O Cruzeiro não jogou bem. O primeiro tempo foi apático, uma equipe que estava concentrando seus ataques pelo lado esquerdo de forma insistente sobrecarregando o Egídio e tentando no Rafinha uma jogada de efeito que não aconteceu. Era óbvio que isso daria espaço para que o time xeneize buscasse o jogo por aquele lado e dali vieram as melhores chances do Boca e de todo primeiro tempo. 1 a 0 era placar justo ao apito final.
Na segunda etapa, a mudança se deu mais na postura e na confiança que na tática. O Cruzeiro começou melhor e apertou. Criou chances reais de gol. Numa delas, Dedé busca a bola para cabecear e acerta o goleiro que cai em campo com sinais claros de uma concussão.
A partida acabou aí, ao menos pra mim.
Passado o susto, o goleiro se levantou e mostrou ter condições de continuar. No momento de recomeçar a partida, muitos minutos depois do choque e do atendimento médico ao goleiro, o árbitro Eber Aquino foi chamado a consultar o VAR e de forma inacreditável mostrou o cartão vermelho para o Dedé – a primeira expulsão do zagueiro em suas 135 partidas pelo Cruzeiro.
No campo: um time apático, com um zagueiro a menos – seu principal jogador na partida até então – que acabou por levar um segundo gol e teve que se segurar, sem apresentar perigo.
Fora de campo: revolta. Raiva. O que o futebol me proporcionou hoje, tanto como torcedor como um profissional que trabalha diretamente com isso, não pode ser medido em palavras ou frases.
Nem mesmo o que conta a história de 74 com Armando Marques, nem mesmo o que eu presenciei com Sandro Meira Ricci em 2010. Eu nunca tinha visto algo tão sem lógica no futebol brasileiro. Ninguém entendeu. Nem eu, nem o Dedé, nem os jogadores de ambos os lados, nem toda a crônica esportiva, nem todo torcedor de futebol no mundo.
Um lance que pode custar toda uma temporada. Um planejamento. Pessoas trabalham e se dedicam para que as coisas aconteçam. Jogar mal é do futebol. Perder também. Perder de 1 ou 2 gols para o Boca Juniors na Bombonera não é algo surreal. E tampouco irreversível. Mas o que fica marcado nessa partida é um lance que interfere diretamente na seriedade e na idoneidade do esporte que está sendo praticado. Talvez o Cruzeiro empatasse. Talvez não e realmente tomasse o segundo gol – o que é pouco provável vide o histórico do Dedé em campo. O ponto é que não saberemos e morreremos com esse amargo gosto de que seria diferente de alguma forma.
A subserviência da Conmebol aos times argentinos e contra os times brasileiros extrapolou os limites durante essa Copa Libertadores. A utilização do VAR como instrumento de manipulação é algo a ser repreendido fortemente.
O que cabe ao Cruzeiro, agora, é buscar reverter a expulsão. Precisamos do “mito” em campo por uma questão de justiça.
O resto, pode deixar com a torcida. Se outrora a sensação era de impunidade e impotência, agora isso será o combustível para uma motivação na busca pra fazer o melhor jogo da sua gloriosa história no dia 4 de outubro.
Foto de capa: Pedro Vale/Instagram (@pedrovalefoto)