
FOTO: REPRODUÇÃO / VÍDEO INTERNET
Para aquele que acompanha, torce e faz desse esporte mais do que um simples entretenimento, futebol é parte da vida. Muitos já nascem com essa paixão, herdada. Outros adquirem com o tempo, jogo após jogo. É pra muitos um relacionamento, com momentos felizes e tristes, glórias e desafios intransponíveis. Enfim, para o torcedor, o futebol é algo capaz de mudar o humor e aflorar sentimentos, alguns bonitos e outros não tanto.
Do outro lado da ponta, temos aqueles que trabalham com futebol. Aqueles que precisam de fazer uso da razão, de sobrepor as emoções. Esse, entre outros, são os jogadores. Jogadores não precisam amar o clube, nem se emocionar com sua história, ou criar vínculo algum com qualquer torcedor. Jogadores precisam de entregar um bom trabalho. E recebem bem pra isso, o mercado do futebol é supervalorizado e algo totalmente fora do contexto da sociedade – no mundo tudo!
Isso é uma visão resumida do que é o futebol em alguns aspectos específicos. Mas foi importante contextualizar isso, pra falar sobre o caso recente em que Dedé e alguns outros jogadores foram cobrados em uma festa privada por membros de uma torcida organizada. Antes de tudo, é importante ressaltar que independentemente de ser jogador, Dedé e os outros tem uma vida social, assim como eu e você, um direito garantido. Não compactuamos com o ato, cobrar do jogador em momento fora de contexto é um grande tiro no pé e o jogador tem todo direito de não gostar. Não é certo extrapolar.
Mas isso seria em um mundo ideal, onde não vivemos. O futebol parece ser regido, infelizmente, “a parte” da sociedade normal. As paixões extrapolam os limites e isso é muitas vezes tratado como algo normal e gera muitos questionamentos. No caso do Dedé, ficam as pergunta: O que eles realmente esperavam indo “atrapalhar” um momento de lazer dos atletas? quem avisou a esses torcedores sobre uma festa privada envolvendo jogadores?
É claro que ver os principais responsáveis por salvar o Cruzeiro da maior tragédia da sua história, rindo e bebendo, dançando e cantando com alegria, gera desconforto nos torcedores. Mas só exemplifica como funciona essa relação: o torcedor ama, o jogador trabalha. E mesmo que esse trabalho não venha sendo bem feito – o Cruzeiro está há 1 ponto da zona de rebaixamento – cobrar por “paixão” não faz sentido. O que eu entendo ser passível de questionamento aqui é a falta de “bom senso”. O jogador tem direito a diversão, óbvio, mas sabendo da situação preocupante e da falta de tato do torcedor em lidar com isso, talvez fazer grandes festas – principalmente em locais acessíveis pra torcida – não seja uma boa ideia.
Aí entra também o papel do dirigente. Zezé Perrella disse logo em sua primeira coletiva como “homem forte” que não ia tolerar “jogador na noite”. Bom, os jogadores estão na noite. Essa não foi a primeira vez e dificilmente será a última. O Perrella de algum tempo atrás até poderia ter essa moral, mas o “salvador” só entrou fazendo parte do jogo, não mudou as peças, apenas colocou a sua própria no tabuleiro. Zezé não teve condições de fazer as mudanças necessárias, abdicou de fazer uma mudança para se submeter a essa “volta ao poder” que não lhe deu nem moral. E hoje é tão refém dos conselheiros e dos diretores incompetentes quanto o clube, mesmo tentando colocar banca de “homem forte”.
Enquanto tudo isso acontece, o Cruzeiro segue tentando se salvar da série B, mesmo sem parecer que é a grande prioridade dos envolvidos.