
Foto de capa: Marcos Ribolli
Sim, era possível piorar. Com a derrota do Ceará para o Vasco da Gama, o Cruzeiro ocupa atualmente o 17º lugar do Brasileiro e passará a pausa pra Copa América na zona de rebaixamento. A pergunta que fica é: Vale demitir o técnico Mano Menezes com os comandantes do nosso futebol sendo Wagner Pires, Sérgio Nonato e Itair Machado? Sinceramente, é enxugar gelo.
É claro que o trabalho do treinador é péssimo. Não há outro adjetivo. Temos a segunda folha mais cara do Brasil (palavras do próprio vice-presidente de futebol) no valor R$ 12 milhões/mês e aproveitamento de rebaixado. É simplesmente inadmissível. Esse começo terrível cobrará seu preço lá na frente quando voltarmos tendo Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro para disputar. Como poupar sem gordura acumulada e no Z4? Vergonhoso.
O principal problema está na defesa. E aí que o trabalho do Mano fica ainda mais em xeque. Sua especialidade sempre foi montar times organizados, que fazem – e sofrem – poucos gols, mas são efetivos. O Cruzeiro perdeu essa identidade. Nossa defesa virou uma peneira, nosso ataque até cria, mas acaba sendo incompetente para marcar gols. Analisando os números, temos a segunda pior defesa do campeonato, com 16 gols sofridos (média de 1.8 por jogo). Nosso ataque marcou apenas 9 (média de 1 por jogo). Mesmo sendo a 10ª equipe em finalizações (104), temos apenas 41% de aproveitamento nas finalizações certas. Dessa forma, precisamos de 13 finalizações pra marcar um gol. Ou seja, além de falhar demais lá atrás, falta capricho no acabamento.

15 milhões de reais, início fulminante e queda arrasadora. Essa é a passagem de Rodriguinho até o momento com a camisa azul celeste. Foto: Douglas Magno/BP Filmes
Jogadores experientes e caros estão rendendo abaixo do aceitável. Thiago Neves até apresentou algum futebol, sendo o principal finalizador do time (18) e o artilheiro com 3 gols em 8 jogos. Do resto, todo o ataque está devendo. David, Marquinhos Gabriel, Raniel, Sassá (1) e Rodriguinho (1) estão abaixo do que podem oferecer. Fred segue há 9 jogos sem marcar e afastado por lesão (provavelmente ansioso em voltar pro Fluminense). Edílson aparece mais envolvido em confusão do que jogando futebol, e até mesmo Dedé e Léo, pilares outrora, estão oscilando.
Apesar dos números mostrarem um time que cria, a apatia assusta. Os volantes são velhos e não conseguem fazer uma transição rápida nem proteger a última linha. O futebol é burocrático, falta ideias, intensidade e inspiração. A insistência em jogar pelo meio, utilizando poucas triangulações e jogadas em profundidade deixam o time previsível. Tudo isso com um treinador há 3 anos no cargo que não consegue ter um padrão tático ofensivo bem definido.
Quando tantos jogadores estão mal é notório que o problema é coletivo. Ainda que Mano esteja garantido no cargo, a folga de 11 dias é desproporcional. Como os jogadores vão voltar fisicamente? Vão se cuidar nas férias? Com tantos veteranos, o tempo de descanso deveria ser reduzido. Nenhum time folgará tanto tempo igual ao nosso. A impressão é que estamos à deriva, com quem comanda mais preocupado com as páginas policiais e articulação política e menos com futebol. Sabem o Lucas Silva? Vai sair. Sequer tentaram sua permanência.
Não venham com o papo de que “o foco está nas Copas”. Hoje, nosso objetivo é, primeiramente, sair da zona de rebaixamento. Parabéns aos envolvidos.
#MeDibre