeão.
#MeDibre